Scouting report: Chet Holmgren

por fev 25, 2022

ANÁLISE RESUMIDA, ou algo para ler numa curta viagem de Metro

Dados Biográficos

  • O seu pai, Dave Holmgren, jogou basquetebol universitário, na universidade de Minnesota;
  • Jogou quatro anos na Minnehaha Academy, tendo conquistado múltiplos campeonatos junto de Jalen Suggs;
  • Membro do projecto Grassroots Sizzle, que tem competido no circuito AAU da Under Armour;
  • Medalhado de ouro e MVP do Mundial FIBA U19 2021, pela Team USA;
  • Vencedor dos prémios Gatorade Player of the Year 2021 e Naismith Prep Player of the Year Award. Nike Hoops Summit, McDonald’s All-American e Jordan Brand All-American em 2021;
  • Recruta #1 da classe HS de 2021 para os sites Rivals.com, 247Sports.com e ESPN100.

Estatísticas de Jogo

Papel Ofensivo:

  • Inside/out big alto e longuíssimo, mas com uma coordenação motora e flexibilidade acima da média. Pode ser usado como um finalizador de jogadas (P&R, P&P, dunker spot, C&S, atacar closeouts), mas é mais do que uma excelente ‘peça média utilização – alta eficiência’. Uma ameaça como portador em transição, tem flashes muito ocasionais de criação individual, tomando proveito da sua combinação de drible/passe/lançamento/tomada de decisão acima da média. Talvez exista um tecto por destapar, especialmente se usado com alguma criatividade.

Papel Defensivo:

  • Híbrido 4/5. Uma das ancoras de protecção de cesto mais talentosas a aparecer na história recente da NCAA, fazendo uso do seu tamanho e de excelentes instintos de ajuda. Pode vir a ser uma peça defensiva transformativa. Muito bom defensor em coberturas P&R mais conservadoras, mas, não sendo um switch all, tem capacidade para trocar no bloqueio e ficar a frente de alguns portadores. Vai ter dificuldades em defender massudos no poste baixo, mas não é por falta de vontade.

Em que equipas faz sentido?

Uma das belezas com Holmgren é que não existe bem uma equipa que não queira aquilo que ele oferece – ‘Protecção de cesto e versatilidade ofensiva num gigante? Ai, não quero!’. Encontrar uma parelha de frontcourt que lhe permita ganhar corpo nos primeiros anos de liga é uma ideia apetecível, um pouco como Memphis fez com JJJ e Valanciunas. Exemplos disto poderiam ser San Antonio com Jakob Pöltl, talvez Sacramento, mas o meu destino favorito seriam os Houston Rockets. Que maravilha de ataque seria ver Chet a atacar a partir da criação de poste baixo de Alperen Sengun, enquanto tapa buracos de uma das piores defesas da liga.

ANÁLISE DETALHADA, ou algo para ler entre o Anna Karenina e os 100 Anos de Solidão

Atletismo

Atleta funcional com medidas extraterrestres.

Começando então com as tais medidas – altura de poste, com uma envergadura muito longa. As pernas, igualmente longas, tornam-no numa personagem algo peculiar no meio do court, mas também lhe limitam o equilíbrio e força de núcleo, dado o muito elevado centro de gravidade. Tem ombros nada largos e uma massa muscular pouco desenvolvida, algo que se tem tornado um tema de conversa e, frequente e quase injustamente, perto do único.

A juntar a isto, é um jogador que se move bastante bem no espaço para alguém do seu tamanho – é fluido e possui um bom controlo corporal, permitindo-lhe passar por entre os buracos da agulha, é talvez esta conjugação de habilidades a sua maior vantagem física. Decentemente ágil, tanto norte/sul como este/oeste, embora não seja muito rápido a acelerar ou a mudar de direcção. De forma semelhante, não tem um mau pop a sair do chão, especialmente quando salta a partir dos dois pés.

Creio que, como nota final, podemos conjecturar sobre se esta fisionomia o pode tornar susceptível a lesões graves, especialmente nos membros inferiores, como um Porzingis, mas não é alguém que tenha um cadastro longo de meses passados no estaleiro. Vale o que vale.

Criação ofensiva

Tal como fiz com o Scouting Report do Paolo Banchero, vou partir esta secção em poste baixo, alto e perímetro, por esta ordem.

