O treinador nascido e criado em New York está de volta à sua cidade e não o faz sem o estrondo que sempre criou em toda a sua carreira. Como técnico dos Iona Gaels, universidade situada no estado de New York, escreveu história ao ser a primeira equipa da Conferência MAAC – Metro Atlantic Athletic Conference – a bater uma equipa do Top 10 do ranking da Associated Press, com uma vitória 72-68 sobre a Universidade de Alabama.
Com mais de 1000 jogos disputados como treinador no basquetebol universitário e uma passagem pela NBA onde superou a marca dos 400 jogos, Rick Pitino mantém a mesma aura inquieta na linha lateral do campo, onde disfarça os seus 69 anos com uma energia imparável. Apesar de um historial parco no que toca ao campeonato da NCAA – onde apenas venceu um encontro da primeira ronda em 1980 – os Iona Gaels são agora uma equipa debaixo da vista daqueles que reconhecem em Pitino a capacidade para atrair bons jogadores e transformá-los em equipas competitivas.
Depois de presenças no campeonato da NCAA com as equipas de Boston University e Providence, Rick Pitino experimentou os mares da NBA nos bancos dos New York Knicks, entre 87 e 89, com duas presenças em playoffs. O regresso à NCAA permitiu-lhe, com Kentucky, ser campeão em 1996, valendo-lhe nova passagem pela NBA, nos Boston Celtics, onde não encontrou mais do que frustrações, com uma equipa fraca e uma exigência enorme sobre o seu trabalho. 16 anos na Universidade de Louisville restituíram-lhe a aura de conquistador, mas acabaram com vergonha e embaraço, depois de ter sido envolvido num escândalo de pagamentos ilegais a jogadores para alinharem pela sua equipa. Por isso, o título conquistado em 2013 haveria de lhe ser retirado e uma passagem pelo Panathinaikos, na Grécia, serviu-lhe para retemperar a sua imagem. Grécia onde também orientou a seleção e a ela mesmo voltará caso se confirme o apuramento para o Mundial.
A Universidade de Iona parece uma casa pouco propícia para o historial deste homem do basquetebol, mas o “New York State of Mind” e a proximidade com a família são, hoje, dados importantes para a forma como Pitino se vê na modalidade. A oportunidade de continuar a conseguir resultados que o chamam para a onda mediática, decerto, agradar-lhe-á, ao mesmo tempo que confirma a sensação de que, apesar de tudo aquilo que conseguiu, algo maior lhe poderia estar destinado. Mas New York, tanto como de sonhos, também é feita de caminhos alternativos, desvios e algumas desilusões. Rick Pitino, ainda assim, insiste a escrever história pelo seu próprio punho.
por LUÍS CRISTÓVÃO [@luis_cristovao]