NBA 2022-23: As perguntas que ninguém quer fazer

por set 30, 2022

Todos os anos, dias antes do início da temporada, a NBA publica o resultado de um inquérito aos general managers das 30 equipas da liga, com perguntas como “Que equipa vai ser campeã?”, “Que franchise teve a melhor offseason?”, “Quem é o melhor extremo/poste da NBA?” e outras questões que se repetem há anos e nos fazem bocejar.

O «GM Survey» é muito giro – sim, senhor -, mas o Borracha Laranja quer ir mais longe e criou o «BL Survey»: um inquérito com nove perguntas feito a nove elementos do coletivo que escreve habitualmente por aqui e que – vão por mim – têm tantas ou mais capacidades para vos chocar com algumas respostas do que os responsáveis dos front offices da NBA. Obviamente, o «BL Survey» não inclui as mesmas perguntas aborrecidas do «GM Survey», mas apenas as grandes questões que mais ninguém tem coragem de fazer. Aqui, fazemo-las todas e não deixamos nada por responder.

Obrigado, desde já, ao António Dias, ao Diogo Santos, ao João Costa, ao José Pedro Barbosa, ao José Volta e Pinto, ao Lucas Niven, ao Nuno Soares, ao Pedro Quedas e ao Picho Tenicheiro pelas extraordinárias respostas, ficando prometida uma futura visita a este mesmo texto, lá mais para o final da temporada, para um balanço do que fica escrito agora.

Que estrela tem mais hipóteses de mudar de equipa, esta época?

O nome mais comum encontrado nas respostas é Russell Westbrook. O (ainda) base dos Los Angeles Lakers é, como sublinha o Volta, uma “estrela cadente” e até as mensagens crípticas da mulher, segundo o Quedas, deixam antever que algo está para acontecer. Mas há outros nomes que, de acordo com os nossos iluminados cronistas, podem trocar de equipa em 2022-23, como Bradley Beal, Jaylen Brown, Dejounte Murray, qualquer uma das figuras dos Brooklyn Nets e até Jakob Pöltl. Hmmm… OK, Picho.

Que equipamento vai vestir Russell Westbrook no último jogo da fase regular da temporada?

Apesar de ter sido o nome mais falado na pergunta anterior, a verdade é que só o Costa e o Quedas se chegaram à frente com um destino para o “Brodie”: os New York Knicks. “Trocado para Indiana no trade deadline, chega acordo com os Pacers para o buy-out e assina como free agent  com os Knicks porque ‘a cidade de Nova Iorque tem o mesmo cão que eu dentro dela’, explica o Costa. De resto, o Lucas e o Volta andam de mão dada neste tema e acreditam que Russ vai terminar a época de fato de treino, sem jogar, na equipa para onde vai ser trocado. O Diogo está a torcer por um Westbrook a fechar a época no Paris Basketball e o Zé Pedro aponta-o aos Lakers… de South Bay, na G League.

Inventa uma boa desculpa para o Kyrie falhar jogos.

Aqui, meus amigos, não consigo amalgamar – sim, é mesmo um verbo e podem confirmar no dicionário – as respostas deliciosas a esta questão. Uma vez que, para bem do próprio Kyrie, quanto mais desculpas melhor, ficam *todas* as respostas completas dos cérebros manifestamente problemáticos do nosso coletivo:

  • António Dias: Descobre umas calças de treino dos Cleveland Cavaliers escondidas numa gaveta e alega que lhe deram poderes para viajar no tempo mal lhes tocou. Não volta a jogar enquanto a NBA não lhe permitir fazer parte do plantel dos Cavs.
  • Diogo Santos: Apostaria em algo como: a liga fazer regressar as noites latinas, com jerseys temáticas, e o Kyrie ficar chateado por ter de usar uma jersey dos “Los Nets”. Vai parar para fazer profundas investigações sobre os seus antepassados e exigir jogos “em campo de terra batida, como antigamente” – dirá.
  • João Costa: Durante a época regular, Kai vai passar duas semanas a Madagáscar a lutar pela conservação do Aye-Aye, um lémure noturno de garras afiadas que é morto por ser, na cultura e superstição local, um símbolo de morte e má fortuna. KAI, identifica-se com os Aye-Aye primeiro porque o nome de ambos rima e segundo porque ele também é um símbolo de má fortuna na NBA.
  • José Pedro Barbosa: “Tá… Tá e vou sair, tenho uma consulta às 5.”
  • José Volta Pinto: O Verão também foi muito seco do outro lado do Atlântico e prejudicou consideravelmente as plantações de _greatae Brandeg_ – uma espécie de salvia endémica encontrada apenas na Califórnia e a escolha do Kyrie para purificar pavilhões. Sei de fontes seguras que o Kai não vê com agrado a possibilidade de jogar em algumas deslocações recorrendo a outras espécies de sálvia. Para Boston já guardou uma caixinha, só para o caso de os stocks esgotarem.
  • Lucas Niven: É o marido da senhora que se enrolou com o Udoka.
  • Nuno Soares: Protesto até que se jogue com uma bola quadrada.
  • Pedro Quedas: Um evento de elevada cosmicidade trifásica ocular causou a súbita e inevitável absorção ventral do manuscrito com que ele ia completar as demandas que lhe haviam sido confiadas por mentores das mais altas esferas do conhecimento. Por outras palavras, o terceiro olho comeu-lhe o trabalho de casa.
  • Picho Tenicheiro: O vento.

Que treinador vai ser o primeiro a ser despedido e por que razão é o Steve Nash?

Claro que o Steven Nash foi confirmado pela maioria como o primeiro treinador a ter que meter os papéis para o fundo de desemprego, mas temos outros nomes que podem ser dos primeiros a sentir a cadeira quente. A saber: Nate McMillan, Mike Brown, Wes Unseld Jr., Darvin Ham, Chauncey Billups, Steve Clifford e Doc Rivers. E o Diogo questiona, com legitimidade: Podemos assumir que Udoka é já o primeiro a ser despedido? Pois.

Resolve o fim de semana All-Star: um concurso novo e/ou um twist no jogo das estrelas.

Novos concursos? Torneios 1×1 e 2×2, concursos de triplos com bolas de ténis ou um jogo entre malta dos analytics e “pure hoopers”. Twist no jogo All-Star? Uma linha de 4 pontos e a obrigatoriedade da equipa que esteja a vencer ao intervalo dar 10 minutos de jogo ao Alex Len durante a segunda parte. Apesar das boas propostas – à atenção do Adam Silver -, nenhuma bate a ideia vencedora do Picho Tenicheiro: “Porrada na piñata”, em que o Trae Young seria a piñata e os gajos que o malhavam, sem venda, eram cinco ou seis adeptos dos Knicks. No jogo All-Star, a equipa que ganhar perde e o dinheiro vai para o tratamento do Trae Young; o que resulta do jogo da piñata e o tratamento capilar.

Que jogadores gostavas de ver à porrada num jogo, mas estilo hóquei no gelo?

Ainda dizem que já não há rivalidades na NBA atual. Ora então, imaginem uma noite de UFC com este cartaz: Joel Embiid vs. Kevin Durant, Steven Adams vs. Grayson Allen (que é, parafraseando o Lucas, aquele “valentão que eu *odiaria* ver levar uma ou duas biscas que o pusessem a dormir”), Marcus Smart vs. Patrick Beverley (para, segundo o António, “reavivar a rivalidade Lakers-Celtics e ver quem flopava primeiro”, James Harden vs. Giannis Antetokounmpo (cinco rondas a pedido do Zé Pedro) e o “Barbas” vs. LeBron James, numa aposta em floppers do pacificador Diogo, num “combate carregado de quase-socos, quase-chapadas, quase-pontapés e quase-dores no corpo todo”. Como é óbvio, e apesar do Quedas insistir que “não há nenhuma outra resposta aceitável que não a de ver o Nikola Jokić a pegar nas cabeças dos irmãos Morris e a batê-las uma na outra, ao bom velho estilo de Bud Spencer” (Google it, putos.), a única resposta possível para combate da noite foi dada pelo Nuno e pelo Costa, e – imagine-se! – envolve colegas de equipa: Chet Holmgren vs. Aleksej Pokuševski.

Que jogador no ativo gostavas que tivesse um podcast, mas sem as caganças do Draymond Green?

