Nesse telefonema, o Moncho fez questão de frisar que eu não pertencia à Seleção e que apenas iria treinar naquelas duas semanas. Confesso que apreciei a honestidade do Moncho, mas pedi um dia para pensar.
Esta história começa depois de não ter sido convocado para o Campeonato da Europa de 2007. Na altura, com 35 anos, pensei que alguns dos sonhos que tinha nunca se iriam realizar.
No entanto, tudo mudou em 2008, quando recebi um telefonema do então selecionador Moncho Lopez, a perguntar se eu podia fazer duas semanas de treino com a Seleção Nacional, porque o Philippe da Silva estava lesionado e precisava de um base para treinar. Nesse telefonema, o Moncho fez questão de frisar que eu não pertencia à Seleção e que apenas iria treinar naquelas duas semanas. Confesso que apreciei a honestidade do Moncho, mas pedi um dia para pensar. Após falar com a minha esposa Sofia, liguei de volta e aceitei.
Foi assim que começou uma nova etapa na minha vida. As duas semanas transformaram-se num mês e acabo por ficar nos doze jogadores que iam tentar manter Portugal no Grupo A da Europa. A campanha começou com três derrotas, mas acabou com três vitórias, a última das quais contra a Letónia, em Santo Tirso. Um triplo do Miguel Miranda e um roubo de bola do Jaime Silva permitiram que ficássemos no grupo A e assegurássemos um lugar no Europeu da Lituânia, em 2011, onde estive presente.
Concretizei um dos meus sonhos – jogar um Europeu – aos 38 anos!
Na altura daquele telefonema eu representava o Ginásio Figueirense. Foi no Ginásio que continuei e, em 2010, iniciei a pré-época na Figueira da Foz até que fui confrontado com um convite. O Moncho quis que eu fosse representar o Porto. Aceitei.
No final dessa época alcancei outro sonho: ser campeão nacional pela primeira vez.
Os meus sonhos estavam à distância de um telefonema… Trabalhem para isso e nunca desistam dos vossos sonhos.
ZÉ COSTA