Portugueses na ACB – quem esteve antes de Travante Williams?

por set 23, 2023

A transferência de Travante Williams para a equipa espanhola do Manresa fará do extremo naturalizado o 14.º português a jogar na Liga ACB. Depois de seis temporadas em terras lusas, durante as quais representou a UD Oliveirense e o Sporting CP (conquistando três campeonatos e o carinho dos adeptos portugueses), o extremo de 30 anos natural do Alasca decidiu pegar nas malas e partir para uma aventura no principal escalão espanhol.

Mas… Quem foram os outros 13 portugueses? Vale a pena recordar quem antecedeu WellConnected na maior competição nacional de basquetebol da Europa – um lote que inclui algumas das grandes referências do basquetebol português.

(Antes de mais, uma menção ao livro Os Melhores Anos e ao site Endesa Basket Lover, aos quais recorri várias vezes para completar esta cronologia)

Mike Richmond (Ourense 1997-98; Breogán 1990-00)

Mike Richmond foi o primeiro caso de um português a jogar no primeiro escalão espanhol. E até se estreou primeiro em terras de nuestros hermanos, antes de ser chamado à selecção portuguesa, em 2001.

Richmond jogou três anos em Portugal no início da década de 90 – representou o FC Porto entre 1991 e 1993 e jogou depois pelo Sangalhos –, altura em que se casou com uma portuguesa. Passou pela Liga ACB em duas ocasiões: jogou pelo Ourense em 1997-98, na temporada em que a equipa galega foi despromovida à LEB Oro, e em 1999-00 pelo Breogán, recém-promovido à Liga Espanhola.

“Big Mike” regressou a Portugal depois de vários meses sem jogar. Chegou “muito fora de forma”, dizia em 2002, mas uma passagem pelo segundo escalão permitiu a recuperação dos indícios físicos. O suficiente para ser desafiado a ajudar a selecção nacional na fase de qualificação para o EuroBasket 2003 e para ser contratado aos 37 anos pela mítica Portugal Telecom, onde conquistou um campeonato nacional e a Taça de Portugal em 2001-02, na sua derradeira temporada.

Um final em beleza de uma carreira que começou com uma escolha dos Dallas Mavericks na 3.ª ronda do draft de 1987 (nunca chegou a jogar na NBA) e que passou por ligas secundárias norte-americanas, Suécia, México, França, Estónia, Chile, Alemanha, Grécia e Itália! Continua ligado ao basquetebol, tendo até sido seleccionador nacional da Gâmbia.

Nuno Marçal (Fuenlabrada 1999-00)

A passagem de Nuno Marçal pela Liga ACB contrastou com a sua carreira brilhante em Portugal. O extremo-poste assinou em 1999-00 pelo Fuenlabrada, mas teve muito poucas oportunidades. As estatísticas dão conta de apenas um jogo realizado na liga espanhola: uma derrota do Fuenlabrada em Girona em que foi utilizado 12 minutos, apontando 9 pontos.

Apesar de ter assinado um contrato de dois anos com os espanhóis, acabou por regressar por empréstimo ao FC Porto durante a temporada de 1999-00, sendo depois dispensado pela equipa madrilena. Marçal explicou, numa entrevista ao Porto Canal, anos mais tarde, que foi vítima das circunstâncias, numa disputa entre treinador e direcção: a sua contratação foi feita pelo director-desportivo da equipa, que não consultou o treinador.

O internacional português ainda tentaria nova aventura em Espanha anos mais tarde, mas com passagem pela LEB 1. Mudou-se em 2004-05 para o Murcia, depois de uma temporada na Oliveirense, para uma experiência mais positiva em que rapidamente conquistou os adeptos, que lhe deram a alcunha de “SuperNuno”. Em 2005-06 mudou-se para os andaluzes do Ciudad de Huelva, antes de novo regresso a Portugal. Cá, jogou até aos 85 anos. (Estou a brincar. Ainda só tem 47. Mas a sua carreira profissional começou em 1992 no FC Porto e só terminou em 2018 no Maia Basket, numa época final com médias de 19,5pts e 11,6res!)

