Sonhos do recomeço e 5 equipas cujos sonhos foram destruídos

por out 21, 2022

Não há nada como a sensação de uma temporada de NBA a recomeçar. Meses de stress à procura de conteúdo de NBA e a ceder à pressão de só ligar a golpes de bastidores estão para trás. Temos basket a sério para ver. E, acima de tudo, vivemos naquele planalto infinito de possibilidades em que nenhum objetivo é demasiado ambicioso. Tudo é possível. Temos carta branca para sonhar.

Equipas como Warriors, Suns, Celtics ou Nets permitem-se o luxo de ignorar o icebergue de instabilidade no balneário e confiar que a força do seu talento os vai carregar ao título. Monstros hibernados como os Clippers e os Nuggets estão prontos para consumar a sua vingança após verem as suas estrelas regressarem de lesões prolongadas e estão plenamente confiantes que essa saúde veio para ficar – enquanto olham à volta freneticamente para ver se não partiram nenhuns espelhos.

Philadelphia e Milwaukee estão na luta pelo título de MVP e não têm qualquer medo do esloveno ameaçador que vive em Dallas. Já Luka começou finalmente uma temporada em boa forma física e tem a certeza que este será o ano dele.

E como esquecer a injeção de confiança em equipas que usaram os seus recursos para trazer estrelas de topo e têm agora na mira uma longa caminhada nos playoffs. São vocês que vão dizer aos Hawks, Cavaliers, Nuggets ou Timberwolves que é capaz de ser um pouco cedo para voos tão estratosféricos? Eu, certamente, não serei.

Como fã dos Magic, eu estou mais preocupado em como explicar aos meus amigos que o frontcourt de Franz Wagner, Paolo Banchero e Wendell Carter Jr. é mais do que suficiente para justificar a minha plena confiança que este ano regressamos à luta pelos playoffs – o tanking pelo Wembanyama que se dane. Vamos ser nós e os Kings.

Ao longo da temporada, muitas destas realidades vão ser confrontadas com a crua realidade dos números. Teremos tempo para fazer análises objetivas, para estudar estatísticas, para dissecar táticas. Vão haver contratempos, desilusões e surpresas, de um modo geral. Irão chover os inevitáveis comentários sobre como sempre tinha sido irrealista estar à espera de melhores resultados.

Mas isso é para depois. A NBA está de volta. Agora é o tempo de sonhar.

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Porque sou um tipo cruel e, ao que parece, não consigo deixar as pessoas ter pensamentos positivos, deixo-vos com uma lista das equipas que mais desiludiram na História da NBA:

Dallas Mavericks / 2006-07

Depois da controversa derrota contra os Miami Heat de Dwyane Wade e Shaquille O’Neal nas Finais, os Mavericks voltaram na temporada seguinte com sede de sangue. Dirk Nowitzki apresentou-se melhor do que nunca e conquistou o MVP da temporada, após conduzir a equipa de Dallas a um registo de 67 vitórias e 15 derrotas. Era a temporada da vingança. E depois apareceram-lhes pela frente os “We Believe Warriors”, com o basket livre e despudorado de Baron Davis e Stephen Jackson a surpreendê-los por completo. Foram eliminados após 6 jogos, tornando-se o primeiro number one seed a ser eliminado na primeira ronda e também a equipa com o melhor registo a conseguir o dúbio feito. Para consolo dos fãs, Dirk Nowitzki ainda teria uma palavrinha a dizer…

Cleveland Cavaliers / 2008-09

A temporada de 2008-2009 era suposto ser a coroação de LeBron James como o novo rei indisputável da NBA. Conquistou o seu primeiro MVP da temporada regular – com médias de 28.4 pontos, 7.6 ressaltos e 7.2 assistências – e liderou a equipa para um registo de 66 vitórias e 16 derrotas, o melhor registo na liga. Nos playoffs começaram por despachar os Pistons em apenas 4 jogos e seguiram-se os Hawks. Também 4-0. O último obstáculo em frente do aparentemente inevitável confronto com os Lakers de Kobe Bryant eram os Orlando Magic. LeBron jogou muito, mas uma dose generosa de Dwight Howard a dominar no interior, Rashard Lewis a chover bombas de todo o lado e Hedo Turkoglu possuído pelos deuses do pick and roll foi o suficiente para destruir os sonhos dos Cavs, que perderam por 4-2.

Miami Heat / 2010-11

LeBron James é um dos melhores jogadores de sempre. Não há qualquer margem para debate neste assunto. Qualquer ranking de melhores de sempre que o coloque abaixo do Top 3 está pura e simplesmente errado. Dito isso, o peso da coroa traz consigo também grandes responsabilidades. E, nas Finais de 2011, LeBron soçobrou. De tal modo que implantou na mente de muitos a ideia de que não é clutch. Spoiler alert: é. Um dos melhores de sempre, na verdade. Mas não contra os Mavs em 2011. Os “Heatles” de LeBron, Wade e Bosh, depois de anunciarem que iam ganhar “not one, not two, not three…” chegaram ao confronto contra Nowitzki com uma arrogância desmesurada. Resultado: tornaram-se apenas os vilões da maior história de “Cinderela” que a NBA alguma vez teve o privilégio de contar.

Golden State Warriors / 2015-16

Estes Warriors eram qualquer coisa… Draymond Green estava no auge dos seus poderes, Klay Thompson era capaz de detonar qualquer equipa com períodos em quase literalmente pegava fogo e, claro, tínhamos Steph Curry, que conquistou o seu 2.º MVP consecutivo – o primeiro e único da História da NBA a ser unânime. Como se isso não fosse já suficiente, os Warriors quebraram um recorde de vitórias que parecia imbatível, terminando com um registo de 73-9. E eram uma equipa impossível de não gostar, com estrelas todas escolhidas através do draft e nem sempre em posições especialmente elevadas. Todos estavam do lado deles. Mas quando chegaram às Finais… tudo mudou. Ou antes, começou bastante bem, com uma vantagem de 3-1. Mas depois Draymond perdeu o juízo, LeBron afastou os seus fantasmas e os Warriors tornaram-se uma das piores desilusões da História da NBA.

Los Angeles Lakers / 2012-13

Como explicar isto aos nossos leitores mais jovens? Lembram-se quando os Warriors adicionaram Kevin Durant à sua equipa e a reacção geral foi um coletivo “isto é injusto”? A sensação de que todos os outros só podiam aspirar a talvez ficar em 2.º lugar? Foi exatamente isso o que todos sentiram com o plantel dos Lakers à entrada para a temporada de 2012-13. A um “core” que já contava com Kobe Bryant, Pau Gasol e Ron Artest (talvez fosse Metta World Peace, na altura), juntaram-se Steve Nash e Dwight Howard. O título era deles. Ponto. Mas a fantasia durou muito, muito pouco. Dwight estava no seu “prime” mas o seu ego também estava descontrolado. Pau Gasol e Steve Nash sofreram com lesões o ano inteiro e Kobe Bryant teve de carregar a equipa às costas, até sofrer, ele mesmo, uma ruptura no tendão de Aquiles. A equipa chegou aos playoffs a coxear, foram varridos pelos Spurs na primeira ronda e os fãs dos Lakers fizeram um voto de silêncio para nunca mais falarem desta temporada.

por PEDRO QUEDAS [@quedas]

Autor

Pedro Quedas

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