No poste baixo, é tão melhor quanto menos tempo tiver a bola na mão. Gonzaga desenha poucas jogadas de poste baixo para Holmgren e há várias razões para isso – a sua falta de força posicional, apesar do tamanho, é um detrimento para a sua criação no pintado. Nota-se que tem dificuldade a cavar posição e oferecer linha de passe, e, quando recebe e tenta encostar contra o seu homem, tem dificuldade em movê-lo, muitas vezes perdendo equilíbrio e/ou posição.

Dito isto, é excelente em acções mais rápidas – sair do P&R, encostar, receber e tomar uma decisão. Tem uma técnica primorosa em hooks (e em todo o tipo de acções a finalizar, tem excelente shooting touch), com qualquer uma das mãos. É muito ágil a receber, usar um hop step e finalizar, e não tem problemas em terminar jogadas após absorver contacto.

Para além disso, apesar da falta de força, tem uma grande vantagem de estatura, que lhe permite subir por cima de muito adversário e disparar jumpers deliciosos à rectaguarda.

Boa parte do que faz no poste alto é positivo, mas não é um centro de criação ofensiva nesta zona do campo, sendo inclusive a área onde lança menos (apenas 43 FGAs aqui). Consegue replicar aquilo que faz no poste alto, consegue receber e meter a bola no chão, mas é mais alguém que cria dentro daquilo que o treinador desenha.

Para mim, o maior interesse está no perímetro. Em Spokane, Chet tem sido maioritariamente usado como uma peça de média usage (21.5%), não como um criador de vantagens, mas há momentos, aqui e ali, de criação individual.

A atacar closeout, mostra-se confortável a fingir o triplo e meter o drible em linha recta até ao cesto. É fluido no espaço e tem, aqui e ali, levado a borracha laranja (eheheh) até ao coração do pintado depois de um spin move ou de uma passada em desaceleração, também podendo finalizar com um jumper ou um floater a meia distância.

Não tem uma boa explosão quando ataca, mas, como é tão longo, consegue ganhar espaço nas passadas iniciais, ou simplesmente finalizar por cima do defensor. A aliar a isso, o drible é relativamente sólido/confiante para alguém tão alto, todos os seus movimentos têm imensa amplitude, conseguindo atacar tanto pela esquerda como pela direita, embora se notem algumas falhas técnicas (dribla longe do corpo e demasiado à frente do defensor). Para além disso, vai ter de aprender a melhor atirar o ombro contra o defensor quando inicia a passada, isto porque, com a desvantagem de força que vai encontrar na NBA, pode ser facilmente desviado da sua trajectória e perder o equilíbrio com a bola.

Antes de terminar, queria falar de uma vertente interessante do seu jogo ofensivo – a transição. Chet é uma verdadeira ameaça a carregar a bola de uma ponta a outra. Adora ter liberdade para ressaltar e iniciar ataque, disparando passes ou levando a bola em contra-ataque, puxando de um pull up 3 já muito característico, ou levando até ao cesto oposto. É aqui que aparecem alguns dos seus momentos mais entusiasmantes de criação individual.

Lançamento

Óptimo, óptimo atirador, que converte de todas as zonas do campo e com alguma versatilidade técnica.

Olhando para os números – 44.3% de 3PT (88 tentativas, 76.9% delas assistidas), 41.9% de 2 pontos fora do garrafão (43 tentativas, 16.7% assistidas) e 75% de LL em 84 tentativas. Os números da charity stripe não gritam ‘ELITE!!’, e não sei se consigo BEM comprar um atirador de 40% de carreira (muito poucos são, tbh), mas tem muito bons números, que têm vindo a subir com o progredir da temporada, juntamente com o volume (39.1 de 3PT Rate).

A mecânica é algo peculiar, especialmente na base – os pés apontam para dentro e as pernas colapsam. Acredito que seja mais algo relacionado com o tamanho das pernas, mais do que transferência de energia deficiente, até porque a parte superior é natural. Não consegue uma super elevação no salto, mas tem um release point incrivelmente alto, e o arco na bola é natural.

É versátil em termos da ‘tipologia de lançamento’ – lança em C&S com zero hesitação e oferece gravidade mais do que muita, apesar de não existir grande evidencia de tiros a sair de bloqueios indirectos, ou em movimento, no geral. Porém, conseguir disparar pull up jumpers com alguma facilidade, transitando suavemente do drible para o tiro quando carrega em transição, ou em turnaround fades quando joga de costas para o cesto. Não tenta aqueles stepbacks que estão na moda, mas creio que mais por imposição do staff de Mark Few.