Paulo Pinto (Gran Canaria 2000-01)

Paulo Pinto aventurou-se em Espanha aos 26 anos, depois de uma boa campanha europeia pelo FC Porto em que deu nas vistas, numa altura em que já se afirmara como um dos melhores jogadores portugueses da altura. A boa época valeu-lhe a inclusão na lista dos 50 melhores da Europa que puderam então ser votados para participar no jogo Eurostars – um All-Star Game europeu.

O extremo-poste português trocou o FC Porto pelo Gran Canaria na temporada seguinte à aventura falhada de Nuno Marçal. Cumpria um sonho e um objectivo que já tinha referido publicamente anos antes, numa entrevista ao Record em 1997.

A temporada foi positiva, com uma média de 19 minutos em 31 jogos, contribuindo com 5,4 pontos e 2,7 ressaltos. Apesar de existir interesse da equipa espanhola para novo vínculo, o também médico decidiu voltar a Portugal na temporada de 2001-02, para onde veio representar o Aveiro Basket.

Foi nesta temporada de regresso ao basquetebol português que a sua partida prematura chocou o mundo do basquetebol português. Paulo Pinto colapsou em campo durante um desconto de tempo num encontro contra o Benfica. Uma paragem cardíaca tirou-lhe a vida aos 28 anos, com os jornais da altura a apontarem-no como o melhor jogador português da altura.

Sérgio Ramos (Lleida 2001-2005, Fuenlabrada 2005-06)

Chegou à Liga ACB pelo Lleida Bàsquet em 2001-02, um clube catalão então promovido ao principal escalão espanhol. Ajudou a equipa a conseguir um lugar nos playoffs logo nessa primeira época, perdendo na primeira ronda contra o Barcelona (líder da fase regular).

A equipa não conseguiu repetir o feito nas três temporadas seguintes, acabando relegada à LEB Oro em 2004-05. Não obstante, Sérgio Ramos conseguiu ao longo desses anos ganhar espaço no campeonato espanhol como (quase) nenhum outro dos portugueses desta lista.

Jogador completo dos dois lados do campo e bastante polivalente, somou mais de uma centena de jogos na ACB, afirmando-se como um dos melhores extremos da liga, com exibições que lhe valeram prémios de jogador da semana e do mês e o respeito dos adeptos espanhóis. Nos quatro anos no Lleida, subiu na hierarquia até se tornar num dos capitães.

O destaque que Sérgio Ramos é claro a apontar a sua melhor exibição na melhor liga nacional europeia: uma partida do Lleida frente ao Gijon, ainda na temporada 2001-02, em que o extremo marcou 36 pontos (7-8 3pt), 23 dos quais no primeiro período (5 em 5 de três pontos).

Na temporada de 2005-06, Sérgio Ramos continuaria na ACB, trocando o Lleida pelo recém-promovido Fuenlabrada. No entanto, uma série de lesões nos joelhos interromperam a melhor fase da carreira do internacional português. Esteve dois anos sem jogar, com duas operações ao ligamento cruzado anterior pelo meio.

Regressou ao Benfica em 2008-09, depois de também passar por dois clubes da segunda divisão espanhola. Ajudou o clube a voltar às conquistas nacionais, e acabou por terminar a carreira no Atlético. E por Portugal esteve, é claro, nos pontos altos das selecções – fez parte da equipa que disputou o EuroBasket 2007 e mais tarde, já como técnico (adjunto), esteve na conquista do Europeu B de Sub-20, em Matosinhos.

