Este texto vai ficar rapidamente desatualizado (*). Não, não é uma queixa de escritor preguiçoso. É aquilo a que nos habituámos num mundo controlado pelas pandemias e pelas decisões que visam minorar os seus efeitos nefastos. Com a COVID-19 a alastrar pelos plantéis da NBA, dominando o fluxo de notícias, a vida dos treinadores de Fantasy ficou bastante mais complicada – e agora existem correrias diárias à lista de indisponíveis para perceber se alguma das nossas estrelas entrou, ou não, no “health and safety protocols”.
Com Adam Silver a decidir que “the show must go on”, ficam as equipas obrigadas a procurar peças que completem plantéis bastante afetados. O contrato de dez dias é uma espécie de penso rápido para ter gente equipada no banco, mas já vários All-Stars tiveram que assinar um contrato semelhante (e temos um na nossa lista deste ano), bem como já aconteceu que pequenos contratos tenham dado grande exibições (como Yogi Ferrell a marcar 9 em 11 triplos tentados para acabar com 32 pontos no dia 4 de fevereiro de 2017 – num contrato de dez dias com os Dallas Mavericks).
O All-Star que até já foi titular esta semana
Olhamos então para os homens que, nos últimos dias, assinaram o famigerado contrato – cheira a prenda natalícia, com o senão de obrigar parte destes jogadores a passar o natal fora de casa (e, se calhar, isso é uma coisa boa). Isaiah Thomas está no topo desta lista. E topo não é exatamente o lugar onde ele esteve durante a maior parte da sua carreira. Entrou na NBA como 60ª escolha do draft de 2011, mas foi em Sacramento que mostrou capacidade para transformar as dificuldades em ganhos.
As lesões começaram, no entanto, a acompanhá-lo, numa curta passagem por Phoenix, antes de chegar a Boston, onde com os Celtics, viveu os seus melhores anos e alcançando duas presenças no All-Star. A partir de 2017 e da troca para os Cavs, adeus boas notícias. Lesões, problemas fora de campo, cada vez menos oportunidades para mostrar o seu valor. O final de 2021, no entanto, traz-lhe umas prendas. Depois de uma passagem pela seleção nacional dos Estados Unidos na qualificação para o Mundial, assina pelos Lakers por 10 dias e até já foi titular. Thomas está decidido a mudar a sua sorte.
Veteranos alistados
CJ Miles é uma memória longínqua da NBA. Entrado na Liga na segunda ronda do Draft, sem sequer ter jogador na Universidade, Miles foi conquistando o seu espaço no plantel dos Utah Jazz e, não sendo nunca uma figura de grande destaque, transformou-se num jogador de rotação que oferecia pontos. Fosse onde fosse (e Miles passou por Cleveland, Indiana, Toronto e Memphis), Miles parecia ter tido a capacidade de ser uma presença noturna na NBA e até parecia estar já apontado à retirada. Mas Miles chegou à NBA muito cedo e ainda só tem 34 anos. Esta época voltou a jogar na G-League e conquistou a possibilidade de voltar à NBA via Boston Celtics. Veremos que minutos terá.
James Ennis III é daqueles jogadores que, não conseguindo fixar-se na NBA, será forte demais para rumar para outras paragens. Entrou na Liga via Draft em 2013, mas trocado de Atlanta para Miami, demorou a conseguir lugar num plantel. Por isso esteve na Austrália, onde foi campeão, e em Porto Rico, para brilhar na Summer League de 2014 e garantir contrato. Isso não chegou, no entanto, para ser uma figura regular. À parte o seu primeiro ano em Miami e a passagem por Memphis, entre 2016 e 2018, nunca foi jogador de ter minutos. Ainda assim, continua a tentar. Depois de Detroit, Houston, Philadelphia e Orlando, este natal passará equipado com os Brooklyn Nets.
Campeões, rumores e bom ano novo
Entre os jogadores que assinaram contrato está um campeão da NBA. Justin Jackson, que na época passada assinou um two-way contract com os Milwaukee Bucks, jogou um jogo pelos campeões. Jogará agora nos Boston Celtics, com menos perspetivas de conquistar anéis. Theo Pinson conquistou a NCAA com os Tar Heels de North Carolina, mas não foi escolhido no Draft e tem tido uma carreira irregular na NBA. Depois de Brooklyn e New York, Dallas é o seu destino. Tim Frazier conseguiu juntar, em 2015, os prémios de MVP e Rookie do Ano na D-League, mas isso não lhe tem valido regularidade na NBA. Vai vestir a oitava camisola da sua carreira com os Orlando Magic.
Entre os rumores, que poderão já estar confirmados no momento em que estiver a ler este artigo, Ersan Ilyasova é quem terá maior currículo. Campeão em Espanha e na Turquia, já somou treze temporadas na NBA, ainda que as últimas não tenham trazido grande relevância. É um dos nomes que poderão estar na liça de entrar no plantel dos Chicago Bulls. Finalmente, os Sacramento Kings, outra das equipas muito afetada pela COVID-19 (recupera Neemias!), planeia assinar com Emmanuel Mudiay que, aos 25 anos, tem demorado a encontrar a capacidade para cumprir com as expetativas criadas à altura do seu ingresso na Liga (foi 7º escolha do Draft de 2015, pelos Nuggets). Os problemas com lesões têm sido o seu principal problema, mas a passagem pelo Zalgiris Kaunas no início desta época não mostrou grande potencial para voltar a ser solução.
Ainda assim, como todos aqueles que assinam, por estes dias, contratos de dez dias, a esperança é a mesma: confiar que vão ter um fantástico ano novo.
(*) Parece que vem aí o Joe Johnson.
por LUÍS CRISTÓVÃO [@luis_cristovao]