Outro ponto favorável é o shooting touch no geral, a bola parece que vai sempre parar redondinha lá dentro, seja em floaters de meia distância ou a finalizar junto do cesto. É um optimo prospect neste sentido!

QI e selecção de lançamento

Jogador inteligente, que não tem dificuldades em alternar entre uma peça secundária e uma peça com responsabilidades de criação ofensiva.

O seu perfil de lançamento é muito dentro-fora, como já referi antes – 94 FGA no aro, 84 de lance livre, 88 atrás da grande linha. Tem um ‘relógio interno de qualidade de lançamento’ apurado, procurando as suas oportunidades, mas evitando lançamentos altamente contestados, e decide relativamente bem dentro do fluxo ofensivo. Em Gonzaga, não lhe tem sido pedido para ser arrojado a procurar o seu próprio ataque, mas não creio que isso lhe vá ‘deixar marca’ no desenvolvimento.

No início da temporada, mostrava alguma tendência para procurar zonas de trânsito, mas tem sido algo que vem a progredir com a temporada.

Ref.: https://dsamangy.shinyapps.io/2022_NBA_Draft_App/, actualizado até 26 de Jan

Passe

Bom passador que, não tendo uma excelente visão ou processamento, beneficia de rápida tomada de decisão e técnica de qualidade.  

Expandindo sobre a técnica, consegue passar com ambas as mãos, passando de uma posição estacionária ou transitando de forma confiante do drible para o passe. Executa o passe picado e faz entregas de meio-campo quando tem liberdade para fazer o que quer em transição.

Para mim, tem duas grandes vantagens como passador – a precisão das suas execuções, especialmente em acções poste alto – poste baixo, onde mete a bola redondinha no buraco da agulha, e a rapidez com que toma decisões, semelhante à maneira com que atira assim que recebe de 3, não há tempo perdido com ele, e isso torna-o numa excelente peça em entregas de bola em mão, ou a receber no meio, depois de sair de um bloqueio.

É um excelente passador-conector – é como aquele tapete no Big Lebowski, ‘It really ties the room together’.

Neste sentido, difere de Banchero, por exemplo, que é alguém que toma proveito da sua capacidade natural para desequilibrar no 1v1 para puxar ajudas e abrir linhas de passe. Chet, não tendo tanta gravidade como scorer, não tem essa vantagem natural de playmaking.

Quando recebe e ataca na linha de três, tende a passar com a mesma decisão, mas, aqui e ali, nota-se que não tem a melhor das visões e falha colegas abertos para se abalroar contra os habitantes do garrafão. Para mim, isto é mais notório quando joga de costas para o cesto (falha alguns cortes, decisões tardias), comparativamente com quando está enquadrado com o aro, o que pode ser um indicador de uma visão não tão especial, ou simplesmente de algum desconforto que sente quando tenta encostar ao seu homem.

Também não é propriamente um passador manipulativo, apesar de ter uns poucos exemplos de no-look passes que abrem linhas de passe em transição. A amostra não é a maior, e claro, é mais simples do que distribuir no meio-campo ofensivo, mas é um possível indicador positivo para o futuro.

Finalização

Incrivelmente produtivo como finalizador – apenas falhou 11 (!) em 94 tentativas à volta do aro, até à data da escrita deste artigo.

Tem uma incrível de combinação de habilidade e ferramentas físicas – Finaliza fácil com qualquer uma das mãos, e tem uma técnica quase perfeita em gachos, que, devido ao seu tamanho, são perto de inalcançáveis. Explode benzinho na chamada a partir dos dois pés, mesmo com algum engarrafamento em seu redor.

Tem um belo motor junto do cesto, e ao contrário do que a aparência de Slenderman possa denunciar, não tem qualquer problema em procurar o contacto, conseguindo finalizar mesmo depois de sofrer falta, ou de ser fortemente deslocado da sua posição original.

A adicionar a tudo isto, é bastante ‘rato’ com as suas tentativas, usando pump fakes para meter o defensor no ar e abrir algum espaço para colocar a bola no cesto e/ou sofrer falta.

