De Rei ao peito: Seguimos na luta

por jan 10, 2018

As relações humanas criadas à custa do basquetebol têm, para mim, uma importância vital. Mais do que vitórias e derrotas, quando recordar a minha carreira daqui a 30 anos vou lembrar-me, de sorriso nos lábios, de todos os momentos que passei com amigos que o basquetebol me deu. E isso não tem preço.

Depois da derrota caseira com o FC Porto e já de cabeça limpa, era altura de enfrentar a Oliveirense. Jogo complicado, frente a uma equipa extremamente equilibrada, com muita qualidade em todas as posições e muito bem treinada. Comandaram o marcador desde o início e saíram vitoriosos de nossa casa. Nada a dizer. Dominaram em todos os aspetos do jogo.

Mas não tínhamos tempo a perder. O final da primeira volta acabou com uma derrota caseira em casa e a segunda volta começava apenas três dias depois, novamente em Guimarães, com a receção ao Sport Lisboa e Benfica, com um plantel que não precisa de apresentações.

Que jogo este… Ainda hoje tenho dificuldade em descrevê-lo. Começámos melhor, estivemos na frente por vários pontos de vantagem – penso que o máximo foi 16 -, mas o Benfica conseguiu voltar ao jogo no quarto período… que terminou empatado. E lá seguimos para o prolongamento. Benfica para a frente, Vitória para a frente, trocas sucessivas no marcador, o suspense estava instalado. Foi um verdadeiro hino ao basquetebol. E, no final, mais um prolongamento!

Com um Rod Nealy completamente inspirado, acabámos por ganhar nos últimos segundos. Que vitória! Suada, mas merecida. E com muita gente no pavilhão. É para estes jogos que, enquanto jogador, trabalhas durante uma época inteira. É para viver momentos como este!

Pausa natalícia

Tive o privilégio de passar este Natal com a minha família. Nas temporadas que passei no estrangeiro nem sempre foi possível vir a casa. E que bom que é. Família reunida, uma energia fantástica e tivemos como “convidados especiais” os meus colegas de equipa norte-americanos Rod Nealy, Lace Dunn e Devaugntah Williams. Já estive fora e sei como é estar sozinho nestes momentos.

As relações humanas criadas à custa do basquetebol têm, para mim, uma importância vital. Mais do que vitórias e derrotas, quando recordar a minha carreira daqui a 30 anos vou lembrar-me, de sorriso nos lábios, de todos os momentos que passei com amigos que o basquetebol me deu. E isso não tem preço. Quis que eles se sentissem em casa. Nesta altura o melhor presente é estar presente e eles, ali, mesmo estando com uma nova “família”, sentiram-se em casa.

Depois do Natal, deslocação ao Dragão. Para mim foi o regresso ao pavilhão onde dei os meus primeiros passos como profissional. Sabia que nos esperava mais um jogo difícil, porque não é fácil ganhar ao FC Porto em casa. Demos tudo, mas há dias em que as coisas não saem bem e este foi um desses dias. Acredito que não perdemos nas derrotas, mas aprendemos. Os erros que foram feitos não se voltarão a repetir. Seguimos na luta!

Ano Novo

Queríamos entrar com o pé direito em 2018. No jogo em casa contra o “perigoso” Galitos, era importante começar bem. Foi isso que fizemos. Após um primeiro período muito positivo, o Galitos conseguiu aproximar-se e passar para a frente, chegando a uma vantagem de dois dígitos já no terceiro período.

Tínhamos que lutar e fazer um quarto período de luxo para sairmos vencedores. Lutámos, suámos e, embalados pelo barulho dos nossos adeptos, ganhámos no último segundo! Que emoção!

 

“Game winner” antes do meio-campo para nos levar à vitória. Em relação ao meu cesto do meio-campo… eu nem sei o que dizer. Foi um excelente trabalho do Rod Nealy a ganhar o ressalto e a soltar a bola rapidamente para mim. Depois… não sei descrever por palavras… Com uma fé inabalável, lancei a bola com um único objetivo que ela entrasse e ganhássemos o jogo. E assim foi! Foi um momento fantástico e que ficará gravado na minha memória durante muito tempo!

Escrevo-vos em breve, com votos que o ano de 2018 seja o vosso ano. Acreditem, lutem, sonhem e trabalhem. Nunca se esqueçam que, com fé e esperança aliados ao trabalho e a uma mente positiva, temos a força para realizar todos os objetivos e sonhos que desejamos.

por MIGUEL MARIA CARDOSO

Autor

Miguel Maria Cardoso

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