Brandon Miller disparou para o top-3 do NBA Draft 2023 com uma brutalíssima temporada de caloiro em Tuscaloosa, projectando-se com o principal ‘plug-and-play prospect’ da classe, com uma rara conjugação de tiro, tamanho e versatilidade defensiva.
Dados Biográficos
2022/2023: 32.7 Min/J – 18.8 Pts/J, 8.2 Res/J, 2.1 Ass/J, 0.9 Rou/J, 0.9 Des/J, 43 FG%, 38.4 3FG%, 85.9 FT%
Atletismo
Extremo alto com boa envergadura e ombros longos qb. Miller é famosamente um atleta pouco explosivo e repentino, com uma primeira passada limitada, especialmente quando ataca pela esquerda. Não sendo um saltitão natural, tem boa capacidade para fazer a chamada a partir de um pé e elevar respeitavelmente quando encontra espaço e tempo para tal.
Bom a mover-se este – oeste, fluido no espaço, com reflexos rápidos e rapidez nos pés. Porém, é um jogador fraco, em especial no core, algo que lhe limita a capacidade de manter o balanço, absorver contacto e jogar de forma mais física. Não tem aquela fisionomia de skinny guy a 100% e pode conseguir ganhar algum músculo dentro de 2/3 anos.
Perfil ofensivo
Scoring/playmaking wing com elasticidade ofensiva para alternar entre os papéis de puro espaçador/atacante secundário e criador de ataque com USG% médio-alto.
Brandon Miller explode para o topo do Draft 2023 depois de uma temporada ultra produtiva, onde demonstrou uma capacidade de tiro de derreter ecrãs. Miller é um sniper versátil que pode disparar em tentativas estacionárias, em movimento, em situações de P&P ou a partir do drible. Possui um lançamento suave e rápido, um range de NBA e consegue manter o equilíbrio ao subir a partir de diferentes alinhamentos de pés. O arco do seu arremesso tem uma trajetória um pouco mais baixa e um ponto de release não tão alto, o que pode dificultar a tradução imediata deste nível de sucesso para a NBA, especialmente quando se trata do seu pull-up game.
Apesar de sua produtividade ofensiva, há deficiências na criação de vantagem devido à sua limitada capacidade atlética – falta explosão, falta capacidade para baixar o centro de gravidade em dribble pen, e há susceptibilidade a ser empurrado da sua trajectória por defensores mais fortes. O ex-freshman de Bama também teve dificuldades a finalizar no pintado, especialmente no princípio da temporada, não conseguindo elevar no meio do trânsito e finalizar após absorver contacto. Aumentou a agressividade com o progredir da temporada, subindo para tentativas com mais autoridade, tentando mais afundanços, mas ainda se depara com limitações atléticas, sejam por falta de força, ou por ausência de algum controlo corporal para navegar as frestas no garrafão. Parece não ter as mãos mais seguras e perde bolas quando sobe na passada.
Da mesma forma, Miller melhorou como criador de espaço, explorando uma certa herky-jerkyness no seu drible, conjugando crossovers de alta amplitude com hesis, fintas de corpo/cabeça e leves cargas de ombro para atarantar o defensor directo. O seu controle de bola é algo solto e alto, mas considero-o criativo e experimental o suficiente para se tornar um criador confiável e conseguir chegar a zonas de elevada conversão. Além disso, ele é um bom pull up shooter de 3, usando stepsides e stepbacks para encontrar espaço extra. No entanto, gostaria de vê-lo mostrar mais na média distância. Pode melhorar um pouco a selecção de lançamento.
Mistura pontuação com bons passes – Miller penetra e tenta abrir para o atirar no canto ou o finalizador debaixo do cesto, fazendo bom uso da sua técnica de passe a partir do drible vivo. É acima da média a distribuir a partir do P&R, inteligente a utilizar bloqueios e paciente após esse momento, usando pound dribbles e snake moves, frequentemente procurando o skip pass ou conectar com o roller. A sua visão de jogo e consistência ainda deixam algo a desejar, por vezes demorando a encontrar o rim runner vs drop e perdendo a compostura a lidar com hard hedges e traps. Vai ter de se habituar a viver com coberturas diferentes, mas o potencial está lá.
