Está a ficar mais fácil para Damian Lillard

por dez 14, 2022

Um dos melhores bases desta era regressa de lesão igual a si próprio… mais ou menos.

2022 foi um ano complicado para Damian Lillard: Perdeu grande parte da época passada por lesão e, no pouco que vimos, não parecia o jogador de alto nível a que estávamos habituados. Começou novamente esta época com altos e baixos a nível da sua durabilidade e participou apenas em 11 dos primeiros 23 jogos da equipa.

Mas os Trail Blazers nunca pararam de reconstruir o grupo à sua volta e a contar com o seu impacto e “Dame” parece finalmente estar numa posição de corresponder de novo às pesadas expectativas. Nos quatro jogos que disputou desde o seu mais recente regresso, está a registar uma média de 33.8 pontos por jogo e está com um total de 28/55 (50.09%) em tentativas para lá da linha de três pontos.

O ponto de exclamação foi na noite de segunda-feira, onde Lillard capturou novamente a atenção do mundo do basquetebol. No que se revela mais um golpe numa fase dura dos Timberwolves, não foi necessário ao base atingir a meia-hora de tempo pessoal em jogo para completar 11 lançamentos de três pontos em apenas 17 tentativas.

Quando palavras não fazem justiça, mais vale mostrar:

Mas vendo estas imagens e maravilhando-nos com o talento demonstrado, a segunda coisa que se destaca é quantos destes lançamentos ocorrem directamente após um passe de um companheiro de equipa. Especialmente conhecendo o histórico de quem estamos a falar aqui.

Não é novidade que Lillard possui a habilidade de ser uma ameaça para um “tiro certeiro” a qualquer distância do cesto. Como um dos melhores artistas de longe da história da liga, esta noite solidificou Lillard com o seu 4.º jogo com mais de 10 triplos concretizados – uma marca apenas superada pelos Splash Brothers, Klay Thompson (6 jogos) e Stephen Curry (vinte e d-… espera, o quê?… Sim, 22 jogos.)

Mas se o par de jogadores que fez carreira em Golden State sempre existiu num ambiente desenhado para colocar a bola nas suas mãos já com uma abertura de lançamento, Lillard sempre teve de trabalhar muito mais com o próprio drible. A dependência de jogar em pick and roll tradicional ou em um contra um não é necessariamente problemática quando um jogador é tão talentoso nessas ações, mas certamente é um motivo pelo qual Lillard tem uma distância média de triplos muito superior à dos outros grandes shooters. É um problema exacerbado para um jogador mais pequeno, que precisa de criar mais espaço para libertar o lançamento.

 Distância média (ft)
Trae Young27.71
Damian Lillard27.40
Stephen Curry27.26
Kevin Durant26.03
Kyrie Irving26.03
Buddy Hield25.53
Klay Thompson25.08
(Distância média de lançamento triplo desde a época de 2018-19)

E durante estes anos era justo dizer que tanto Young como Lillard se destacavam como jogadores que monopolizam bastante a bola e que pareciam até ter uma aversão a se movimentarem e a explorar espaços vazios quando sem ela.

No entanto, os ventos em Portland parecem estar a mudar.

Era preciso criar um contexto no qual Damian estivesse confortável em ceder mais o controlo do ataque e o plantel encontra-se repleto de jogadores que conseguem controlar acções ofensivas e colocar pressão na defesa. São exemplos Josh Hart, Jerami Grant e, particularmente, Anfernee Simons. A capacidade de Simons de ele próprio ser uma ameaça em pick and roll e um foco de atenção permite a Lillard dedicar-se a aproveitar qualquer abertura momentânea.

Outra forma como Lillard consegue mais uns lançamentos rápidos e com ritmo é agindo como trailer na transição ofensiva. Hart, Simons, Winslow e Grant são todos jogadores atléticos e que procuram rapidamente tornar uma jogada defensiva num cesto imediato, antes que a oposição se consiga repor posicionalmente. E como a reacção natural de uma defesa nestes ataques rápidos é proteger o interior, o Dame pode “ficar para trás” e deslizar para uma abertura no perímetro. Quando um adversário percebe que o jogador que parou de correr na linha é um dos melhores shooters de sempre, provavelmente já é tarde demais.

Os números da época actual de Lillard reflectem esta disponibilidade para acções longe da bola. O site da NBA separa os lançamentos triplos feitos directamente após o drible (pull up) ou lançamentos efectuados no seguimento de receber um passe (catch and shoot). Olhando para as últimas cinco épocas:

ÉpocaPull up por jogoCatch & shoot por jogo
2018-195.32.5
2019-207.62.2
2020-218.12.3
2021-227.12.5
2022-236.24.7

E olhando para a frequência das acções finalizadas por Lillard que são mais baseadas em movimento do jogador sem bola comparando com a sua habitual estratégia de pick and roll, as tendências apontam no mesmo sentido:

 2018-192019-202020-212021-222022-23
Pick and Roll44.7%51.7%46.3%41%34.8%
Spot Up5.2%5%5.2%8.4%7.7%
Off-Screens5.4%3.1%4%6.6%9.5%
Transição10.9%9.7%9%10.5%11.6%

Isto não quer dizer que estamos a ver um jogador completamente novo. A nova disponibilidade para deixar a bola encontrá-la no rumo do ataque é notável, mas Lillard é, e será sempre, alguém que brilha ao gerar pontos por si próprio em qualquer contexto: Na actual época, Lillard está em 11.º na NBA nos jogadores com mais utilização em pick and rolls e em 6.º se estivermos a falar de isolation (um contra um). Mais importante ainda é que está no 82º e 91º percentil de eficácia, respectivamente, em cada uma – uma força de ataque como poucas outras.

Portland pode continuar um caminho de diversificação ofensiva no rumo ao “pós-heliocentrismo” da sua estrela. Mas a região do Pacific Northwest American estará sempre a acertar os relógios de acordo com “Dame time”.

por MARTIM PARDAL [@MEmpire25]

Autor

Martim Pardal

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