Quem ficou a ganhar e a perder com as trocas na NBA?

por fev 9, 2018

O último dia para trocas na NBA ficou marcado por movimentações que surpreenderam tudo e todos, com os Cleveland Cavaliers a assumirem protagonismo depois de darem guia de marcha a seis atletas do plantel. Mas terá a equipa de LeBron James ficado a ganhar? Ou são os grandes derrotados do “Trade Deadline”? Ouvimos nove especialistas sobre as trocas desta semana e as opiniões não são unânimes.

 

GUILHERME MATOS

Vencedores
Detroit ganhou um novo ânimo e o regresso dos seus adeptos ao pavilhão. Com Andre Drummond ao melhor nível e um Blake Griffin de “cara lavada” (de preferência sem lesões), a equipa de Detroit tem tudo para ir aos playoffs. Para além de Detroit, também os Miami Heat saíram vencedores deste período de trocas. Não vai ser aos 36 anos que Dwyane Wade vai regressar à forma que lhe deu o MVP das finais de 2006, mas certamente será uma presença valiosa no balneário de um conjunto muito bem orientado por Erik Spoelstra. Atualmente num sólido 7.º lugar da Conferência Este, a presença de D-Wade pode ser fulcral para os Heat fazerem uma “gracinha” nos playoffs.

Derrotados
Atribuo única e exclusivamente o título de derrotado do dia a Isaiah Thomas. Los Angeles é, por norma, um excelente destino para qualquer jogador da NBA. No caso de Isaiah, nem por isso. Há um ano Isaiah marcava 30 pontos por jogo, liderava os Celtics e o Este, era um dos protagonistas da NBA e estava bem encaminhado para uma boa prestação nos playoffs. Um ano depois, o mesmo Isaiah vai ser suplente de um rookie, já foi trocado por duas vezes e (não sabendo onde vai jogar na próxima época) é certo que não vai receber o tão apetecido contrato máximo.

 

HÉLDER SANTOS

Vencedores
Pode soar polémico, mas escolho os Los Angeles Lakers. Esta minha opinião prende-se com a estratégia do franchise, que parece disposto a apostar em jogadores com contratos a expirar. Nesse sentido, compreendo a troca de Jordan Clarkson e Larry Nance Jr. por Channing Frye e Isaiah Thomas. Ganham dois marcadores de pontos e, acima de tudo, um Isaiah Thomas em final de contrato. Assim sendo, ficam com vários milhões disponíveis para atacar a free agency deste ano e do próximo. Digo isto pois acredito que Isaiah Thomas, Brook Lopez e Kentavious Caldwell-Pope não irão renovar.

Derrotados
Entre Utah e Cleveland, fica complicado escolher. Cleveland demonstrou, mais uma vez, uma tremenda falta de estratégia e visão de futuro. No entanto, como estavam a perder decidiram mudar praticamente todo o plantel. Nesse ângulo, acredito que Utah sai a perder. Não entendo como uma equipa, que está numa fase ganhadora, decide mudar as peças de xadrez. A saída de Rodney Hood por troca com Jae Crowder e Derrick Rose não faz sentido, ainda mais com a provável dispensa de Rose. Utah mudou de faixa e entrou em contramão. Joe Jonhson não jogava, mas podia ainda ser muito útil, apesar da intenção dele em sair. Acredito que Utah podia ter conseguido mais e melhor com o nome de Rodney Hood no mercado. Hood, para mim, era jogador para renovar e continuar a valorizar.

 

JOANA PALMINHA

Vencedores
Os treinadores (oficiais) das equipas envolvidas no “blow out trade” dos Cavs. Spoelstra recebe uma prenda (Wade), Walton sabe que o Verão vai trazer grandes nomes e Tyronn Lue salva a cara, já que continua no cargo sem pressão porque sim. De modo indireto, Brad Stevens prova que é o melhor treinador do Este. 🙂

Perdedores
Os fãs dos Cavs, ex-Celtics e a “lenda de King James”. Por motivos cardíacos, os adeptos de Cleveland (e este deja vù de uma novela a que já sobreviveram). Por valor de mercado, Crowder e Thomas, cuja passagem por Cleveland vai ser difícil de ultrapassar. E LeBron porque… já chega. O jogo “recordes vs. drama” está sempre inclinado e vamos ver se fica no Ohio (once again).

 

LEONEL LOPES GOMES

Vencedores
Cleveland Cavaliers. Já dizia o outro: pior do que está não ficou. E é o que se aplica aos Cleveland Cavaliers. A época tem sido confrangedora – 22 derrotas são demasiado para um candidato ao título a esta altura da época – e era fulcral fazer alguma coisa. E foi o que foi feito. Com todas estas trocas, o plantel perde profundidade, mas ganha mais músculo a defender, talento no ataque e um safanão valente no balneário. Estas mudanças serão suficientes? Esperemos pelas próximas semanas. Têm a palavra LeBron James e a nova companhia formada pelos recém chegados Rodney Hood, Larry Nance Jr, George Hill e Jordan Clarkson. Menção honrosa para os LA Lakers, Detroit Pistons e LA Clippers.

