Lakers nos playoffs? Só há uma forma

por mar 11, 2023

Até parece mentira, tendo em conta o que vinha sendo a temporada da equipa, mas os Lakers estão em posição de play-in e com boas chances de chegarem aos playoffs. Num Oeste absolutamente confuso, em que o 5.º e o 13.º classificados se separam por apenas três jogos, a forma em crescendo da turma de Los Angeles deixa Darvin Ham a sonhar.

São sete vitórias nas últimas dez partidas para uma equipa que perdeu LeBron James por lesão no meio desse caminho, mas que não parou de vencer. E fê-lo do lado defensivo, tornando-se a melhor defesa da liga após a trade deadline. Será essa a receita para os Lakers chegarem aos playoffs, enquanto aguardam o regresso do seu melhor criador ofensivo.

Os números impressionam e, como sempre fazemos por aqui, juntamos ao vídeo para tentar perceber o porquê. A defesa da turma de Los Angeles tem sido compacta, pressionante e baseia-se muito em levar as equipas contrárias para zonas de meia-distância ou próximas do pintado, onde o tamanho e mobilidade dos jogadores interiores assusta – Davis e Vanderbilt à cabeça, mas Hachimura e Gabriel a criarem alguns problemas – ou forçando passes para atiradores exteriores, constantemente vigiados por Troy Brown ou Dennis Schröder. É uma defesa que se mantém próxima e faz uso do esforço extra dos seus jogadores para recuperar bolas perdidas ou ressaltar e não permitir segundas chances.

Anthony Davis é a âncora e seria um dos maiores candidatos ao prémio de Defensive Player of the Year se não tivesse passado tanto tempo de fora. A sua capacidade para proteger o cesto, seja em situações de 1×1 em que mantém posição frente a outros postes, seja em ajuda, é quase inigualável em toda a NBA. Davis força maus lançamentos, força lançamentos contestados e leva a que a eficácia perto do cesto seja menor do que o normal.

Haverá talvez três ou quatro jogadores em toda a liga com a capacidade de Anthony Davis para defender em espaço, de defender dois jogadores no mesmo bloqueio direto e de estar em constante movimento de modo a ser, ao mesmo tempo, uma ameaça defensiva perto da tabela ou no perímetro. Torna-se difícil para qualquer equipa conseguir um lançamento interior com Davis a rondar, mas também fica complicado quando o mesmo Davis consegue recuperar rapidamente a sua posição.

Seria impossível falar da defesa dos Lakers sem mencionar a melhor aquisição para esse lado do campo no período de trocas: Jarred Vanderbilt. É o pacote completo, que oferece defesa na bola e fora dela, no exterior e interior. Muito forte a reconhecer o espaço à sua volta e com um raio de ação grande, força turnovers e maus lançamentos. Para um melhor entendimento do seu impacto defensivo, regressem ao primeiro vídeo e vejam os dois primeiros clipes.

Enquanto estiver a lançar quase 47% de três pontos, em 4 tentativas por jogo (pós trade deadline) Troy Brown Jr. certamente continuará a ter minutos. Mas mesmo quando esses números baixarem, a defesa é tão interessante que merecerá a atenção de Darvin Ham. A forma como persegue atiradores e se desvia de bloqueios impressiona, tal como o seu tamanho e envergadura, que permitem deixar mais espaço e conseguir contestar lançamentos de qualquer maneira.

Esse mesmo tamanho (e a mobilidade que apresenta) levam-no a conseguir manter-se na frente de quem tenta conduzir para o cesto. Aguenta contactos, mexe-se bem lateralmente e não comete faltas desnecessárias.

Dennis Schröder é o defensor no ponto de ataque dos Lakers. Não sendo o mais talentoso, mais forte ou mais rápido, compensa com o seu espírito combativo e uma rapidez de processamento e reação acima da média. Põe pressão nos portadores de bola e tenta ao máximo fechar linhas de passe fáceis, complicando a vida dos bases ao máximo.

Consegue trocar ocasionalmente para postes mais móveis, pelo simples facto de colocar constantemente pressão em quem tem a bola. Ou seja, um poste que parta do perímetro terá mais dificuldade em chegar ao cesto porque o baixo centro de gravidade de Schröder e a constante atividade direcionada à bola não permitem tanta facilidade nessa chegada.

Por último, Austin Reaves. Novamente, não é o mais talentoso, mas trabalha que se farta e sabe estar em posição para uma melhor defesa. É normalmente um defesa fora da bola, que ocupa o seu espaço e fecha espaços de chegada ao cesto ou linhas de passe (ver o primeiro vídeo), mas consegue por vezes criar problemas a quem tem a bola pela sua capacidade de trabalho e energia inesgotável. PS: não deixes fugir este também, Rob.

Parece mentira, mas a 10.ª pior defesa até à trade deadline, que perdeu o seu melhor defensor de perímetro, é a melhor defesa da liga desde aí. Entraram elementos de qualidade defensiva inegável, mas acima de tudo, há nesta equipa uma identidade defensiva e uma junção de talentos e habilidades que não existiam antes.

O caminho não está completo e a margem de erro é mínima para a histórica equipa californiana, porque LeBron James ainda faz a diferença, principalmente no ataque. Mas com o seu líder de fora, os Lakers têm de conseguir amealhar vitórias de alguma forma. E a melhor aposta que têm é mesmo a defesa.

por ANTÓNIO DIAS [@antoniodias_pt]

Autor

António Dias

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