Matt Nover (Murcia 2003-04)

Matt Nover, natural de Chesterton, Indiana, seis anos depois de jogar pela primeira vez em Portugal, vindo de uma época em Itália e de outra na Suíça. Entrou na liga portuguesa pelo Illiabum, onde ficou apenas uma temporada antes de passar por Porto Rico, Austrália e Japão, regressando a Portugal em 2000-01 para representar o Benfica.

O poste foi um norte-americano que se apaixonou pelo país antes de ser cool. Em 2001-02, mudou-se para o Aveiro Basket, sendo nesta altura que manifesta a vontade de se naturalizar, acabando por representar a selecção nacional. Considerava Portugal “uma segunda casa”.

A aventura na liga ACB foi curta. Aconteceu em Murcia, em 2003-04, disputou 14 jogos numa equipa que ajudou a subir ao principal campeonato espanhol, com a conquista da LEB Oro em 2002-03. Não conseguiu ajustar-se à subida de nível e acabou por ser dispensado, regressando a Portugal e ao distrito de Aveiro para representar a Ovarense.

A sua passagem por Espanha pode não ser memorável, mas Matt Nover pode dizer que é o único desta lista com uma página no site do IMDB. Pois é. Há quem possa não se lembrar do Matt Nover jogador, mas conhecê-lo do filme Blue Chips, no qual que contracena com com… Shaquille O’Neal e Penny Hardaway! E com um papel bastante relevante no filme.

A sua ligação a Shaq é até anterior. Matt Nover jogou basquetebol universitário nos Indiana Hoosiers. No torneio de 1992, cruzou-se na segunda ronda com a LSU que contava com o futuro MVP e campeão da NBA. Nover era o poste titular e foi o adversário directo de Shaq em campo. O Diesel dominou – 36 pontos e 12 ressaltos (com 12/12 de lance livre!) – mas foi Matt Nover a sair por cima. A carreira universitária de Shaq terminou às mãos de Matt Nover e os Hoosiers chegaram nesse ano à Final Four do torneio.

João Santos (Valladolid 2004-2008)

Acima escrevi que Sérgio Ramos ganhou espaço no campeonato espanhol como (quase) nenhum outro português. João Santos é a razão do “quase”. O extremo-poste lisboeta pode não ter alcançado um nível de jogo tão alto quanto o de Sérgio Ramos, mas é até à data o português com mais jogos no principal campeonato europeu: 128 partidas, das quais 46 a titular em quatro anos ao serviço do Valladolid.

A chegada à ACB acontece em 2004, com 26 anos, depois de dois anos a muito bom nível no Queluz e de uma aventura na Grécia. Isto depois de se ter estreado como profissional em 1997 na Portugal Telecom antes de partir para a NCAA, onde estudou e jogou quatro anos nos Nevada Wolf Pack.

Como os números revelam, João Santos foi maioritariamente como uma arma de tiro exterior a vinda do banco. Conseguiu médias de 5,1 pontos e 1,9 ressaltos na sua passagem, com 38% de lançamento de três pontos em quase três tentativas por jogo.

O Valladolid desce de divisão em 2008, a “pior situação” que viveu na carreira – e logo depois de um Verão em que teve um papel decisivo no 9.º lugar de Portugal no EuroBasket 2007. João Santos queria continuar em Espanha, mas não surgiu uma proposta que o satisfizesse. Acabou assim por regressar a Portugal, onde representou Benfica, FC Porto e Física antes de terminar a carreira no Algés.

José Almeida (Valladolid 2005-06), Cláudio Fonseca e Fábio Lima (Valencia 2007-08)

José Almeida, Cláudio Fonseca e Fábio Lima são três casos distintos dos restantes desta lista. A oportunidade de jogar na ACB surgiu bem cedo nas carreiras, com os três a serem vistos como jogadores jovens com potencial para atingirem bons níveis. Todos chegaram a Espanha com menos de 20 anos, disputando partidas nas equipas satélite ou nos campeonatos de formação ao longo das curtas passagens que registaram.

