Contribuir (literalmente) em grande

por maio 27, 2022

Na semana passada, o Lucas Niven perguntava se o “big man” está morto, apontando para as contribuições de jogadores como Kevon Looney ou Robert Williams para mostrar que, no papel certo, o poste não-atirador ainda é de extrema importância nos playoffs. Pegando nessa premissa, fui dar uma vista de olhos ao que estes dois postes têm feito nas finais de conferência e percebi que, mais do que se conseguirem aguentar em campo, ambos são essenciais para as suas equipas, à sua própria maneira.

Kevon Looney é a peça subvalorizada do cinco inicial dos Warriors. Aquela que as pessoas vão vendo, enquanto aguardam pela entrada de Poole para verem os “fun Warriors”. Na realidade, Looney é fundamental para Steve Kerr e mostrou-o na série contra os Mavericks. O cartão de visita é o esforço, o número de ressaltos conseguidos mas há muito mais que Looney providencia. Para se encaixar no carrossel que é o ataque dos Warriors, é preciso ser-se muito inteligente a jogar com e sem bola e é por isso que Kevon Looney encaixa tão bem. Para perceber melhor isto, vamos perceber como Looney faz muitas vezes o ataque de Golden State viver com a atenção dada aos atiradores.

BLOQUEIO DIRETO

Com 1.8 screen assists, que resultaram em 4.4 pontos por jogo, Kevon Looney foi o 4º jogador que mais contribuiu para pontos com os seus bloqueios nas finais de conferência. A capacidade para decidir e reagir rápido e a sua facilidade para alternar ângulos de bloqueio são essenciais para conseguir criar espaço para os portadores da bola dos Warriors.

Sempre que os Mavericks decidiram sair em 2 contra 1 ao portador da bola, havia muito espaço no roll para Looney atacar. Os Mavericks estavam confortáveis em darem isso aos Warriors, mas Looney também se mostrou sempre confortável. Drible com a cabeça levantada e a perceber onde estava a vantagem, lendo as diferentes decisões que a defesa ia tomando.

JOGO INTERIOR

Não sendo alguém que consegue criar com bola, Looney é muito capaz a antecipar o que vai acontecer, jogando bem com quem consegue na realidade criar vantagens. Antecipa, cria vantagem e usa a sua capacidade física para criar bons ângulos de passe ou ressalto, antes mesmo da jogada acontecer. Nas finais da conferência, foi o segundo jogador com melhor percentagem, de entre aqueles com duas ou mais tentativas de lançamento debaixo do cesto por jogo (77.3%).

PASSE

Em crescendo durante os playoffs, Looney teve em média 1 assistência na primeira ronda, 2 na segunda e 3 na terceira. Mais bola, mais movimento fora dela e um jogador ciente do esquema onde se encontra e capaz de perceber o que vai acontecer antes de a jogada se desenrolar. A paciência e precisão de Looney conseguiu pontos constantes para os Warriors.

Do outro lado do campo, Robert Williams ditou muito do que aconteceu defensivamente para os Celtics (e ofensivamente para os Heat). Fechou caminhos para o cesto, obrigou constantemente a enviar a bola para fora do pintado e fez com que os Heat lançassem vários lançamentos fora do seu conforto.

DEFESA FORA DA BOLA

Sempre vagueando perto do cesto, Robert Williams tem ficado muitas vezes responsável por defender PJ Tucker, o que lhe permite mais facilmente estar em ajuda. Sempre que os Heat metem um pé no pintado, Williams aparece para fechar o lançamento fácil.

COBERTURA DE ESPAÇO

Quando envolvido nos bloqueios diretos, defesa em drop para impedir a entrada do portador da bola para o cesto e excelentes armas físicas que lhe permitem recuperar para o bloqueador e contestar o lançamento. Excelente cobertura do espaço e capacidade para regressar ao seu jogador.

Por falar em cobertura de espaço, chegamos ao ponto que mais entusiasma com Robert Williams. É incrível a maneira como consegue estar em posição de ajuda, fechando o cesto, e recuperar após a saída do passe para importunar e até desarmar lançamentos exteriores. Exige um grande “jogo de cintura” e também uma facilidade acima da média para rodar sobre os tornozelos para que o consiga fazer.

1 CONTRA 1

Ime Udoka não irá a correr pedir para envolver Robert Williams em situações de um contra um defensivas, mas também não vai fugir delas quando acontecem. Williams é suficientemente capaz de aguentar o seu espaço contra extremos mais rápidos, usando a sua rotação corporal e força do seu tronco/ombros para conseguir chamar a si o contacto e ganhar esse duelo.

Posto isto, voltamos à questão: está o “big man” morto? Como o Lucas tinha referido, não. Mas precisou, nos últimos anos, de uma reformulação. Os postes precisam de saber fazer mais hoje em dia, ofensivamente e defensivamente, para não só se aguentarem em campo quando os playoffs apertam, mas para serem constantes contribuidores e elevarem o nível das suas equipas. Algo que tanto Kevon Looney como Robert Williams têm mostrado ser.

por ANTÓNIO DIAS [@antoniodias_pt]

Autor

António Dias

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