Se a NBA fosse mais “Jam” e 5 jogadores que pareciam saídos de um videojogo

por mar 1, 2023

Inspirado pela ideia que eu propus – no meu último artigo – para incluir um torneio 2 vs 2 no All-Star Game, passei as últimas semanas obcecado com a ideia. Quais seriam as duplas de cada equipa se a liga se convertesse num torneio de “NBA Jam”?

Antes de nos aproximarmos dos playoffs e eu começar a dedicar esta minha coluna a temas mais sérios e analíticos, achei por bem dedicar este texto, ainda, a uma total e excessiva parvoíce.

Assim, sem mais demoras – este artigo vai ficar looooongo –, aqui fica a minha visão da NBA se esta se dedicasse ao culto de Boom Shakalaka:

Atlanta Hawks – Trae Young / John Collins

Sim, a defesa de Dejounte Murray poderia dar-nos alguns daqueles roubos de bola em que os jogadores quase voam para fora do court, mas os afundanços do John Collins são uma combinação muito mais fluida com os triplos de Trae Young para este jogo.

Brooklyn Nets – Mikal Bridges / Spencer Dinwiddie

Vamos sinceros, esta escolha não é muito entusiasmante. Eu até gosto de alguns dos jovens valores nesta equipa dos Nets… na vida real. Em termos de um jogo de NBA Jam, este é um sério candidato a quase nunca ser escolhido por ninguém.

Boston Celtics – Jayson Tatum / Jaylen Brown

Sim, temos aqui dois jogadores que são um pouco redundantes e que fazem muito do mesmo em campo. Mas quando os que eles fazem é chover triplos e afundar na cara de gigantes, acho que podemos dizer que seria uma dupla forte neste jogo.

Charlotte Hornets – LaMelo Ball / Gordon Hayward

Eu sei, eu sei… Gordon Hayward? Eu sei. Não é uma escolha inspirada. Mas é o que temos. Querem que eu coloque o Rozier? Não, obrigado. Para já, o LaMelo terá de se contentar com o Gordon. Para o ano… quem sabe não lhe calhe o Victor na rifa.

Chicago Bulls – DeMar DeRozan / Zach LaVine

Não adoro a ideia do DeRozan num formato destes, mas é só uma questão de fazê-lo concentrar-se em atacar o cesto e não tanto no midrange. Quanto a LaVine, acho que ele foi criado em laboratório para jogar no “NBA Jam”.

Cleveland Cavaliers – Donovan Mitchell / Evan Mobley

Claro que eu sei que, neste momento, Garland é melhor que Mobley. Mas já temos o Donovan Mitchell para garantir os triplos e a criatividade ofensiva, porque não colocar o Mobley perto do aro para os putback dunks e o ocasional alley-oop?

Dallas Mavericks – Luka Dončić / Kyrie Irving

O que dizer em relação a isto? Seria um completo disparate. Seriam imparáveis. Sem dúvida no Top-5 das primeiras equipas a serem escolhidas. Sim, talvez não tivessem afundanços por aí além, mas tudo o resto seria uma avalanche de ataque.

Denver Nuggets – Nikola Jokić´/ Jamal Murray

Nikola Jokić vai, muito provavelmente, ser MVP pela 3.ª vez. Mas isso não quer dizer que fosse necessariamente fenomenal neste formato – o NBA Jam não é especialmente focado em passes do high post para slashers. Já o Jamal Murray seria incrível.

Detroit Pistons – Cade Cunningham / Jaden Ivey

Um falso lento a controlar o ritmo de jogo, um super rápido a cortar pelas defesas. Há potencial nesta dupla, sem dúvida, mas a inconsistência no lançamento exterior seria um problema difícil de contornar.

Golden State Warriors – Stephen Curry / Klay Thompson

O que dizer desta parvoíce? Seria uma dupla equilibrada? Claro que não. Teriam sérios problemas em criar ataques explosivos ao cesto? Sem dúvida alguma. Mas seria incrível só para bater o recorde de vezes do locutor a exclamar “He’s on fire!”.

Houston Rockets – Kevin Porter Jr. / Jalen Green

Na NBA, esta dupla tem sido uma comédia de erros. Uma salganhada disfuncional que nem ganha jogos nem se desenvolve como talento. Mas no NBA Jam? Aí a conversa seria diferente. Depois das “grandes estrelas”, esta dupla estaria logo a seguir na hierarquia.

