De Rei ao peito: A borracha já salta!

por nov 2, 2017

Sinto-me à vontade para dizer que, se alguém precisar de um roteiro do aeroporto, estou perfeitamente à vontade para o fazer. (…) Catorze horas com os meus queridos colegas de equipa foi bom para nos conhecermos melhor e aprofundar as nossas relações.

O tão esperado regresso e início da Liga Placard finalmente aconteceu. Sentimento especial por voltar a pisar pavilhões onde já tinha jogado e reencontrar “velhos” e bons amigos.

Primeira jornada na Luz, contra o Benfica, com um plantel recheado de bons jogadores nacionais e estrangeiros. Prometia desde logo um início daqueles que eu gosto… Infelizmente a semana não correu da melhor forma por força do aparecimento de uma virose que me atacou antes, durante e depois do jogo. Foi uma semana extremamente dura! Nunca pensei conseguir ir e estive a noite inteira sem dormir antes da partida para Lisboa. Durante o jogo senti uma desidratação extrema e a falta de força começou a aparecer pouco a pouco. Mas não poderia abandonar os meus colegas, a vontade de jogar e ajudar a minha equipa prevaleceu sobre o meu extremo mal estar.

Quanto ao jogo, vitória merecida do Benfica especialmente pela forma como defendeu e devido à extrema eficácia com que lançou ao cesto. Conseguiram manter um ritmo de jogo bastante elevado, fruto do rico plantel que possuem e do facto de ter sido o seu quinto jogo oficial nesta época, ao passo que o nosso era o primeiro. Da nossa parte, sensação de dever cumprido. Demos o máximo, defendemos o símbolo que carregamos ao peito, sempre com a intenção de fazer mais e melhor. Perdemos, mas aprendemos. Cometemos erros defensivos que, contra boas equipas, se pagam caro. Ainda assim, foi o primeiro jogo do Lace Dunn, que nos permitiu criar expetativas enormes para este ano.

Depois da derrota na estreia, era imperativo a vitória na segunda jornada, apesar da deslocação extremamente difícil que tínhamos. Ida ao Barreiro, cidade de Basquetebol, onde existe um misto de prazer em jogar com as dificuldades que os clubes da cidade sempre apresentam a quem lá vai. E assim foi. O Galitos apresentou-se forte, mas a vitória foi merecida da nossa parte. Comandámos durante praticamente todo o jogo e fomos a equipa mais forte. O Galitos apresenta um plantel muito equilibrado, tal como nos últimos anos. Fiquei contente por voltar a jogar, em especial, contra o Henrique Piedade, o Diogo Ventura e o Diogo Correia, amigos de longa data e com quem vou tendo o prazer de crescer nesta modalidade.

De regresso a casa… Ups, afinal não. Devido a problemas no marcador do nosso pavilhão, rumámos a Barcelos para disputar o encontro com o CAB Madeira. Infelizmente não tivemos a oportunidade de sentir o fervor e devoção dos adeptos da cidade-berço (apesar de alguns terem feito a deslocação até Barcelos – Obrigado!), mas ficará para breve. O CAB apresenta um plantel experiente e maduro, com excelente jogadores bem conhecedores do nosso campeonato. Na segunda parte, devido a uma defesa mais agressiva, mais paciência no ataque e mais eficácia conseguimos o mais importante: a vitória. Foi também a oportunidade para estrearmos o nosso mais recente reforço, Elvis Évora, uma excelente pessoa, um excelente profissional e, obviamente, alguém com quem teremos todos sempre muito a aprender.

Seguiu-se a jornada dupla nos Açores. Cheios de energia e boa disposição lá partimos nós. Às 10 da manhã de sexta-feira estava tudo no aeroporto, pronto para embarcar para o voo ao meio-dia. Sucessivos atrasos no voo, que estava previsto para o meio-dia e só voámos em direção a Ponta Delgada às 23h40. À nossa espera nuvens, chuva e vento incontroláveis (mas já vos contarei mais à frente)… Sendo assim, estivemos 14 horas no aeroporto do Porto!

Sinto-me à vontade para dizer que, se alguém precisar de um roteiro do aeroporto, estou perfeitamente à vontade para o fazer. Entrei e saí três vezes do aeroporto, sempre com o mesmo bilhete. O segurança já não nos podia ver mais!

