Podcasts, planos de futuro e 5 carreiras de sucesso pós-NBA

por fev 17, 2024

Comecei por ponderar escrever um texto sobre o fim-de-semana de All-Star que se aproxima, mas esse foi o tema no ano passado. Nesse texto discorri, no meu estilo nada condescendente que os meus leitores fiéis – ambos – tão bem conhecem, sobre o que está bem e mal com a grande festividade da NBA. Apontei problemas, ofereci potenciais soluções e, maioritariamente, escrevi piadas de qualidade discutível. Sinto que isso já foi feito – e as cerimónias não mudaram o suficiente para eu sentir que tenha muito a contribuir.

Dei por mim a pensar, então, no que eu faço com esta espécie de “férias” da NBA. E, como não tenho vida, ocorreu-me que passo muito desse tempo a ouvir podcasts sobre NBA. Principalmente aqueles que “ficam para trás” porque o tempo livre que tenho não chega para saciar a minha obsessão.

Tenho alguns podcasts que estão trancados na minha playlist. Especificamente, sou um ouvinte fiel do “No Dunks”, antigos “The Starters” – e mais antigos ainda “The Basketball Jones”. Mesmo depois da saída de Leigh Ellis – que anda pelo mundo fora a jogar basket de rua e a ensinar pessoas a urinar da forma “correta” –, o conjunto formado por J.E. Skeets, Tas Melas, Trey Kirby e Jason Doyle são o mais perto que já encontrei de comfort food em formato áudio. Têm um equilíbrio perfeito entre conversa leve, conversa mais “analítica” e simples humor. Têm também conteúdo constante e, para quem não tiver muito tempo para pular de podcast em podcast, o feed deles pode ser o suficiente para se acompanhar a NBA de forma razoavelmente completa.

Tenho também outros dois podcasts que ouço regularmente, com… “tonalidades” um pouco diferentes. “The Lowe Post”, do grande Zach Lowe, oferece uma fonte regular de análise detalhada e (algumas) conversas interessantes com diversas personalidades do universo dos media da NBA. E, apesar da sua fama, Zach Lowe está cada vez menos “rígido” no seu papel como anfitrião. No outro lado do espectro, temos o relativamente recente “Six Trophies”, que é simplesmente uma desculpa para Jason Concepcion e Shea Serrano discorrerem piadas a metro sobre o que nos mais apaixona na NBA. Um exercício de pura catarse e descompressão que recomendo a todos.

Mas uma coisa interessante que tenho notado – e que, verdadeiramente, motivou todo este texto – é a explosão de podcasts apresentados por jogadores, muitos deles no ativo. Paul George, por exemplo, tem mostrado em “Podcast P” uma capacidade invulgar para não só falar de forma genuína sobre os desafios de ser um jogador no ativo mas também para entrevistar colegas de profissão num registo descontraído mas sério também – não obstante o seu sentido de humor natural e ter uma das melhores imitações de Charles Barkley que alguma vez ouvi.

E temos também o caso de sucesso de JJ Redick, criador e anfitrião do podcast “The Old Man and the Three”, um dos melhores títulos de podcast no meio. Redick, que era famoso por ser um “irritante” profissional como jogador, tem uma sensibilidade invulgar para entrevistar jogadores e jornalistas e manter conversas sérias sobre o desporto, sem se vangloriar ou ficar preso em nostalgias bacocas. Redick tem-se tornado especialmente famoso por desconstruir os profissionais do hot take, desmontando-os com dados concretos e uma total falta de paciência para parvoíce performativa.

E estes são apenas os dois que eu acompanho de forma mais fiel. Temos também podcasts de jogadores como Draymond Green – do qual não gosto tanto mas que tem sido, não obstante, um caso paradigmático de sucesso –, Kevin Durant, Patrick Beverley, Matt Barnes e Stephen Jackson, Kevin Garnett e Paul Pierce ou Gilbert Arenas.

