O que levamos para a próxima época?

por jun 25, 2022

Está feito! Passou a correr, não foi? Os Golden State Warriors levaram para casa o Larry O’Brien, o draft também já lá vai e agora? O que fica? Se forem um bocadinho malucos – e eu sei que são – estarão já a calcular quantas horas de sono cabem entre jogos da Summer League ou com as notificações do Woj e do Shams prontas para o início da free agency. Mas mais do que isso, ficam pequenos pormenores que podemos já levar para o próximo ano. Detalhes que poderão fazer a diferença naquilo que veremos na próxima época. Por isso, compilei sete diferentes situações a ter em conta para a próxima época, olhando apra o que vimos nesta que agora findou.

O bloqueio direto Fox-Sabonis

Mike Brown tem grandes esperanças (demasiado grandes até, Mike) para o duo Fox-Sabonis. E embora as declarações do novo treinador dos Kings sejam exageradas, é uma bela dupla que os Kings ali têm. A velocidade, capacidade de pôr pressão no cesto e uma melhorada pontaria exterior aumentam as possibilidades para Fox, a quem juntaram um poste que sabe muito bem o que fazer em campo. Sabonis é inteligente, físico e um excelente finalizador. Não sei se ambos serão capazes de levar finalmente a turma de Sacramento aos playoffs, mas caminham nessa direção para o novo ano.

A dupla Quickley-Barrett

Embora compreensível, tentar construir tudo à volta de Julius Randle depois de uma época atípica, não foi a melhor das ideias dos Knicks. O que ainda foi dando esperança aos exigentes adeptos nova-iorquinos foi a armada jovem que Thibodeau insiste em não usar. Mas os que usou, corresponderam. Barrett começa a explodir como primeira opção ofensiva, enquanto Quickley tem tudo para ser um excelente jogador fora da bola com algumas responsabilidades com bola. Penso ter chegado a altura de lhes entregar as chaves, colocando o base no 5 inicial e procurar perceber o quão bem podem ambos coexistir em campo. Os sinais que vimos na temporada passada são encorajadores.

O “novo” parceiro de Damian Lillard

Não, não é Jerami Grant. Com a saída CJ McCollum para New Orleans, os Blazers desfizeram um backcourt de vários anos. Mas, no que restou da época, alguém deu um salto. Um grande salto. Anfernee Simons exibiu-se como uma excelente arma ofensiva, capaz de criar o seu lançamento e até jogar fora da bola. Embora muito parecido com Lillard, é demasiado talentoso para o conjunto não resultar. Será interessante perceber como os Blazers vão preencher o seu plantel nesta época que está para chegar, mas os lugares de base têm qualidade a rodos.

O bloqueio direto Cade-Bagley

Apareceu apenas a espaços, mas é uma opção a utilizar em certos momentos. Os Pistons adicionaram Ivey e Duren, dois jogadores completamente diferentes de Cade e Bagley e serão uma das equipas a ver no próximo ano. É demasiado talento junto. Mas voltando à dupla que falava, Cade é obviamente uma primeira opção com bola, dependerá dos Pistons saber utilizá-lo. Bagley, em lineups mais móveis, oferece uma opção para o pick and roll interessante, alguém capaz de ir buscar lobs, lê bem o espaço à sua volta e percebe quando arrancar em direção ao cesto. Com o conhecimento de jogo de Cunningham, junta-se uma dupla que pode começar a provocar estragos.

Anthony Edwards, ator principal

Não foi, mas na realidade, foi. E agora, estou a falar dos Minnesota Timberwolves ou do filme Hustle? Na realidade refiro-me à primeira opção, mas aplica-se às duas. Anthony Edwards está pronto para ser a arma ofensiva dos Wolves com bola, mesmo que muito do jogo tenha de continuar a passar por Towns. E ainda bem, porque Edwards também joga bem fora da bola. Mas começa a ser complicado fugir ao à vontade de Edwards com bola, à explosividade, à mentalidade alfa e ao melhorado lançamento. Mais oportunidades com bola para Edwards, é o que peço para Minnesota (fazendo até com que D’Angelo Russell se torne dispensável, quem sabe…).

A luta pelo MVP

A voter fatigue é real na NBA e não vejo Jokic a conseguir o terceiro troféu consecutivo. Portanto, o vencedor mudará para o ano. De entre as opções, não consigo imaginar um mundo em que o prémio não se mantenha fora dos Estados Unidos.

Embiid partirá provavelmente como o grande favorito. Pelo que fez no ano passado, por não ter ganho mesmo depois do que fez e pela diferença no jogo dos Sixers quando ele não está. O center de Philadelphia é um dos mais dominantes da liga, dos dois lados e já começa a merecer a distinção.

O incrível percurso dos Mavericks este ano tem a mão de um Luka Doncic que teima a aparecer só para a segunda metade da temporada. Acreditando que possa aparecer logo de rompante, o seu estilo de bola na mão e tomar todas as decisões, ditando o ritmo de cada jogo em que participa, coloca-o numa bela posição para atacar o prémio de MVP desde cedo e dar continuidade a uma época muito positiva da equipa de Jason Kidd.

Experiente nestas andanças, é impossível fugir ao domínio do jogo de Giannis Antetokounmpo. Um campeão que viu a sua equipa fraquejar nos playoffs, Antetokounmpo voltará para a nova temporada com toda uma nova força. Tendo em conta o tipo de dominância do grego, será de esperar que se intrometa na luta pelo MVP, até porque jogadores como ele não se ficam pelos 2 MVP’s.

O melhor defensor da liga

A escolha de Marcus Smart não foi consensual e muitos apontaram outros nomes mais merecedores. A verdade é que, salvo algum volte-face, a minha aposta vai para o regresso deste prémio para um jogador mais interior.

A âncora defensiva dos Heat, uma equipa que acabou por surpreender e ficar a um lançamento da final. Bam defende de 1 a 5 de igual forma, reduzindo a possibilidade de mismatches e chamando a si a responsabilidade de criar problemas defensivos aos adversários. Depois de uma época ao nível de um defensor do ano, apenas manchada pela lesão que teve, Adebayo será um dos favoritos ao prémio em 2022/23.

Para muitos, o verdadeiro melhor defensor dos Celtics, Robert Williams é imperial para o esquema defensivo da equipa de Ime Udoka. Um protetor de cesto incrível que cobre bastante espaço e força constantemente os seus adversários a arranjarem soluções de recurso quando o encontram pela frente. Se os Celtics continuarem a ser a melhor defesa da liga, há uma grande possibilidade do troféu se manter em Boston.

Apesar de umas finais abaixo do seu potencial, bastaram uns últimos 3 jogos ao seu nível defensivamente para que tudo mudasse para os Warriors. A maneira como Green consegue controlar os outros nove jogadores em campo do lado defensivo é geracional e fazem dele um dos melhores defensores que a liga. Numa época em que realize mais jogos que em 21/22, será sempre um dos principais candidatos a defensor do ano.

Muito irá mudar no verão, mas estas são as minhas previsões daquilo que eu acho que é traduzível para a nova temporada. Entretanto, estaremos aí. Uma última nota, agora que a época terminou, para vos agradecer por estarem desse lado durante toda a temporada e por se juntarem a nós, coletivo do Borracha Laranja, num dos melhores projetos basquetebolísticos que o país já viu. Obrigado a todos vocês e continuaremos a trabalhar, certamente!

por ANTÓNIO DIAS [@antoniodias_pt]

Autor

António Dias

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