Mas nem tudo é mau. Catorze horas com os meus queridos colegas de equipa foi bom para nos conhecermos melhor e aprofundar as nossas relações. Entre vouchers para comida que a Sata ia dando com o atraso dos voos, lá íamos nós passando o tempo a conversar, ler, ouvir música… aquelas coisas normais que se fazem no aeroporto. Já estava impaciente, não via a hora de chegar à cama do hotel e descansar. Alguns colegas já não tinham paciência para me aturar!

Os voos atrasaram devido à avaria do avião que nos levaria aos Açores e também devido ao mau tempo que estava na ilha. Finalmente, a Sata fretou um avião à Bulgarian Airlines e lá partimos nós. Tudo tranquilo, viagem normal como todos as outras, com pouco espaço para as pernas, mas… isso era o menos depois do que já tínhamos passado e o que estava para acontecer. À chegada, eis que uma turbulência horrível se fez sentir, parecia que estávamos naqueles aviõezinhos que se vêem no Senhor de Matosinhos ou nas Feiras Novas. Vai para cima, vai para baixo, vai para os lados, sem parar. Quarenta minutos lá em cima e a turbulência não parava, mas, para nossa sorte – acredito eu! -, o piloto nunca teria ido aos Açores e não estava ciente do perigo. O piloto lá conseguiu aterrar o “bicho” na ilha, sob uma chuva de aplausos… sobretudo do Lace Dunn, que espera que nunca mais lhe volte a acontecer algo deste género! 😂😂😂

Entretanto, o jogo de sábado contra o Lusitânia foi adiado para segunda-feira, ou seja, só voltaríamos ao Continente na terça.

Não conhecia Ponta Delgada e fiquei surpreendido com a dimensão da ilha. É uma cidade grande, em que se vê muita gente. Na primeira vez que eu tinha ido aos Açores não tinha visto ninguém (estava um temporal horrível!). Desta vez também tive mais tempo para descobrir a ilha Terceira. É, sem dúvida, uma ilha engraçada, parece um cenário de telenovela, as casas parecem cenários desenhados exclusivamente para aquele momento e, depois, às 20 horas toda a gente desaparece. É como se as filmagens acabassem! Ouvem-se os grilos em plena cidade.

Fascinou-me a temperatura da água do mar. Que maravilha! Para quem está habituado a tomar banho no mar gelado do Norte, entre Moledo e Afife, as águas do Açores parecem termas de água quente. E, claro, as vistas que se tem de vários pontos da ilha… São daqueles momentos: “One minute. Don’t read, don’t talk, no photos. Just look. See and enjoy”!

Voltando ao basket.., Depois de dois dias sem treinar (No excuses!), sabíamos que não ia ser fácil. Começámos bem, com energia, a defender bem, mas deu-se um “apagão” no terceiro período. Tivemos alguns minutos que nos custaram caro, em que estávamos completamente amorfos e sem saber o que estávamos a fazer. E o Terceira Basket, de forma inteligente, aproveitou esse facto e infligiu-nos um parcial que não conseguimos recuperar. Mérito para eles, numa tarde difícil para nós.

Mas não havia tempo a perder, porque 24 horas depois tínhamos outro jogo e, depois de perder com o Terceira, era impensável perder com o Lusitânia. E assim foi. Entrámos bem, controlamos sempre o jogo, tomamos melhores decisões no ataque e as nossas pernas já tinham mais ritmo, o que nos fez atacar os momentos finais do jogo com mais lucidez e frescura. Um jogo talhado para o ataque, entre duas equipas muito ofensivas, mas com a vitória merecida para o nosso lado. Extremamente contente de poder voltar a encontrar o meu “velho” amigo Hugo Sotta, com quem passei momentos fabulosos no basquetebol de formação, desde os meus 14 anos e até agora, e que jamais serão esquecidos. Fiquei muito contente por saber que está bem nos Açores e que está a jogar a muito bom nível.

Escrevo-vos de novo em breve. Saudações basquetebolísticas! 🏀🏀🏀

por MIGUEL MARIA CARDOSO

Autor

Miguel Maria Cardoso

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