Jalen Brunson, opção A e B

por abr 29, 2022

Pela primeira vez desde a noite de 12 de junho de 2011, os Dallas Mavericks ganharam uma série de playoffs da NBA. Os Mavs ganharam finalmente, muito devido à mestria do seu base Luka Doncic, mas talvez mais do que isso, devido à capacidade de transformação de Jalen Brunson Com Luka de fora nos primeiros três jogos, Brunson não só aguentou o barco até à chegada do esloveno, como até deu vantagem à turma de Dallas.

Aos 25 anos de idade, Jalen Brunson está melhor do que nunca, preparando-se para atacar os playoffs como um valor seguro, antes de se tornar free agent. E depois de 27.8 pontos, 4.8 ressaltos e 4.2 assistências na série frente aos Jazz, lançando 48.4% do campo e 36.4% de 3 pontos, será difícil ver alguma opção que não seja os Mavericks oferecerem o salário que Brunson pede (80 milhões/4 anos segundo Marc Stein). Mas caso os Mavericks não queiram abrir os cordões à bolsa, os Knicks, Pacers e Pistons estão interessados, segundo o mesmo Marc Stein. Quatro equipas, contando com Dallas, que ofereceriam estilos diferentes a Brunson, mas onde ele obviamente se adaptaria, tendo em conta a capacidade para jogar com bola ou fora da bola.

Nos três jogos sem Doncic, é imediatamente notório quem assumiu o papel de portador da bola. A diferença no número de posses em que jogou um contra um ou bloqueio direto com Luka e sem Luka é muito grande, sendo que Brunson assumiu muito bem a batuta, nos bloqueios diretos, em termos de eficácia enquanto não houve Doncic. Por outro lado, os números subiram nas posses após receção (catch and shoot e catch and drive) quando Doncic voltou, explicado pelo tipo de ataque usado pelos Mavericks de Jason Kidd, centrado no esloveno.

Jalen Brunson como portador de bola primário (sem Luka)

Brunson foi capaz de mostrar a sua capacidade de criação sem Luka Doncic em campo, especialmente a partir do segundo jogo da série. Em situações de 1×1, Brunson procurava o mismatch e usava o seu rápido drible e proximidade ao chão para conseguir o seu lançamento, muitas das vezes com quatro atiradores à sua volta. É também importante reparar que o jogador dos Mavs manteve a possibilidade de criar depois do regresso de Luka, especialmente quando este se sentava, sendo que a sua eficácia até subiu ligeiramente.

Brunson é cada vez mais um mestre do bloqueio direto, um pouco à imagem do também produto de Villanova, Kyle Lowry. Tanto que a eficácia foi maior com mais repetições. A partir do bloqueio direto, Brunson consegue parar da linha de 3, optar pelo lançamento de meia distância ou ir até debaixo do cesto com floaters e teardrops. Um jogador completo, que deu problemas constantes aos Jazz em qualquer tipo de cobertura defensiva.

Algo que foi pouco usado, mas ainda assim envolveu Brunson por vezes antes do regresso de Doncic, foi o handoff. Com os colegas espaçados e obrigando a defesa dos Jazz a comunicar (algo que claramente lhes faz falta), Brunson foi capaz de ler e atacar de acordo com o que a defesa lhe dava, sem nunca forçar.

Jalen Brunson como portador de bola secundário (com Luka)

Com Doncic em campo, logo o papel de Jalen mudou. O base dos Mavericks tinha mais bola quando Doncic ia ao banco descansar, mas foi muito mais um jogador fora da bola quando emparelhado com o esloveno. E não sendo um atirador de elite, Brunson obriga sempre a defesa a tomar decisões difíceis quando está em campo, porque é sempre capaz de acertar o lançamento exterior. Especialmente jogando com um talento que puxa tanta atenção para si como Luka.

Jalen Brunson é especialmente bom a atacar closeouts, o que é magnificado pela presença de Luka em campo. Como o próprio vídeo mostra, o campo abria-se completamente para o ataque de Brunson, mostrando que o base é bem capaz de explorar os buracos na defesa e aproveitar a presença de um criador primário em campo.

Neste momento, o foco de Brunson está num sítio e um sítio apenas: Dallas. A equipa dos Mavericks está de regresso à 2.ª ronda onze anos depois e enfrenta os favoritos Phoenix Suns. Mas o verão também será de decisões para Brunson. Os Mavericks deverão fazer de tudo para manter o jogador que explodiu este ano, mas ser o braço direito de Luka não é fácil. Em caso da proposta de Dallas não ser interessante, os Pistons oferecem o mesmo papel (secundário, com Cade Cunningham). Por outro lado, Knicks e Pacers (mesmo com Haliburton) oferecem a possibilidade a Brunson de ser o iniciador de ataque e opção primária para ter bola, algo a considerar no caso de Brunson achar que está preparado para tal.

De qualquer forma, o base que veio de Villanova está preparado para qualquer situação, com provas dadas da sua utilidade num papel primário ou secundário. Jalen Brunson sabe jogar com bola, sabe jogar sem ela, é muito inteligente e tem controlo corporal, um baixo centro de gravidade e um drible melhorado que o ajudam a chegar aos lançamentos que pretende. Para já, são os Suns que se têm de preocupar com ele, depois dos Utah Jazz terem sofrido a bem sofrer.

por ANTÓNIO DIAS [@antoniodias_pt]

Autor

António Dias

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