Fábio Lima e Cláudio Fonseca são bem conhecidos do público – internacionais sénior com vários títulos no panorama nacional. Estrearam-se na liga ACB no Pamesa Valencia, em 2007-08. Com 19 e 18 anos, respectivamente, jogaram maioritariamente no circuito sub-20 espanhol, não tendo espaço na equipa principal. Cláudio Fonseca foi chamado a jogar em quatro partidas, acumulando apenas sete minutos; Fábio Lima somou quatro minutos em dois jogos. Ambos tiveram outras aventuras no basquetebol espanhol, sempre em divisões inferiores.

José Almeida participou em três partidas do Valladolid (de João Santos) em 2005-06. Uma experiência breve, de apenas 31 segundos de jogo (mas com dois pontos!), mas que o jogador internacional sub-20 guarda com carinho nas suas memórias, dizia em 2006 ao site Endesa Basket Lover. Tal como Fábio Lima e Cláudio Fonseca, a passagem por Espanha deu-se maioritariamente no circuito sub-20, tendo ainda jogado pelo Maristas, equipa-satélite do Valladolid que actuava numa divisão inferior.

Regressou a Portugal para jogar pelo FC Porto, a equipa de formação, numa altura em que conciliava o basquetebol com os estudos – antes de Espanha, chegou a estar um ano na Universidade de Winchenton. Deu prioridade à parte académica e acabou por fazer a maior parte da sua carreira sénior no Guifões, onde colocou um ponto final à carreira em 2016.

Heshimu Evans (León 2007-08)

O primeiro jogador (e talvez único?) a vencer o campeonato nacional por quatro equipas diferentes (PT Telecom, FC Porto, Ovarense e Benfica) começou a aventura em Espanha no Zaragoza, em 2006-07. A equipa acabou por não conseguir subir nesse ano à ACB (ficou em terceiro, subindo na época seguinte), mas Heshimu fez o suficiente para atrair a atenção do CB Léon.

Heshimu Evans, campeão da NCAA pelos Wildcats em 1998, era um extremo muito forte dos dois lados do campo. A sua inteligência, aliada a uma constituição física bem acima da média, permitiram uma adaptação imediata ao nível ACB. Teve uma época sólida no principal campeonato europeu – 33 jogos, com médias de 7,2pts, 3,5res e 1,2asts em cerca de 21 minutos. Não conseguiu, no entanto, evitar a despromoção – o Endesa Basket Lover refere que a temporada de Heshimu Evans foi “do pouco que se salvou” dessa temporada do Léon.

Depois dessa aventura, Heshimu regressou a Portugal para representar o Benfica. Pediu a nacionalidade portuguesa em 2010, ano em que também se estreou pela selecção nacional.

Carlos Andrade (Bruesa 2008-09)

Carlos Andrade contribuiu para subida do Bruesa à liga ACB, em 2007-08, e manteve-se no plantel da equipa basca na divisão principal. O internacional português natural de Cabo Verde chegou a Espanha com um currículo já vasto com passagens pela PT Telecom, pelo basquetebol universitário norte-americano (Queens Royals), FC Porto, Queluz, e Benfica – e uma temporada na liga alemã. (Curiosidade: Carlos Andrade e João Santos jogaram juntos muito tempo, desde o escalão de Iniciados no Maria Pia!)

A passagem do jogador por San Sebastián terminou ao fim dessa época de ACB. A sua importância diminuiu um pouco, mas foi ainda assim utilizado em 26 partidas. Num papel com mais pendor defensivo, uma das muitas mais-valias de um jogo muito completo, teve médias de 2,7pts em cerca de oito minutos por jogo.

Carlos Andrade acabou por regressar a Portugal em 2009-10. Apesar de insatisfeito com o tempo de jogo, manifestou na altura o desejo de permanecer em Espanha, mas acabou por voltar ao FC Porto, representando mais tarde o Benfica. Ao longo da carreira, acumulou uma quantidade impressionante de títulos – vários jogadores desta lista somaram vários troféus nacionais, mas poucos somam seis campeonatos, oito Taças de Portugal, oito Taças da Liga e nove Supertaças.

