A 23.ª edição da Euroleague está prestes a começar. Aquela que é, desde o início do século XXI, a principal competição europeia de clubes vive o seu melhor momento a vários níveis.
Um novo presidente que é uma das incontornáveis figuras da história do basquetebol europeu, Dejan Bodiroga, três vezes campeão e duas vezes MVP da Final Four, agora à frente de uma organização que vive o seu período de maior estabilidade. O assumir deste cargo por um ex-jogador vai em linha com a tendência europeia dos últimos anos – vejamos exemplos de ex-atletas que assumem altos cargos federativos e diretivos, como Jorge Garbajosa (Espanha), Andrei Kirilenko (Rússia), Nikola Peković (Montenegro), Tony Parker (LDLC ASVEL), Marc Gasol (Girona), entre muitos outros. De notar ainda que a primeira iniciativa pública de Bodiroga enquanto presidente foi o ato de reunir-se com o sindicato de jogadores da Euroleague de forma a ouvi-los e incluí-los nas tomadas de decisão sobre o futuro da organização.
O mercado e o reconhecimento internacionais continuam a crescer – por exemplo, já há conversações a decorrer sobre parcerias de expansão internacional com o Dubai e a Austrália. A imagem que passa é de uma estrutura cada vez mais comprometida, alinhada e organizada. Veremos o que o futuro próximo nos reserva.
O nível de talento individual nunca foi tão alto. Pela primeira vez na história, a Euroleague consegue ser de tal maneira aliciante que os seus melhores atletas escolhem ficar e inclusive regressar da NBA – temos o exemplo do mais recente MVP Vasilije Micić que renovou com o Efes, assim como os casos de Nikola Mirotić e agora de Nemanja Bjelica (acabadinho de ser campeão da NBA), que escolheram voltar à prova rainha da Europa. Para termos uma noção, dos 17 atletas que já foram MVP da Euroleague, nove estão ainda em atividade e oito representam equipas da Euroleague. O “menino” Luka Dončić é a excepção que confirma a regra.
O formato competitivo estreado em 2016 tem provado ser um sucesso: uma liga fechada (atualmente com 18 equipas) com uma fase regular de 34 jornadas disputada em formato robin (duas rondas, casa e fora, todos contra todos), seguida de uma ronda de playoffs à melhor de cinco jogos para os oito primeiros classificados, com a famosa Final Four a marcar o término da competição. Na era moderna da Euroleague, o Anadolu Efes Istambul tem em 2023 a hipótese de se tornar no primeiro clube a conquistar o three-peat – Maccabi (2004-2005) e Olympiacos (2012-2013) são os outros clubes que já conseguiram vitórias em dois anos consecutivos. Apesar disso, e da ausência das fortes equipas russas, a competitividade nunca foi tanta. Há alguns saudosos regressos (Partizan, Virtus e Valencia Basket), perspectiva-se muita luta por um lugar nos playoffs e não faltam candidatos à conquista do título. Falaremos disso nesta antevisão daquilo que poderá ser a época 22-23.
Neste exercício de antevisão decidimos dividir as equipas em três grupos de acordo com aquilo que serão as expectativas para a época: o grupo das equipas que quer mostrar que pertence ao escalão máximo do basquetebol e que quer presentear os seus fãs com alguns grandes espetáculos, e quiçá algumas vitórias caseiras, diante de dos clubes mais emblemáticos do velho continente; o grupo das equipas sonhará com a Final Four enquanto na realidade terá de superar provas de fogo para conseguir um lugar nos playoffs; o grupo das equipas cujo o objetivo mínimo a cumprir é a Final Four.
18-13 | O sonho comanda a vida
Orçamentos modestos, expectativas moderadas, mas muito orgulho de pertença e nada a perder.
- Alba Berlim
- Cazoo Baskonia Vitoria-Gasteiz
- Crvena Zvezda mts Belgrade
- LDLC ASVEL Villeurbanne
- Valencia Basket
- Zalgiris Kaunas
12-7 | Don’t call my bluff
Nos anos recentes não temos estado ao nível que ambicionamos e por isso temos de resfriar expectativas, mas a verdade é que estamos nisto para chegar aos playoffs e superar as expectativas de todos menos as nossas. Na verdade, estamos a falar de clubes com um historial na competição que legitima as suas ambições de competirem pelo título: entre estas seis equipas contabilizam-se um total de 16 títulos da Euroleague, apenas o Bayern Munich nunca venceu a prova.
- FC Bayern Munich
- Fenerbahce Beko Istambul
- Maccabi Playtika Tel Aviv
- Panathinaikos Athens
- Partizan Mozart Bet Belgrade
- Virtus Segredo Bologna
6-1 | All in
Naturalmente, deixamos o melhor para o fim. Chegamos ao lote dos principais candidatos ao título. Com excepção do Mónaco, que é a mais recente aquisição do grupo, as restantes cinco equipas somam entre si um total de 20 títulos, com particular destaque para os 10 do Real Madrid (a equipa mais laureada da competição). Independentemente do passado destas equipas, se figuram neste lote restrito é pelo que fizeram num passado muito recente, mas sobretudo pelo reforço de investimento tendo em vista esta temporada de 2022-2023.
- Anadolu Efes Istambul
- AS Monaco
- EA7 Emporio Armani Milan
- FC Barcelona
- Olympiacos Piraeus
- Real Madrid
por RUI COSTA [@maestrinho]