Tool, Nets e 5 canções que retratam equipas na NBA

por out 7, 2022

Bem, vamos lá. Primeiro texto da minha nova rubrica para o Borracha Laranja. Nova temporada quase a ter início, o que está mais na minha mente?

Para começar, este é um ano recheado de excelentes equipas. Ou, pelo menos, com mais equipas do que o normal em que podemos ter razoável confiança que vão jogar bem. Que têm uma mistura interessante entre talento e um plano de ataque à época bem formulado. Muito pouca confusão sobre o que esperar. E depois temos os Brooklyn Nets.

“I know the pieces fit / ‘Cause I watched them fall away…”

Eh, pá, ao tempo que não me ponho a ouvir Tool. A “Schism” é incrível, não é? Aquele riff inicial icónico, aquelas linhas de ritmo dissonantes. Que música absurda…

Não, vá, então? Concentra-te. Tens um compromisso a cumprir. Este é um texto sobre os Nets. E o que dizer sobre esta coleção de peças de puzzle? Temos Kyrie Irving, que a qualquer momento tanto pode criar magia em campo como diarreia mental fora dele. Ao lado dele, Durant e a sua capacidade impressionante de se manter excelente mesmo quando rodeado de drama.

“Disintegrating as it goes / Testing our communication…”

E, claro, não nos podemos esquecer de Ben Simmons, Um defensor de elite, um jogador com uma visão de jogo impressionante, especialmente no “fast break”. E, claro, também, uma das estrelas com um dos maiores bloqueios mentais alguma vez vistos, especialmente na sua incapacidade total de comunicar adequadamente as razões para a sua recusa veemente em lançar para o cesto.

“We cannot seem to reach an end / Crippling our communication…”

Caramba, que adoro esta canção. Uma mestria sublime de combinação entre ousadia instrumental e crueza lírica. Uma canção absolutamente fenomenal… mas por que raio é que ela não me sai da cabeça? Enfim, continuemos…

Portanto, dizia eu, os Nets. É fácil dizer que todos sabíamos que a experiência não ia resultar. Demasiados egos envolvidos, diziam as vozes cínicas na nossa cabeça. Mas o facto de estarmos corretos não quer necessariamente dizer que tivéssemos razão. Durante os 202 minutos em que o trio de Durant, Irving e Harden partilhou o campo – na temporada de 2020/21 –, apresentaram um número incompreensível de 119.6 pontos por cada 100 posses de bola. Para efeito de referência, eram, de longe, os melhores em toda a liga nessa métrica.

“No fault, none to blame / It doesn’t mean I don’t desire / To point the finger, blame the other / Watch the temple topple over / To bring the pieces back together / Rediscover communication”

Mas tudo se desmoronou. E agora vivemos neste limbo, entre o que achamos que os Nets podem ser e o que tememos que se virão a revelar. Uma equipa com tudo para resultar mas condenada ao fracasso. Com as linhas de comunicação completamente quebradas entre os jogadores e a gestão, entre os jogadores e a equipa técnica, entre todos. Qual será a solução? Melhor comunicação? Ou uma melhor apreciação do valor do silêncio?

“Cold silence has / A tendency to / Atrophy any / Sense of compassion”

Raios me partam que a música dos Tool não me sai da cabeça. Vá-se lá saber porquê…

***

Enquanto reflito nisso, deixo-vos com uma lista de cinco canções que retratam os estados de alma de cinco equipas neste arranque de uma nova temporada na NBA:

“Go Your Own Way” / Fleetwood Mac – Los Angeles Lakers

“Loving you / Isn’t the right thing to do / How can I ever change things / That I feel?” Esta música quase parece uma janela aberta para o cérebro do LeBron, depois de perceber que podia ter tido o DeRozan em vez de hipotecar tudo para ter o Russell na equipa. “You can go your own way / Go your own way / You can call it / Another lonely day”. Ah, o meu reino por mais uma imagem viral do Westbrook afastado do resto do plantel com um ar amuado. Por vezes não tenho um coração muito meigo.

“Run, Baby, Run” / Sheryl Crow – Sacramento Kings

Neste clássico injustamente esquecido de Sheryl Crow, a cantora “country”  insiste repetidamente “Run baby run baby run baby run baby run”.  Terei eu feito esta escolha para os Kings em homenagem ao estilo de ataque em puro “fast break” que a equipa promete apresentar este ano? Ou estarei antes a pensar no que invariavelmente passa pela cabeça dos seus jogadores durante a “trade deadline”? Deixarei a vosso critério decidirem se são cínicos ou optimistas.

“Man In The Mirror” / Michael Jackson – New Orlean Pelicans

“I’m gonna make a change / For once in my life / It’s gonna feel real good / Gonna make a difference / Gonna make it right”. Segundo os treinadores dos Pelicans, o Zion Williamson, pela primeira vez na sua carreira, decidiu dedicar-se a tempo inteiro a manter o físico e a não confiar apenas no seu talento estratosférico. “I’m starting with the man in the mirror / I’m asking him to change his ways”. Mais vale tarde que nunca, Zion.

“Yesterday” / The Beatles – Boston Celtics

“Yesterday / All my troubles seemed so far away / Now it looks as though they’re here to stay” Os Celtics foram uma história incrível o ano passado. Construíram uma defesa demoníaca, à qual juntaram um ataque com rasgos de grande qualidade e um plantel recheado de jovem talento, pronto a continuar a plantar o seu lugar no topo da hierarquia da NBA. E, depois, Ime Udoka aconteceu… “There’s a shadow hanging over me / Oh, yesterday came suddenly”.

“Superstition” / Stevie Wonder – Los Angeles Clippers

Depois de um ano de hibernação devido a lesões, os Clippers estão de volta à máxima força, prontos a atacar os playoffs e com os olhos em alturas nunca antes alcançaram. “Keep me in a daydream / Keep me goin’ strong”. No entanto, todos sabemos a sorte que os Clippers tendem a ter. Este site existe: www.clippercurse.com. Ainda assim, eu quero acreditar que este vai ser o ano em que finalmente os Clippers vão vingar. Quanto mais não seja porque “When you believe in things / That you don’t understand / Then you suffer / Superstition ain’t the way”.

por PEDRO QUEDAS [@quedas]

Autor

Pedro Quedas

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