Óptima arma em transição, tanto a liderar com a bola, como atirador na asa, drag screener, ou simplesmente a aparecer tarde no lance para receber o passe. Muito bom ressaltador que se posiciona bem na sua tabela, é agressivo e vai procurar o embate no ar.
Perfil defensivo
Defensor acima da média que oferece versatilidade a defender wings no point of attack, devido ao seu motor, agilidade lateral e tamanho.
Miller consegue ‘sentar’ na stance e deslizar lateralmente em curtos espaços para conter a penetração, mostrando bons reflexos, decente flexibilidade de ancas para mudar direcção e utilização dos braços para dificultar tentativas de lançamento e alterar linhas. Tem boas mãos e é um comunicador vocal, proactivo a trocar em bloqueios no topo. Sinto-me confiante na sua capacidade para defender 3s e alguns 2s com competência, mas vejo-o com dificuldades para se debater com ‘power-based guards’, que o vão brutalizar.
Pouco consistente a navegar bloqueios, mas Miller faz um decente trabalho a perseguir e manter-se junto da anca do seu homem, perturbando vindo de trás quando perde um danoninho de espaço no P&R.
Defensor colectivo competente, com posicionamento e rotações sólidas a partir da segunda linha. Consegue evitar closeouts doidos e não morde constantemente shot fakes, coisas que o ajudam a manter-se longe da acumulação de faltas. Ainda assim, não é um playmaker defensivo impactante, faltando-lhe o pop vertical, fisionomia e instintos para proteger o aro vindo do lado fraco, da mesma forma que não tem o faro e agressividade para jogar nas linhas de passe. Porém, é impactante a defender em transição – tem um badge de ‘chasedown artist’ do NBA 2K!
Para mim, Miller é idealmente um 3. Deve ser mantido a defender wings, oferecendo versatilidade no ponto de ataque, mantendo-se mais longe da 2.ª linha e do pintado, de maneira a ser protegido de assignments mais físicos e de tarefas de protecção de cesto.
Notas finais e possíveis encaixes na NBA
Brandon Miller disparou para o top-3 do NBA Draft 2023 com uma brutalíssima temporada de caloiro em Tuscaloosa, projectando-se com o principal ‘plug-and-play prospect’ da classe, com uma rara conjugação de tiro, tamanho e versatilidade defensiva.
Confesso que tenho alguma dificuldade, mesmo pesando valor posicional e escalabilidade, em ver qual o argumento para o escolher à frente de criadores ofensivos mais potentes, como Scoot (e talvez até Amen Thompson), especialmente quando Miller pode vir a ter alguma dificuldade a adaptar algumas vertentes do seu jogo a uma liga onde a linha de corte atlética é altíssima.
Mesmo sendo difícil de ver a trajectória super-estrela na carreira de Miller, seria-me impossível considerá-lo menos do que o 5.º melhor prospect da classe. Extremos que driblam, passam e atiram são valiosíssimos. Para além disso, o desenvolvimento que o jovem teve em fraquezas fundamentais do seu jogo (criação de vantagens e finalização) em tão pouco tempo é francamente notável, e não sendo necessariamente preditivo daquilo que será a sua carreira NBA, é algo que deve ser tido em conta na avaliação. Diagnosticar, trabalhar e melhorar durante um período de 2/3 meses é raro, bem raro.
Brandon Miller encaixa facilmente em qualquer equipa da lottery – os Hornets parecem encantados com o seu tamanho e capacidade de espaçar o campo para LaMelo. Se optarem por Scoot, os Blazers podem ver nele um bom balanço entre uma última dança com Dame e um abraçar da inevitável reconstrução. Os Pistons seriam outro encaixe interessante, mas Miller não vai estar disponível na #5.
por NUNO SOARES [@NunoRSoares]