Podemos aqui falar da sua projecção na NBA, e claro, batalhar numa liga ainda mais física pode ‘tankar’ estas percentagens, mas eu não acredito que ele deixe de ser um muito bom finalizador. É demasiado habilidoso, demasiado longo, demasiado combativo, demasiado produtivo, para os números alguma vez azedarem de tal maneira.

Ataque sem bola

Mais uma vez, vou voltar a fazer um pequeno pijaminha das várias vertentes do grande bolo que é o ataque sem bola.

Começo a falar de como Chet actua como big no P&R – É alguém que, se utilizado com cuidado e criatividade, pode ser uma óptima peça. Perde muito no que são as habilidades de um rim runner tradicional – não tem o físico para fazer muito bons bloqueios, não tem a explosão necessária para puxar a defesa para o meio depois de desbloquear e correr para o cesto.

Tem muito mais valor em situações onde faz um slip screen (significa que foge ao contacto no bloqueio, não são cuecas). A aliar a isso, como roller, consegue compensar a falta de explosão duas coisa: (i) imensa cobertura de espaço (dá duas passadas e já está na linha de fundo), e, (ii) um nível muito acima da média a driblar/passar/lançar/decidir com bola. Neste sentido, pode ser um short roll big muito interessante, seja a lançar floaters da linha de lance livre, ou a passar para debaixo do cesto.

Chet tem sido mais usado no P&P em Gonzaga, oferecendo o espaçamento necessário para sinergizar com Drew Timme, o centro de criação ofensiva da equipa no poste baixo. Nesta vertente também se aplicam os problemas de capacidade de bloqueio, mas tudo o resto é muito bom – a gravidade para oferecer verdadeiro espaçamento, a mínima hesitação com que lança assim que recebe (e obriga a defesa a fazer um closeout honesto), e a inteligência com que consegue fingir o triplo e atacar, ou apenas transitar para uma simples entrega de bola em mãos. Toda esta crítica também é aplicável para quando é apenas um jogador a estacionar na linha de 3.

Para finalizar, é um peão inteligente a mover-se sem bola, cortando da linha de fundo para dentro e receber de um post up no lado oposto, ou simplesmente oferecendo uma clara linha de passe no dunker spot.

No fundo, todo este pequeno capítulo confirma muito do que tenho dito sobre ele – inteligente, não faz a bola parar e decide de maneira a conservar, ampliar ou finalizar as vantagens que lhe são oferecidas.

Ressalto

Não é um mau ressaltador, apesar de prever que vá ser a área do seu jogo que mais vai ser ‘traída’ pela sua fisionomia. Os números não são nada maus – 28.6 de DReb%, 7.9 de OReb%, especialmente tendo em conta que joga uma boa porção do tempo a 4 e não a 5. A equipa, como um todo, também não sofre nas tabelas.

Há coisas a gostar, para além da produção actual: mãos seguras, que combinam com altura e envergadura, mas os boxouts não são particularmente disciplinados, ou, por vezes, nem chegam a existir, tal é a facilidade com que é ping-pongueado de um lado para o outro na luta das tabelas, ou até atirado para o chão. Para mim, é das áreas de maior preocupação em termos de como as suas limitações físicas podem impactar o jogo.

Defesa individual

Mais uma vez, vou partir em defesa no P&R (múltiplas coberturas), poste baixo e perímetro.

Muito bom defensor no P&R, combinando grande proficiência na defender em coberturas conservadores com capacidade de ser usado em esquemas mais agressivos.

É excelente em coberturas conservadoras. Não chegando a ser um Evan Mobley, tem praticamente tudo o que é preciso para prosperar – inteligência posicional, postura disciplinada, envergadura para tirar o jumper de meia distância, capacidade para deslizar lateralmente, bem como para recuar em marcha-atrás para a posição original. É ver.

Consegue prosperar em coberturas mais agressivas, tendo sido utilizado em high hedge, onde mostra agilidade para deslizar acima do nível do bloqueio, mas precisa de ter mais urgência a recuperar para a posição original.

Quando tem de trocar no bloqueio, consegue ficar à frente do portador no perímetro, tomando proveito da sua lateralidade em áreas curtas, capacidade de cobrir vasto espaço e fluidez de ancas ao trocar de direcção, algo que não esperava.

Não é um switch all big, é mais uma habilidade para ser usada aqui e acolá. Tem momentos francamente positivos em termos de trabalho de pés, conjugando passadas pequenas com outras mais longas, mas também tem inconsistências a cruzar os pés e perder o equilíbrio no espaço. Para além disso, vai ter dificuldades a conter penetração em drible de jogadores que ganhem na força, especialmente quando lhe atacam o peito com ímpeto, vindo do garrafão.