Independentemente do quanto eu gosto ou não destes podcasts, tem sido fascinante ter esta janela mais direta para o que vai na alma dos jogadores. Seja a nível dos sentimentos ou de mais análise desportiva mais “técnica”. É um novo modelo de comunicação que tem abalado os media tradicionais e que já está a mudar a própria estrutura de como o desporto é coberto. Ou, quanto mais não seja, oferece novos rumos de carreiras para profissionais com uma reforma antecipada embutida no próprio modelo do desporto. E, por falar nisso…

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Podcasts são uma forma inteligente de um jogador usar a sua fama para tentar alcançar uma presença além do que se faz no campo, mas não a única. Vamos olhar para alguns dos jogadores com maior sucesso pós-NBA:

Charles Barkley

Um dos melhores jogadores de sempre, Barkley era uma autêntica locomotiva em campo, tornando-se um dos melhores ressaltadores da NBA e a melhor arma no fastbreak que a liga já viu. Hall of Famer, lenda da liga. E, sabe-se lá bem como, tornou-se ainda mais famoso depois de se “reformar”, reconvertendo-se num dos comentadores mais icónicos da história da NBA. Durante a sua carreira como jogador, Chuck acumulou cerca de 40 milhões de dólares – eram outros tempos. Recentemente assinou uma extensão de contrato de 10 anos com a TNT num valor mínimo de 100 milhões – e com potencial para ascender até 200.

Vinnie Johnson

Na lendária equipa dos “Bad Boy Pistons”, Vinnie Johnson tinha uma missão muito específica – sair do banco e marcar pontos. Um precursor de jogadores como Jamal Crawford ou Lou Williams, rapidamente se tornou um favorito entre os fãs. Originalmente de Nova Iorque, deixou-se encantar pela cidade de Detroit e foi aí que decidiu fundar a Piston Automotive, em 1995, uma empresa fornecedora de peças para gigantes do mundo automóvel como a Ford Motor Company ou a General Motors. Só não está mais alto nesta lista porque, bizarramente, investiu no fabrico de peças para automóveis e não em micro-ondas. For shame.

Bill Bradley

Mesmo antes de chegar à NBA, já tinha escolhido ir para Princeton por motivos académicos, denunciando alguma intenção de fazer algo mais “intelectual” com a sua vida. Depois de ganhar a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1964, teve uma carreira de sucesso na NBA, sagrando-se campeão por duas vezes, como um elemento essencial do cinco titular dos New York Knicks. Não contente com isso, decidiu dedicar-se à política, sendo eleito ao Congresso norte-americano como senador do estado de New Jersey em 1979, cargo que ocupou durante 18 anos. Esperem, isto era suposto ser sobre carreiras de sucesso. Será que isto conta?

Junior Bridgeman

Durante a sua carreira de 12 anos na NBA, Junior Bridgeman assumiu-se com um 6.º homem de excelência. Muitos que o viram jogar, nos anos 70 e 80, dizem que teria sido um candidato perfeito ao prémio de “6th Man of the Year”… se ele existisse no seu tempo. Depois de terminar a carreira, Bridgeman começou a investir em restaurantes da cadeia Wendy’s, chegando, a certa altura, a ser dono de mais de cem. Também tem direitos de engarrafamento para a Coca-Cola e comprou as revistas “Ebony” e “Jet”. Depois de não fazer mais de 350 mil dólares por ano na NBA, hoje estima-se que o seu net worth ascenda aos 600 milhões.

Magic Johnson

Em contraste com Junior Bridgeman, temos aqui um jogador que foi tudo menos anónimo. Tanto na sua carreira de enorme sucesso como na sua omnipresença em volta de tudo o que se refere à NBA após a sua reforma, Magic Johnson continua quase tão popular como foi no seu auge – quanto mais não seja pelo facto dos seus tweets parecerem escritos por Inteligência Artificial. O seu estatuto como “meme” faz com que seja fácil esquecer o sucesso sem precedentes de Magic como homem de negócios. Entre ser accionista de diversos “franchises” desportivos, ter dinheiro investido em múltiplas empresas de sucesso e ser o dono maioritário da empresa de seguros Equitrust, é estimado que o net worth de Magic Johnson chegue aos 1,2 mil milhões de dólares. Nada mau para o rei das lapalissadas.

Autor

Pedro Quedas

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