Indiana Pacers – Tyrese Haliburton / Myles Turner

Um passa muito bem a bola, o outro recebe os passes para afundar debaixo do cesto. Um defende bem no perímetro, o outro defende bem no garrafão. Ambos chovem triplos sem vergonha. Esta dupla seria melhor do que muitos estariam à espera.

Los Angeles Clippers – Kawhi Leonard / Paul George

Se fosse o Westbrook de há uns anos atrás, entraria ele aqui para o lugar do Kawhi. Sem espinhas. Mas o exercício é avaliar as equipas agora. E não sei se o algoritmo generoso do “NBA Jam” iria saber lidar com a percentagem de lançamento do Russ. Que seja o Kawhi.

Los Angeles Lakers – LeBron James / Anthony Davis

Com ambos saudáveis, esta dupla continua a ser uma das mais demolidoras em toda a liga. Na vida real e num videojogo. Até o lançamento exterior seria interessante, mas o ataque ao cesto, esse sim, seria um completo rolo compressor.

Memphis Grizzlies – Ja Morant / Desmond Bane

A capacidade de triplo do Jaren Jackson Jr. fez-me considerar colocá-lo aqui, mas ele não deixa de ser um pouco lento. Vamos antes colocar aqui o Desmond Bane ao lado do Ja e criar a dupla de ataque mais explosiva no jogo. Um pouco como já é na NBA.

Miami Heat – Jimmy Butler / Bam Adebayo

Em virtude de respeitar o espírito do jogo, quis mesmo muito colocar aqui o Tyler Herro em vez do Jimmy Butler, mas cobarde me assumo. Contentem-se com a eficiência não-espetacular de Butler e Bam e deixem o NBA Jam para outras equipas.

Milwaukee Bucks – Giannis Antetokounmpo / Jrue Holiday

Giannis seria absolutamente incrível no NBA Jam. Shaq reencarnado. Completamente imparável. Para emparelhar com Giannis, ponderei seriamente o Middleton, mas acho que o Jrue ainda assim combina melhor com o jogo do Grego. Fogo e gelo. Nice.

Minnesota Timberwolves – Anthony Edwards / Karl-Anthony Towns

No NBA Jam não há rivalidade internas ou lesões recorrentes. Não há lutas de egos ou maus contratos. Só há puro talento e a vontade de rebentar tabelas. Ant e Kat seriam, em pico de forma, uma das melhores duplas no jogo. Só superada, na minha cabeça, por uma outra.

New Orleans Pelicans – Zion Williamson / Brandon Ingram

McCollum poderia, talvez, formar uma parelha mais lógica com o jogo de ataque ao cesto de Zion, mas não me interessa. Eu gostaria antes de ver Brandon Ingram em campo, quanto mais não seja pelo espetáculo visual das brutais diferenças de estruturas corporais.

New York Knicks – Julius Randle / Jalen Brunson

Esta seria uma dupla com a qual seria possível duas coisas simultaneamente. Por um lado, ganhar muitos jogos com uma dieta sólida de cestos de todos os lados. Por outro, um número considerável de amigos a não querer jogar contigo porque é uma seca. São escolhas.

Oklahoma City Thunder – Shai Gilgeous-Alexander / Josh Giddey

Esta é estranha. Porque embora esta dupla faça muitas coisas espetaculares na NBA, o que fazem é espetacular de um modo que não excita da mesma forma no NBA Jam. Seriam uma dupla sólida, mas menos entusiasmante do que se poderia pensar.

Orlando Magic – Paolo Banchero / Franz Wagner

Eu gostava de vos poder dizer que esta seria a melhor dupla no jogo, mas sinto um dever interno de ser sincero. Na vida real? Incrível e cheia de potencial. Adoro ver os meus dois jovens talentos a jogar. No NBA Jam? Seriam pouco mais que aceitáveis.

Philadelphia 76ers – Joel Embiid / James Harden

A melhor dupla em todo o jogo. Têm tudo. Lançamento exterior, afundanços, ritmo de jogo, tudo. Num jogo puramente concentrado em ataque, não teriam rival. Só esperemos que o jogo não inclua sliders de “jogo crucial nos playoffs”. Desculpem, não resisti.

Phoenix Suns – Kevin Durant / Devin Booker

Devido à resistência de Booker em lançar mais de triplo, apesar de o fazer bem, Devin acaba por não ser especialmente bom num jogo deste estilo. Até mesmo Durant é mais “cool” que explosivo. Mas seriam difíceis de parar, sem dúvida.