No geral, prefere, no 1v1, tirar o triplo e ‘oferecer’ linha para o cesto, fiando-se na sua capacidade de cobrir espaço vindo de trás e desarmar, ou perturbar, a bandeja no pintado.

Por fim, poste baixo. Sinceramente, outra área onde há uma ‘sobre caricatura’ do seu jogo. Evidentemente, Holmgren possui desvantagens físicas e de estrutura, que lhe dificultam a capacidade de manter a sua posição debaixo do cesto, mas não deixa de ser muito difícil meter a bola no cesto com um mata-moscas gigante à frente.

O Bulldog compensa com tamanho, verticalidade e motor. Desenvolve manhas, como tentar inclinar o tronco para a frente para mitigar a absorção de contacto. É activo com as mãos.  Vai ser muito difícil conter Jokic e Embiid? Vai (é fácil para quem), mas há algumas evidencias de equipas cujo gameplan foi tentar explorar esta debilidade de Chet, e de lá saíram muito amarguradas (ver o jogo com UCLA).

Fugindo à questão do peso, considero que há duas debilidades que precisam de trabalho – a demasiada facilidade com que tira os pés do chão e cai em pump fakes, e a falta de agilidade a reagir a movimentos mais bruscos, como hop steps ou spin moves.

Defesa colectiva e protecção de cesto

Um dos melhores protectores de cesto a aparecer no basquetebol universitário, podem passar ao próximo capítulo.

(Mas agora a sério), números monstruosos (11.7% Block Rate), que nem pintam completamente o factor intimidação que possui à volta do seu garrafão. Um pouco como já falei acima, tem bons instintos posicionais (óptimo a ‘ocupar’ dois defensores ao mesmo tempo), e capacidade de rodar, vindo do lado fraco, ou simplesmente a pairar no pintado. Para além dos instinto aguçados, consegue ir de A -> B com relativa facilidade.

Raras vezes aparece atrasado, e mesmo quando o faz, tem alguma vantagem para jogar no erro.

Queria fazer referência ao muito baixo nível de roubos de bola (17 o ano inteiro), que, francamente, não consigo bem explicar. Por um lado, creio que é esquemático, Gonzaga quer que todo o ataque adversário afunile para si, e que Chet não jogue fora disto, mas desconfio que este número tem também a ver com algum conservadorismo a sair de posição/tentar meter a mão na bola, de maneira a evitar colocar-se numa posição em que pode perder o equilíbrio.

Uma nota final para os closeouts, que, para alguém disciplinado no interior, são tenebrosos. Não tanto em termos de técnica, mas em termos da facilidade com que cai em todo o tipo de fakes. Mais atenção, Zé Carlos!

Ponto final, paragrafo

Com uma sequência de jogos incrivelmente quentes nas últimas 3-4 semanas (contra alguns oponentes Mickey Mouse, sejamos honestos), Chet Holmgren tem vindo a agarrar a posição #1 em muitos boards, à frente dos restantes membros do trio maravilha, enquanto me faz ter muitas dúvidas em relação ao meu top pessoal – ele ou Paolo?

Existem preocupações – um acompanhamento sério do desenvolvimento físico nos primeiros anos, e talvez o facto de ser o jogador que precisa de um ambiente ofensivo mais criativo, como o super conector que é, para o desbloquear ao máximo. Chet não é o desequilibrador nato que Paolo é hoje, nem tem as ferramentas para alcançar o tecto de criação do italo-americano, mas, arrisco-me a dizer, tem um chão e impacto mediano ao longo da carreira superior ao dos dois oponentes, dado o valor das suas habilidades ‘secundárias’.

Isto é suficiente para colocar alguém como #1? Normalmente, não, para mim, mas isso seria estar a ignorar a posição em que joga e o facto de que o dinheiro, com Holmgren, nem está aí – está naquilo que oferece em termos defensivos – protecção de cesto outlier e elasticidade de cobertura no P&R e, aí, o argumento é quase à prova de bala.

Isto é só tudo o que a NBA procura num big man, fica o elevator pitch (para aquela vez em que ficarem lá presos)!

por NUNO SOARES [@NunoRSoares]

Autor

Nuno Soares

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