Perdedores
Oklahoma City Thunder. Não, não e não. Não basta ser forte contra os mais fortes e irregular contra os outros. Os Oklahoma City Thunder deveriam ter apetrechado o plantel. Alternativas para o jogo exterior não faltavam no mercado, casos de Avery Bradley ou Marcus Smart, mas nada foi feito. Andre Robertson, apesar das suas inúmeras carências, será muito recordado nos próximos meses… Puxão de orelhas para Memphis Grizzlies, Orlando Magic e Sacramento Kings.

 

LÍDIA PARALTA GOMES

Vencedores
LA Lakers (à condição). Decidi focar-me na grande trade do dia para avaliar os vencedores e perdedores desta época de trocas e baldrocas. Os Lakers ganham, mas à condição, porque talvez só daqui a uns meses se perceberá se este movimento de jogadores foi ou não favorável. Basicamente, será boa se alguma estrela estiver na disposição de ir a correr para Los Angeles apanhar os muitos milhões de dólares que os Lakers poderão oferecer no verão. LeBron? Paul George? Nesta altura são apenas hipóteses, a bem da verdade.

Derrotados
Cleveland (com retroativos). Vamos lá ver: é inegável que o roster dos Cavs é muito melhor hoje do que há 24 horas, mas ao desfazerem-se de Isaiah Thomas só confirmaram que (e se caso ainda existissem dúvidas) claramente ficaram a perder na troca de Kyrie Irving para Boston. Esta é por isso uma derrota com retroativos. Além de que trocar meia equipa a meio do ano pode também não correr muito bem – mas pelo menos LeBron tem agora mais razões para ficar.

 

MÁRCIO MARTINS

Vencedores
Cleveland Cavaliers. Corrigiram os erros da offseason e despacharam todas as peças redundantes e que não encaixavam na equipa. Substituíram-nas por peças mais jovens e que encaixam melhor com LeBron James. Rejuvenesceram o plantel, ficaram mais atléticos e com melhor defesa. E ainda conseguiram agradar a LeBron, motivar a sua estrela para o que falta de temporada e mostrar-lhe que pode ter um futuro em Cleveland. E tudo isso sem perderem a escolha no draft dos Nets. Nada mau. Ficam melhores no presente e em melhor posição para o futuro. Há dois dias pareciam condenados a uma saída precoce nos playoffs, agora voltaram a ser candidatos.

Derrotados
Los Angeles Clippers. Por aquilo que não fizeram. Depois da troca de Blake Griffin, suponha-se que iriam também trocar DeAndre Jordan e Lou Williams, mas, surpreendentemente, renovaram com este último e ficaram com o primeiro. Jordan é agente livre sem restrições este Verão e pode sair sem receberem nada em troca, e Williams não é um jogador que faça grande sentido manter numa equipa em reconstrução. Depois da troca de Griffin parecia que o plano era entrar em modo de reconstrução total, mas ficaram num limbo e sem um plano claro para o futuro. A menos que o plano seja montar uma equipa mediana e lutar pelo oitavo lugar no Oeste.

 

NUNO AGUIAR

Vencedores
Los Angeles Lakers. Yup. Qual foi a última vez que o adjectivo vencedor foi aplicado a este franchise? A troca de Clarkson e Larry Nance Jr. para os Cavs dá a LA flexibilidade para o futuro. Agora, o sonho de ir buscar duas estrelas no próximo Verão pode concretizar-se e, se o falharem, podem sempre renovar com Randle, assinar outros jogadores por um ano e tentar outra vez em 2019. Para se verem livres de compromissos financeiros as equipas têm sido obrigadas a dar picks, mas os Lakers conseguiram até receber uma de Cleveland. Além disso, sem incentivos para perder este ano, recebem um Isaiah em saldos e um profissional em Frye. Para o conseguir, LA deu em troca um jogador que está a tentar trocar há meses (Clarkson) e um “glue guy” esforçado que os fãs adoravam. Sacrifícios necessários, na senda de D’Angelo Russell (que, recorde-se, lhes deu a pick do Kuzma).

Perdedores
Boston e Toronto. Não acho que haja verdadeiros derrotados neste trade deadline. No entanto, os Cavaliers parecem ter melhorado a sua equipa, ainda que o upgrade possa ser apenas ligeiro. Ficaram mais jovens, mais atléticos e com melhores atiradores… O ambiente de balneário só pode melhorar. Celtics e Raptors jogaram pelo seguro e não levantaram ondas (Boston assinou o Monroe e o Bruno-two-years-way-from-being-two-years-away-Caboclo não conta). Boston e a sua relutância em envolver picks em trocas (por exemplo, pelo Tyreke Evans) pode tê-los impedido de aproveitar o péssimo momento dos Cavs e afastar LeBron nos playoffs. Danny Ainge continua à espera da janela perfeita, mas pode estar a deixar passar várias semi-abertas. Toronto não quis estragar a química que a equipa parece ter nem comprometer o desenvolvimentos dos jovens do plantel. Enfim, é fácil imaginar um cenário em que os Cavs regressam às Finais da NBA.

