A noite absurda de Luka Dončić e 5 resoluções para um novo ano de fantasy

por dez 28, 20221 Comentário

Este artigo ia sempre ser sobre fantasy. Achei que os nossos leitores mereciam um texto um pouco mais leve, para entrarem descontraídos no novo ano. Já tinha até seleccionado os números que ia colocar em destaque. E depois Luka Dončić recebeu os Knicks em casa e obrigou-me a começar tudo de novo.

Esqueçam a recuperação miraculosa (com lance livre falhado de propósito e tudo) que levou à vitória em overtime. Esqueçam que exibições como esta colocam Luka Dončić na lista da frente para conquistar um MVP. Menos ainda se preocupem com o facto de os Mavericks estarem numa sequência de 4 jogos sem perder. Tudo isso são considerações para outras alturas. Hoje é dia de nos concentrarmos exclusivamente nos números. E que números foram estes…

Luka terminou o jogo contra os Knicks com 60 pontos, 21 ressaltos, 10 assistências, 2 roubos de bola e 1 desarme de lançamento – um registo que nem Wilt Chamberlain conseguiu. Dois dias antes, contra os Rockets, tinha terminado a partida com 50 pontos, 8 ressaltos, 10 assistências e 3 roubos. Só nesta temporada, Dončić tem cinco jogos com 40 pontos ou mais e outros 17 jogos com 30 pontos ou mais. Luka jogou 32 partidas esta temporada, à data da escrita deste artigo. Em apenas oito não marcou pelo menos 30 pontos.

Absurdos que estes números são, Dončić não tem estado sozinho. Depois de um arranque relativamente “calmo” – para o seu normal – e uma paragem de três jogos, Nikola Jokić tem, nas suas últimas 17 partidas, médias de 28.7 pontos, 12.1 ressaltos e 9.9 assistências. Neste período de tempo, apresentou boxscores como 31 pontos, 12 ressaltos e 14 assistências, a ainda melhor 41 pontos, 15 ressaltos e 15 assistências, a agradavelmente simétrica 13 pontos, 13 ressaltos e 13 assistências ou a simplesmente absurda 40 pontos, 27 ressaltos e 10 assistências.

Para os fãs de cats, tivemos Anthony Davis, com 37 pontos, 21 ressaltos, 5 roubos e 5 abafos. E para os fãs de ligas que se apoiam mais em números brutos, fiquem a saber que, com a temporada ainda nem a metade, já tivemos sete jogadores a marcar 50 pontos ou mais num jogo. Luka Dončić, Devin Booker e Joel Embiid fizeram-no já duas vezes.

Para pessoas como eu, que não conseguem viver sem o delicioso stress de jogar numa liga de fantasy, este arranque de temporada tem sido incrível. Performances absurdas, números inesperados e tantos jogadores a subirem as suas médias que quase dá para esquecer as pragas que rogamos quando um dos nossos melhores jogadores é descansado num dos jogos em back-to-backs.

Assim, decidi escrever este artigo apenas para ter uma desculpa para apontar o meu dedo moralista aos jogadores de fantasy que invariavelmente quebram as unwritten rules deste “desporto”. Espero que não seja muito evidente no meu tom que perdi o match-up da última semana.

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Assim, sem mais demoras, deixo-vos com algumas indicações do que não fazer ao longo de uma temporada de fantasy. Encarem isto como uma sugestão de resolução de Ano Novo:

Não colocar jogadores nas posições “erradas”

Para começar, vou despachar esta “regra” que é mais picuinhice pessoal mas que me deixa irritado sempre que me deparo com a mesma. Imaginem que têm disponíveis para jogar no mesmo dia, por exemplo, Darius Garland e Devin Booker. Ambos são PG/SG, logo, tecnicamente, qualquer um pode ser colocado a qualquer das posições de base, certo? Errado. Garland é claramente o PG e Booker é claramente o SG. O que é que custa fazer a coisa bem? Não sejam sociopatas e tenham mais consideração pelos obsessivo-compulsivos, ok?

Não fazer propostas de trocas desniveladas

Esta é simples. Não sejam essa pessoa. Não façam trocas que sabem perfeitamente que são injustas. Não tentem trocar um gajo lesionado antes que o rival se aperceba do que aconteceu. Não tentem enganar o adversário. Sim, o objetivo de uma troca é ficar melhor e nem sempre é possível que os benefícios fiquem exatamente iguais, mas há limites. Esta é uma regra que se aplica a qualquer liga – é uma questão moral – mas é mais válida ainda em ligas entre amigos. Vale mesmo a pena azedar uma relação por causa de uma troca? Não sejam essa pessoa.

Não criticar o modelo de fantasy dos outros

Gostam mais de jogar “points”? Ou preferem “9-cat”? São puristas do “roto” ou gostam de viver na adrenalina semanal do “head-to-head”? Continuam na ESPN, mudaram para a Yahoo ou estavam à procura de uma plataforma inovadora e aderiram ao Fantrax? Seja qual o modo – ou modos – que escolhem para se divertirem no mundo do fantasy, uma coisa é essencial compreender: a vossa escolha não tem de ser a dos outros. E, acima de tudo, que benefício tiram em dizer aos outros que estão errados? Numa coisa que é totalmente subjectiva? Parem.

Não esquecer de ter um alarme antes dos jogos começarem

Estejam sempre a par das horas a que começam os jogos cada dia e nunca se esqueçam de ativar um alarme para cerca de meia-hora antes do prazo, para poderem garantir que está tudo em ordem com a vossa equipa. Sejam fanáticos com isto. E não percebo porque é que estão a insinuar que esta “regra” foi inspirada pelo facto de eu ter deixado a meia-noite passar num dos dias sem verificar lesões de última hora porque estava distraído a ver “Casa de Papel” com a minha mulher e agora secretamente culpo-a por ter perdido a última semana.

Não deixar a tua vida ser consumida pelo fantasy

Acima de tudo, não deixem a vossa vida ser consumida pela obsessão de deixar que toda a vossa felicidade esteja intimamente ligada ao facto de terem deixado o Zubac no banco no dia em que ele teve 31 pontos e 29 ressaltos. Há vida para além da app no vosso smartphone. Vivam-na.

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OK. Já estão livres para ler à vontade? A vossa cara-metade deixou de estar atrás de vocês? Pronto, então ignorem tudo o que eu disse antes. Só o fantasy interessa. Contacto humano é para fracos. Se perderam a liga porque preferiram passar os dias com amigos ou família em vez de fazer refresh obsessivamente para ver se o Zion Williamson sempre regressa da lesão, então não merecem nada de bom. O fantasy não olha para soldados caídos. Nada mais interessa numa guerra que a vitória!

Porra, como é que eu fui capaz de perder esta última semana?

por PEDRO QUEDAS [@quedas]

Autor

Pedro Quedas

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