Portland Trail Blazers – Damian Lillard / Jerami Grant

Underrated. Lillard a chover bombas de trás do meio-campo e Grant a atacar o cesto de forma feroz seria uma combinação difícil de parar. Até mesmo o estilo defensivo mais agressivo de Jerami iria fazer sentido neste jogo. Gosto muito desta dupla.

San Antonio Spurs – Keldon Johnson / Devin Vassell

Nem vou fingir que haveria algum interesse em jogar com esta equipa.

Sacramento Kings – De’Aaron Fox / Domantas Sabonis

O Sabonis não faz grande sentido neste jogo. Nem lança de triplo, nem afunda. Mas é a única escolha não-herética que posso colocar do Fox, que seria perfeito. Feita a escolha “oficial”, deixo no ar a criação de um “cheat code” para podermos antes jogar com o Neemias.

Toronto Raptors – Pascal Siakam / Fred VanVleet

Tal como os Raptors tendem por vezes a ser no jogo real, esta dupla seria… ok. Nem das melhores, nem das piores. Sem grandes pontos fracos e sem grandes elogios a fazer. Uma escolha… sólida, que é um bocado a última coisa que se quer num jogo como este.

Utah Jazz – Lauri Markkanen / Jordan Clarkson

Há um ano , esta seria uma das piores duplas em todo o jogo. Este ano? Chutem-me “The Finnisher” para as veias, por favor. Continua a não adorar o Clarkson, mas o jogo do Markkanen este ano grita “Boom Shakalaka” por todos os poros.

Washington Wizars – Bradley Beal / Kristaps Porzingis

Na NBA, esta parelha apresenta números sólidos e poucos resultados. Já no jogo? Seriam incrivelmente difíceis de parar. Outras daquelas duplas que oferece um pouco de tudo e com uma dose respeitável de “He’s heating up!”.

***

Para terminar este meu já muito longo artigo, deixo-vos alguns jogadores do passado que mais personificavam o modo como jogamos em videojogos. Não necessariamente os melhores de sempre, mas antes uma seleção muito pessoal dos jogadores que eu mais tentava imitar com um comando na mão:

Penny Hardaway

Esta é a minha escolha mais pessoal de sempre. Penny Hardaway é o meu jogador favorito. Foi através dele que eu me conhecei a interessar verdadeiramente pela NBA – e não apenas a acompanhar o meu irmão enquanto ele via jogos dos Chicago Bulls pela noite dentro num canal alemão que apanhávamos num canal de satélite manhoso. O Penny era “cool” mas explosivo, fazia passes impossíveis e afundanços demolidores. Era tudo o que eu queria ser.

(Clippers) Blake Griffin

Antes que me venham dizer que o Blake Griffin não é “do passado” porque ainda joga, atentem nos parêntesis. O Blake Griffin dos Clippers, principalmente quando entrou na liga era um espécime diferente. Afundanços atrás de afundanços, cada um mais espetacular que o outro. Mozgov, Perkins, o Pau Gasol em duas ocasiões diferentes. O Blake fez-nos todos comprar aros mais baixos para o tentar imitar. Alternativamente, tínhamos a Playstation.

Jamal Crawford

Sabem quando estamos a fazer uma carreira no MyPlayer e como não temos a certeza que os colegas de equipa vão lançar quando lhes passamos a bola e simplesmente dizemos “fuck it” e lançamos sempre que temos a bola? Jamal Crawford era assim. Nunca um jogador cristalizou tão bem a fussanguice de um jogador de NBA2K frustrado. Juntamos a isso a deliciosa beleza do “shake and bake” e temos aqui um jogador perfeito para esta lista.

Allen Iverson

Com o evoluir dos jogos, para evitar que todos marcassem 300 pontos por jogo a chover triplos de todo o lado, os programadores decidiram tornar as mecânicas de lançamento cada vez mais complicados. Para um “gamer” velho e destreinado como eu, isso fez com que eu tivesse de recorrer cada vez mais à mesma jogada: “iso”, “crossover”, ataque ao cesto. Basicamente, eu agora jogo sempre como “peak” Iverson. Sim, esta escolha é super narcisista. Deslarguem-me.

Jason Williams

Para terminar, deixo-vos com a melhor e pior escolha desta minha lista. Por um lado, a NBA provavelmente nunca viu um jogador tão criativo como o “White Chocolate”. Fintas mirabolantes, passes ridículos, “heat checks” inesperados. Jogadas tão absurdas que nem os próprios videojogos teriam pensado programá-las antes de ele aparecer. O Jason Williams era demasiado irrealista para um videojogo. Pensem bem nisso.

por PEDRO QUEDAS [@quedas]

Autor

Pedro Quedas

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