 

RUI SILVA

Vencedores
Cleveland Cavaliers: Até pode não resultar mas a equipa estava numa situação terminal e percebeu que a única forma de poder inverter o rumo dos acontecimentos seria com uma revolução profunda. O entrosamento será uma incógnita e a lesão de Love impede a criação de grandes rotinas para os playoffs, mas o ambiente no balneário vai desanuviar e os adeptos vão sentir que estão a viver uma nova época. Valerá a pena? Mesmo que LeBron acabe por sair, dificilmente poderia ficar pior. É um risco calculado.
Detroit Pistons: a troca por Blake Griffin é arriscada mas está a dar resultado. E no meio da azáfama do último dia, a chegada de Jameer Nelson passou despercebida. O base tem experiência e a equipa precisava de alguém assim, mesmo com o regresso de Reggie Jackson.

Derrotados
Isaiah Thomas: Saiu um dia depois de dizer que estava cansado de ser trocado. O ano está a ser para esquecer e dificilmente poderá ficar pior. De estatuto de lenda em Boston, passou por cancro em Cleveland e agora vai para LA num contexto complicado, e com Ball a dificultar uma imposição clara. Os camiões de dinheiro parecem cada vez mais distantes. IT não é completamente inocente mas merecia melhor sorte.
LeBron James: Pode parecer paradoxal Cleveland ser considerado vencedor e a sua estrela derrotada, mas a verdade é que ele é o principal culpado de toda a situação. Para que tudo esteja do seu agrado, os Cavs cometeram erros na construção do plantel. LeBron James é um eucalipto que seca tudo à sua volta e, pelos vistos, jogar ao seu lado deixou de ser uma sorte que nenhum jogador deve recusar. Cleveland jogou para o presente mas desta vez não ignorou o futuro.

 

TIAGO FONSECA

Vencedores
É inevitável falar-se dos Cavs, algo tinha de ser feito. Três peças eram “intocáveis”: LeBron, a pick dos Nets e o pacote Tristan Thompson e JR Smith (porque são agenciados pelo Rich Paul, agente do LeBron – desculpem os puritanos mas é verdade). Analisando ainda a quente, os Cavs melhoraram. Limparam do roster jogadores que os estavam a matar defensivamente: Isaiah Thomas, Dwyane Wade, Derrick Rose e Channing Frye; Jae Crowder que foi uma sombra do que tem sido durante a sua carreira; e Iman Shumpert que não consegue ir da sala para a cozinha sem se lesionar. Conclusão: da afamada troca do verão que enviou Kyrie Irving para os Celtics, só a pick dos Nets é que ficou por Cleveland. Ou seja, os Cavs não hipotecaram o futuro. Aliás, dos que chegaram para além do George Hill (31) Rodney Hood, Larry Nancy Jr. e Jordan Clarkson têm todos 25 anos. Eu sei, são muitas caras novas para ajustar de um dia para o outro numa equipa, mas a pausa para o All-Star vem aí e o Tyronn Lue deve usá-la em seu proveito. Para além disso Hood e Hill já têm experiência a jogar lado a lado nos Jazz, são dois jogadores que não precisam de bola na mão a toda a hora e funcionam bem como spot-up-shooters, ou seja, ideais para emparelhar com LeBron. O Larry Nance Jr. acabou de abrir uma Super Bock em casa para festejar: vai poder usar a jersey 22 em Cleveland, em homenagem ao seu pai!

Derrotados
Não consigo perceber por que razão os Grizzlies não conseguiram trocar o Tyreke Evans nem por 5 coletes reversíveis. Era óbvio que os Grizzlies o queriam trocar depois de o terem deixado de foram dos últimos 6 ou 7 jogos, com medo que uma lesão pudesse interferir com o valor do mercado. Vários jornalistas credíveis reportaram que tanto Celtics e Nuggets, entre outras equipas, tinham propostas na mesa para trocar pelo Tyreke. Mudiay e uma 2nd round pick pelo Tyreke foi uma hipótese! Não sei o que se passou, mas os Grizzlies não deixaram sair o Tyreke e agora o cenário mais provável é que saia no final desta temporada em troca de nada. Pode estar a escapar-me qualquer coisa mas os Grizzlies queriam trocar e não trocaram. Vão ficar sem pau nem bola.

P.S.: Elfrid Payton só vale uma 2nd round-pick?

Autor

Borracha Laranja

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