“No loss November” escrevia Devin Booker, após um mês perfeito para os atuais (ninguém diria, tendo em conta a atenção que lhes é dada) campeões do Oeste. Os Kings foram a última equipa a ganhar aos Suns, na noite de 28 de outubro, quando o game-winner de Harrison Barnes chocou Phoenix. Desde aí, a turma de Monty Williams foi despachando adversários, um atrás do outro.
No momento em que escrevo este texto, os Suns são a 4.ª equipa em termos de pontos marcados e a 7.ª em pontos sofridos, ocupando também o 4.º lugar em assistências e roubos de bola. Mais, a equipa de Phoenix é primeira em eficácia de lançamento e quarta em pace. O que ajuda a explicar o estilo de basquetebol praticado: rápido, agressivo defensivamente e procurando o melhor lançamento ofensivamente. Convido-vos a vir perceber o que faz destes Suns uma equipa tão interessante e tão dominadora.
Bloqueio Direto Ofensivo
O bloqueio direto é parte integral e decisiva em qualquer esquema ofensivo na NBA hoje em dia e os Suns são dos melhores executantes. O princípio é simples: espaço. No momento do bloqueio direto, ambos os cantos ocupados, terceiro jogador longe da bola (e por vezes até longe da linha de 3), bloqueio e corte rápido para ocupar a defesa.
A equipa de Phoenix é terceira na NBA em percentagem de lançamentos do canto e quarta perto na área restritiva e muito o deve aos bloqueios diretos. São também quintos em percentagem de lançamentos de meia-distância, com Chris Paul como ator principal. A manipulação do bloqueio direto só melhorou com a idade e CP3 fez disso uma arte para ver e rever.
Transição Ofensiva
Como referi acima, os Suns são a quarta equipa mais rápida da NBA. Sempre que é possível, os Suns aceleram e procuram o lançamento enquanto o adversário procura ajustar marcações. Mal conseguem o ressalto ou o roubo de bola, os corredores laterais são ocupados e o jogador com bola acelera o jogo, criando cestos fáceis ou, no mínimo, situações de vantagem contra uma defesa em recuperação.
Saída de bloqueios
Devin Booker é o principal beneficiário neste caso. Várias vezes os Suns procuram as saídas de Booker fora da bola para receber e ler a jogada para encontrar um caminho para o cesto ou um lançamento de meia-distância. A capacidade desequilibradora com bola do basefaz o resto do trabalho.
Leitura do poste
DeAndre Ayton é 5.º em pontos no pintado por jogo e 3.º na percentagem de pontos que acontecem no pintado (McGee é 4.º). O trabalho dos postes dos Suns é “simples” e cada jogador sabe o que fazer. Bloquear e rodar para o cesto ou surgir em corte em direção ao cesto, aparecendo no espaço vazio. As ferramentas físicas e a leitura de jogo da primeira escolha do draft de 2018 são elite e permitem-lhe encontrar soluções constantes para fazer pontos.
Defesa ao Bloqueio Direto
Os Suns são a segunda equipa com o melhor Defensive Rating, atrás apenas dos Warriors, com vários jogadores capazes nesse lado do campo. Em termos de defesa ao bloqueio direto, métodos simples novamente. Se o bloqueio envolve o jogador defendido por Ayton e McGee, defesa em drop e passagem por cima do bloqueio. Se envolve qualquer dos outros jogadores, troca. Bridges e Crowder normalmente responsáveis pelos ball-handlers e os bases atentos fora da bola. O pintado está sempre fechado à penetração.
Defesa das linhas de passe
Ter jogadores inteligentes e/ou com capacidades físicas fora do normal colocam sempre as equipas mais perto do sucesso e os Suns têm-nos aos molhos. A defesa agressiva na bola leva a decisões precipitadas e os bases/extremos (especialmente Paul e Bridges) estão sempre à espreita. Chris Paul é mesmo terceiro na NBA em roubos de bola, com 2.1 por jogo.
Resolução de desvantagens defensivas/presença no pintado
Uma desvantagem raramente é mesmo uma desvantagem para os Suns defensivamente. Há mobilidade e entreajuda suficientes para resolver consistentemente os problemas causados pelos ataques opostos. A agressividade e a forma “ofensiva” com que os Suns defendem levam a erros e, o que inicialmente seria uma desvantagem, torna-se muitas vezes em mais uma transição ou numa situação controlada por Phoenix.
E então qual é o grande segredo dos Suns para tamanha série de vitórias? Na minha opinião, simplesmente, as peças encaixam. O plantel é incrivelmente bem construído, todas as posições têm profundidade e cada jogador tem papéis bem definidos.
Paul e Booker são os criadores e aqueles que conseguem aguentar a equipa quando o ataque não funciona, sendo que Monty Williams tenta ter sempre um dos dois em campo. Payton e Payne são claros positivos quando inseridos em campo. Ayton é um dos postes mais dominadores da liga e McGee oferece energia quando Ayton senta. Crowder e Bridges são estandartes defensivos, com capacidades extraordinárias e únicas, oferecendo também eficiência no tiro exterior do outro lado, tal como Cam Johnson.
Depois da viagem às finais em 2021, é obviamente de esperar nova campanha longa nos playoffs para a equipa do Arizona. Os sinais são muito encorajadores e o trabalho de Monty Williams é excecional, mais uma vez. Uma das equipas mais interessantes para seguir em toda a NBA, que vai provando que a temporada passada não foi um acaso.
por ANTÓNIO DIAS [@antoniodias_pt]