Embora os Utah Jazz já não estejam bem classificados como no seu impensável arranque na temporada, continuam inesperadamente competitivos e aparecem quase diariamente nas conversas diárias sobre o que de melhor tem acontecido na NBA. E uma das grandes razões para toda essa popularidade tem sido o enorme salto de carreira dado pelo finlandês Lauri Markkanen.
Com um jogo quase totalmente fundado em afundanços violentos e bombas lançadas do meio da rua – como se tivesse sido criado numa fantasia erótica de Daryl Morey –, o extremo tornou-se um dos principais candidatos ao título de Most Improved Player. Com médias de carreira de 16.5 pontos e 7 ressaltos, Markkanen explodiu esta temporada para 24.5 pontos e 8.5 ressaltos. E para os que pudessem, instintivamente, presumir que isto se deve apenas a mais minutos e mais bola nas mãos, deve ser dito também que a estrela de Utah está a fazê-lo com enorme eficiência, estando apenas a alguns lances livres acertados extra para se juntar ao exclusivo clube 50/40/90.
Menciono isto porque já saíram os primeiros resultados dos votos dos fãs para o All-Star Game e Lauri Markkanen aparece em 7.º na contagem dos jogadores de frontcourt. Com a ajuda dos votos dos media e uma outra (quase inevitável lesão), há uma forte possibilidade de Markkanen se juntar ao lote de europeus a tornarem-se estrelas mainstream na liga. Apesar de parecer continuar a existir alguma resistência residual dos americanos em tratar as estrelas europeias como tendo igual mérito, o All-Star Game tem sido um barómetro interessante para uma gradual mudança nesse sentido. O sucesso de talentos como Dirk Nowitzki e Pau Gasol abriu as portas a cada vez mais talentos do outro lado do Atlântico. Durante muito tempo, europeus no All-Star Game serviam apenas para compor o banco. Hoje em dia, tendem a ser o dobro do que eram há 10 anos e muitos são as estrelas dos mesmos.
E depois temos a corrida ao MVP. Depois de anos com Dirk Nowitzki a deter a distinção de ser o único europeu a alguma vez ser considerado o Most Valuable Player de uma temporada, vamos agora em quatro anos consecutivos com isso a acontecer – dois seguidos de Giannis Antetokounmpo e depois dois seguidos de Nikola Jokić. Este ano – para choque performativo de alguns – parece estar encaminhado para Jokić repetir o feito que já não acontecia desde Larry Bird. E, se não for ele, tanto Luka Dončić como Giannis estão mesmo ali na bulha pelo troféu. E o que dizer das expectativas com que Victor Wembanyama entra na liga?
Tudo isto para dizer que nunca foi tão boa altura para se ser europeu na NBA.
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Tenho 40 anos, não me chateiem. E saiam do meu relvado.
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Para celebrar a “invasão” europeia da NBA, vamos celebrar os 5 melhores jogadores do Velho Continente que a liga já viu:
Luka Dončić
Em termos de palmarés, é argumentável que, neste momento, jogadores como Tony Parker ou Marc Gasol provavelmente ainda deveriam aparecer aqui. Mas considerem esta minha escolha como quando um muito jovem Shaquille O’Neal apareceu na lista dos 50 melhores jogadores de sempre da NBA. Sim, o esloveno ainda não tem muitos marcos concretos de registo a nível individual ou coletivo, mas todos sabemos que é só uma questão de tempo – quem sabe até este ano. Francamente, se eu fosse pessoa de apostar nestas coisas, estaria seriamente inclinado em apostar que estará no topo desta lista quando se reformar.
Pau Gasol
O grande “pecado” de Pau Gasol foi ser discreto, excelente colega e jogar boa parte da sua carreira ao lado de Kobe Bryant. A união com Kobe trouxe-lhe dois títulos de campeão e uma relação de grande proximidade com um dos melhores jogadores que a NBA já viu, mas também teve a infeliz consequência de fazer muitos não notarem tanto no seu enorme contributo. Excelente no garrafão e óptimo passador, Gasol era também um defensor eficiente, levando a que fosse 4 vezes nomeado para uma All-NBA Team. Não estará, talvez, ao nível dos jogadores que se seguirão, mas nunca poderia ficar fora desta lista.
Nikola Jokić
A ausência de melhores resultados a nível colectivo é a única razão porque Jokić não está ainda mais “alto” nesta lista. Francamente, se continuar a jogar a este nível, vai subir neste ranking, mesmo se a luta pelos títulos continuar a ser um sonho distante. Que fique bem claro – dizer que Nikola Jokic é o melhor poste passador de sempre já deixou de ser um debate há um bom bocado. Agora, a única questão é mesmo onde o colocamos na lista dos melhores passadores de sempre, ponto. Com dois títulos de MVP consecutivos e (muito possivelmente) mais um a caminho, o céu é o limite na ascensão de Jokić ao panteão da NBA.
Dirk Nowitzki
Pioneiro na sua conquista de MVP e detentor de um dos títulos e Finals MVPs mais respeitados de sempre, Dirk tornou-se uma instituição da NBA. Vinte anos na liga, sempre na mesma equipa. Com uma personalidade bem-disposta, recheado de competitividade mas sem nunca se levar demasiado a sério, é quase impossível não adorar Nowitzki. A duração da sua excelência é também uma grande razão para o seu posicionamento nesta lista, bem como a inqualificável beleza do seu fadeaway, justamente homenageado pelos Mavericks este ano. Sem dúvida, uma dos melhores power forwards de sempre. E um dos poucos à sua frente é…
Giannis Antetokounmpo
Com uma história pessoal digna de Hollywood (literalmente – já fizeram um filme sobre isso e tudo), a ascensão de Giannis na NBA é também sem precedentes. Chegando com algum potencial mas poucas expectativas, Antetokounmpo começou por subir a sua média de pontos nos primeiros sete anos na liga, conquistando um troféu de Most Improved pelo caminho. Hoje, tem dois MVPs, um anel de campeão, um Finals MVP e um dos mais absurdos jogos de título de sempre – 50 pontos e 17 em 19 da linha de lance livre, para os esquecidos. Nesta fase, é ”irrelevante” o estatuto como Melhor Europeu. A meta passou a ser outra.
por PEDRO QUEDAS [@quedas]