Jordan Poole na piscina dos grandes

por maio 13, 2022

Em 2019, chegaram a apelidá-lo de pior escolha do draft (sim, Jordan, é mesmo essa cara que deves fazer), mas hoje é uma peça fundamental nos novos Warriors. Digamos que entrar numa equipa com Stephen Curry e Klay Thompson não é das piores situações para se estar no mundo e o jovem Poole aproveitou da melhor maneira. Após uma série fenomenal contra os Nuggets, em que Jordan pegou na batuta devido à lesão de Curry e ao regresso ainda algo tímido de Klay, o base dos Warriors continua a criar perigo, desta vez contra os Memphis Grizzlies.

Partilhando o campo com os Splash Brothers, seria de esperar um Poole mais reservado e escondido, mas não foi nada disso que aconteceu. O #3 dos Warriors tem a confiança dos colegas e staff para ter bola e decidir com bola, usando em seu favor a atenção que Klay e Steph atraem. Poole tem vindo a subir de rendimento de época para época, assumindo-se como uma valiosa arma ofensiva. Vamos tentar perceber o que Poole faz e como a presença de Curry e Thompson o ajudam.

Bloqueio Direto

Há duas situações em que Kerr envolve Poole no bloqueio direto como portador: com um poste, colocando Curry e Thompson nos cantos, o que abre o campo para a penetração de Poole; ou usando um de Klay e Steph no bloqueio, o que forçará sempre a defesa a tomar a decisão de deixar um deles, mesmo que momentaneamente, sozinho. Com o campo aberto, torna-se mais fácil desbloquear a criação de Poole no 1×1. Os adversários não poderão ajudar demasiado com a ameaça dos atiradores e Poole está basicamente a jogar 3×3.

Como escrevi em cima, bloqueios com Steph e Klay obrigam o adversário a escolher e levam a que alguém esteja sozinho (e por muito que eu goste de Poole, deixar Steph sozinho é uma *escolha*). Com um poste envolvido no bloqueio e a defesa concentrada nos atiradores fora da bola, mais decisões. Deixar Poole criar ou obrigá-lo a soltar a bola, com um roller a cortar sozinho a caminho do cesto? Um dado interessante para toda esta conversa: Poole passou de uma média por jogo de 1.9 assistências na temporada passada para 4.0 esta época. Nestes playoffs, vai em 5.1.

Transição

Não é segredo para ninguém que os Warriors gostam de aumentar o ritmo sempre que possível. Com Poole, Thompson e Curry, as oportunidades são ilimitadas. Quando Jordan puxa a bola, a simples presença de um ou de ambos dos colegas atiradores, abre todo o campo para o jovem base, que é muito bom em velocidade e atacar rapidamente após a receção. Contra os Grizzlies, Poole tem tido menos oportunidades de transição (2.0 por jogo, contra 2.3 na fase regular, o que é normal), mas muito maior eficácia (1.7 pontos por posse de bola, contra 0.99 na fase regular).

Fora da Bola

Como é óbvio, Jordan Poole está longe de ser o ball handler principal dos Warriors e, como tal, passa muito tempo fora da bola. Mas jogar fora da bola numa equipa com Klay e Steph será sempre positivo, dada a gravidade que ambos têm com a bola nas mãos (se já é o que é sem ela…). E Poole aproveita isso a 100%, com incríveis 1.88 pontos por posse em catch and shoots, 1.33 a vir de bloqueios e 1.0 PPP em cortes. A atenção vai para os colegas, sobra Poole, que tem sido quase letal.

Mais do que uma peça complementar, o facto de Jordan Poole se ter assumido como uma peça capaz de pegar na bola e decidir, não forçando Curry e Thompson a tanto trabalho ofensivo, tem sido um dos segredos para estes Warriors. Fundamental durante toda a temporada regular e agora ainda mais nos playoffs, mesmo com um papel nem sempre tão bem definido, Poole já joga na piscina dos grandes e eleva o chão da equipa de Steve Kerr para um lugar onde não estava há uns anos. E com os colegas que tem à sua volta, não deve ser nada complicado ser Jordan Poole nos dias de hoje.

por ANTÓNIO DIAS [@antoniodias_pt]

Autor

António Dias

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