A minha aventura no Canadá: A grande notícia

por nov 28, 2017

Outubro já ia adiantado (…) quando o coach Dave Taylor me convocou para uma reunião individual. Fiquei nervosa e pensativa. O que será? Terá surgido algum problema e não vou poder jogar? Dormi mal de noite, passei o dia apreensiva e nervosa, porque não fazia a menor ideia do que pretendia falar comigo.

A pré-época é sempre dura e a preparação da equipas no Canadá não foge à regra. Muita intensidade nos três treinos diários, com grande foco no trabalho físico realizado no ginásio, mas também no campo. Começam os jogos-treino e confirmo as principais diferenças para a Europa.

Em 27 dias disputamos dez jogos com equipas do Canadá e dos Estados Unidos, e conseguimos averbar outras tantas vitórias. Estamos prontas para iniciar o campeonato. Vem aí a Canada West Conference e eis a primeira grande notícia: a Universidade de Regina ascende ao primeiro lugar do ranking Canadiano. Fiquei muito feliz. Foi o primeiro reconhecimento pelo excelente trabalho realizado pela equipa na pré-temporada.

A vida académica também começa a aquecer e o primeiro exame é de Inglês. Muitos nervos e muito trabalho de preparação, pois sei que só tenho uma opção: a aprovação. Reprovar significaria não poder jogar, pelo menos até Janeiro. Depois de quatro provas (Listening, Reading, Speaking e Writting), outra boa notícia. Estou aprovada e em condições de estudar e jogar pela minha equipa.

Outubro já ia adiantado, as saudades a apertar – são já mais de dois meses longe de casa -, quando o coach Dave Taylor me convocou para uma reunião individual. Fiquei nervosa e pensativa. O que será? Terá surgido algum problema e não vou poder jogar?

Dormi mal de noite, passei o dia apreensiva e nervosa, porque não fazia a menor ideia do que pretendia falar comigo. Ao final da tarde, cinco minutos antes da hora marcada, lá estava eu à porta do gabinete do meu treinador. Por fim, a porta abriu-se e o Dave, sorridente, convidou-me a entrar e a sentar-me. Olhou fixamente para mim e perguntou-me: “O que achas de ires a Portugal jogar pela Seleção Nacional Sénior?”

Fui imediatamente inundada por uma imensa alegria: CLARO QUE SIM, QUERO MUITO!

“Então prepara-te, porque estás selecionada e nós decidimos deixar-te ir. Vais estar ausente três jogos do nosso campeonato, mas sabemos que vai ser uma extraordinária experiência poderes participar em dois jogos de qualificação para o EuroBasket. Boa sorte!”, concluiu.

Foram dias de grande emoção e ansiedade. Ia voltar a casa mais cedo e logo para integrar, pela primeira vez, a seleção Nacional Sénior, um dos meus objetivos para esta época.

Mas, antes, o primeiro jogo oficial da época estava à porta e eu com muita motivação para começar bem o calendário oficial e, dessa forma, agradecer à Universidade de Regina o facto de permitirem a minha ida à Seleção Nacional. Assim, no dia 3 de Novembro, foi com redobrado cuidado que fiz a mala para a dupla deslocação a Winnipeg e a Lisboa. Jogamos contra Manitoba e ganhámos!

No sábado (4 de Novembro), às 6 horas da manhã, iniciei a minha viagem até Lisboa, onde aterrei às 11 horas de domingo. Antes, uma escala em Toronto, onde aproveitei para sair do aeroporto e conhecer um pouco da cidade. No mercado, aconteceu o inevitável: encontrei Portugueses. Aproveitei logo para comer uns maravilhosos pastéis de bacalhau e pastéis de nata do Sr. Emanuel… As saudades da comida portuguesa já eram muitas! À chegada a Lisboa, a família à espera e nada melhor que uma boa mariscada ao almoço para saciar as saudades de Portugal. Que delícia! À noite, a chegada ao meu destino: o estágio da Seleção Nacional, o meu verdadeiro objectivo.

Fui muito bem recebida por todas as jogadoras e staff técnico e, na segunda-feira de manhã, começou o trabalho árduo. A semana passou a correr e, de repente, era sábado, o dia do jogo com a Grécia. Novamente “a Portuguesa” – que arrepio! -, e a minha estreia na Seleção sénior. Depois, a viagem para Telavive e o jogo com Israel. Infelizmente, perdemos ambos os jogos, mas foi uma experiência inesquecível. Mostrámos que vamos lutar pelo apuramento até final.

Foi tudo muito rápido e, num ápice, estava na hora de regressar ao Canadá. Saí de Telavive às 4h30 de quinta-feira e cheguei a Prince George na madrugada de sexta-feira. Depois do pequeno-almoço, o Head Coach veio falar comigo e perguntou-me: “Como te sentes?” Respondi-lhe que estava um pouco cansada da viagem (cerca de 30 horas) e com jet lag (diferença de 10 horas), mas que queria jogar, queria muito dar o meu contributo à equipa. Agradeci, uma vez mais, a oportunidade que me deu de viver uma experiência inesquecível, que, aliás, mereceu grande destaque nos media locais.

Nessa sexta feira, jogámos com os Timberwolves da UNBC, em Prince George, mas para saberem o que aconteceu terão que esperar pela minha próxima crónica.

Até lá, bons jogos a todos!

por CAROLINA GONÇALVES

Autor

Carolina Gonçalves

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