Um podcast familiar com Luke e Bill Walton. Giannis, pelo entretenimento. Chris Paul, pela análise aprofundada e genuína do jogo. Malcolm Brogdon, pela figura. Personagens carismáticas como Alex Caruso, Cole Anthony ou Udonis Haslem (o Zé Pedro já tem nome e tudo, para este último: o calor do grelhador. Porque Udonis “tá” no tempero). E porque não o próprio Russell Westbrook a narrar, no fim de cada jogo, o que achou do mesmo, ou o “nosso” Neemias a analisar os jogos de Alex Len? Todas hipóteses interessantes, mas nenhum chega aos calcanhares do podcast “Big guys”, com os anfitriões Steven Adams e Jusuf Nurkić, que falariam das “questiúnculas relacionadas com a sua altura, como dormir com os pés fora da cama, a dificuldade em encontrar sapatos do tamanho certo, e todos os truques para fazer um bom bloqueio directo”. Sim, a proposta é do Nuno. Foi a palavra “questiúnculas” que o denunciou, não foi?

Qual é a tua opinião sobre uma narrativa que, no fim da época, vai levar-te a utilizar o clássico “Eu bem avisei!”?

Num ano que antecede o draft do francês Victor Wembanyama, o Nuno (viste como evitei o termo “unicórnio”?) afirma que “os Jazz não vão ser o tankfest de que se fala e será um darkhorse para uma das equipas mais divertidas da liga”, enquanto o Volta acredita que “o problema de Utah não era o Donovan Mitchell ou o Rudy Gobert. As duas equipas para onde foram vão melhorar, sim, mas vamos ver o começo de novelas tanto em Minnesota como em Cleveland”. Ainda no Oeste, o Diogo avisa que os Los Angeles Clippers não chegam sequer às finais de conferência e o Lucas atira os Minnesota Timberwolves para o topo do Oeste durante a fase regular. Sim, sim, mesmo em 1.º. Virando a Este, o Zé Pedro e o Costa deixam-nos avisos sobre os Nets, dizendo respetivamente que Steve Nash aguenta toda a época e que a equipa de Brooklyn é mesmo candidata. O trio composto por António, Quedas e Picho avisa os adeptos dos Philadelphia 76ers para fazerem gestão das expectativas. O António lembra que “este hype dos Sixers não faz grande sentido e em Maio todos estaremos a dizer «Ah, esquecemo-nos do Doc Rivers»”, o Quedas duvida que James Harden seja capaz de superar os seus fantasmas nos playoffs e o Picho antecipa que “Montrezl Harrell vai de cana, de novo, até ao final da fase regular”. Quem vos avisa…

Uma previsão ousada, mas mesmo muito ousada, para 2022-23?

  • António Dias: Os Detroit Pistons acabam acima dos Chicago Bulls.
  • Diogo Santos: À primeira, o que me surge é alguma coisa relacionada com Zion Williamson. Do género, o rapagão fazer uma época que o colocará em algumas conversas para MVP da temporada.
  • João Costa: Os Bulls falham os playoffs. Ah, querias mesmo ousada? Os Lakers falham os playoffs. Mais ousada? O Jokić é MVP pelo terceiro ano consecutivo.
  • José Pedro Barbosa: Os Lakers vão chegar aos Playoffs. Eu sei que parece irrealista, mas confiem. A sério, acreditem.
  • José Volta Pinto: Os Grizzlies vão precisar de jogar o play-in para chegarem aos Playoffs.
  • Lucas Niven: Quem vai ganhar a Lottery (e escolher o Wemby) será uma equipa que não abraçou o tanking à descarada.
  • Nuno Soares: Mesmo com quatro anos de contracto, o Luka vai começar a mexer os cordelinhos para se pirar de Dallas depois do fim da temporada.
  • Pedro Quedas: O Paolo Banchero é a solução para todos os antigos problemas dos Orlando Magic e, logo na sua época de estreia, vai liderar a equipa de regresso aos playoffs. Ou então eu sou um pouco avesso a “hot takes” e a única solução que tive para responder a esta pergunta foi puxar dos meus galões como fã dos Magic.
  • Picho Tenicheiro: O Luka vai aparecer magro, pela primeira vez, no início de uma época.

Confessem lá. Estas são aquelas respostas que vos vão fazer guardar este artigo nos favoritos e meter um lembrete para apitar em meados de junho, só para irem para as redes sociais apontar o dedo ao pessoal. Como não quero assumir a responsabilidade pelo que cada um disse aqui, deixei a transcrição integral. Sejam criativos e guardem já os insultos nos drafts do Twitter. Eu vou fazer o mesmo.

por RICARDO BRITO REIS [@rbritoreis]

Autor

Ricardo Brito Reis

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