Sasa Borovnjak (Gran Canaria 2013-14)

O poste natural da Sérvia jogou na ACB dois anos antes de se mudar para Portugal, onde começou no Lusitânia (2015-16) e assentou no FC Porto (2016-20).

A passagem de Sasa pela ACB deu-se logo após a conclusão do seu percurso universitário nos Estados Unidos. Depois de quatro anos nos Penn State Nittany Lions, aventurou-se em 2013-14 no arquipélago das Canárias, onde 14 anos antes Paulo Pinto tinha marcado passagem. Dois anos antes, passara por lá o seu irmão Dejan Borovnjak, que sempre jogou a um nível mais elevado (jogador de Euroliga, foi duas vezes campeão adriático e sérvio ao serviço do Partizan e uma vez campeão turco pelo Bursaspor).

Sasa tinha 24 anos e nenhuma experiência profissional quando chegou ao Ikaros da Grécia. E terminou essa temporada num Gran Canaria competitivo que terminou a fase regular no 5.º lugar. Não teve muito espaço: entrou em apenas oito jogos, com percentagens modestas de 1,5 pontos e 1,4 ressaltos em cerca de seis minutos.

O poste acabaria por chegar a Portugal depois de uma passagem pela LEB Plata. Depois de cinco anos em Portugal e da naturalização, voltou a Espanha, para representar o Palencia. Na última temporada, esteve no Lucentum Alicante, da LEB Oro, depois de uma breve passagem por França.

João “Betinho” Gomes (Andorra 2014-15 e 2015-16)

Terminamos esta lista em grande, com o único destes 13 jogadores que participou num Mundial de basquetebol. Foi por Cabo Verde, nesta edição de 2023, 16 anos depois de ter jogado no EuroBasket 2007 por Portugal. Só um resumo do percurso profissional de João “Betinho” Gomes dava um texto isolado. (Um livro!)

Jogar na ACB foi um sonho que demorou a ser cumprido, mas que valeu a pena. A primeira aventura em Espanha foi em 2007-08. Saiu do Barreirense, sua casa da formação, e lá ficou quatro anos, um no Cantabria Lobos e três nos galegos do Bréogan.

Na passagem pela Galiza, nunca esteve muito longe dos lugares de subida, mas tal acabou por nunca acontecer. Somou 139 jogos, com 9,1pts e 4,8res em 25 minutos.

Regressou a Portugal para três épocas no Benfica, até surgir a oportunidade por que tanto trabalhou e esperou: aos 29 anos, mudou-se para o recém-promovido BC Andorra.

“Um pouco inconsistente no lançamento, era uma peça importante para o que qualquer treinador pedia: intenso na defesa e pouco agressivo no ataque, procurando muitas vezes romper a defesa com penetrações”, recordava em 2022 o Endesa Basket Lover sobre a passagem pela Liga ACB.

Em duas épocas ao serviço da equipa dos Pirinéus, nunca falhou um jogo: 68 partidas com produção semelhante à que tem dado ao longo de toda a carreira: 8,8pts e 4,7res em 26 minutos por jogo. Antes de regressar a Portugal, ainda jogou ao mais alto nível europeu durante três anos em Itália, no Trento Basket, onde foi influente em duas idas à final da liga italiana.

2019 foi ano de regresso ao Benfica, depois de cinco anos ao mais alto nível nos campeonatos europeus – para um capítulo da carreira que continua até ao presente. Aos 38 anos, continua a ser um dos jogadores mais influentes e acaba de coroar uma carreira brilhante com a histórica participação de Cabo Verde no Campeonato do Mundo de basquetebol.

por JOSÉ VOLTA E PINTO [@zevolta97]

Autor

José Volta e Pinto

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