Scouting report: Paolo Banchero

por jan 27, 2022

ANÁLISE RESUMIDA, ou algo para ler numa curta viagem de Metro

Dados Biográficos

  • Pronuncia-se Ban-quero, não Ban-txe-ro, capisce?;
  • Tem ascendência italiana, tendo-se tornado recentemente elegível para jogar pelos Gli Azzurri;
  • A sua mãe, Rhonda, foi basquetebolista profissional, tendo tido uma breve passagem na WNBA;
  • Jogou três anos por O’Dea High School, onde conquistou múltiplos campeonatos estatais;
  • Chegou a fazer parte da equipa de futebol americano do mesmo liceu;
  • Jogou no circuito AAU pelas equipas de Seattle Rotary e BFL Prep (ano sénior);
  • Vencedor dos prémios Washington Gatorade Player of the Year2020 e MaxPreps Junior of the Year 2020. McDonald’s All-American e Jordan Brand All-American em 2021;
  • Recruta #2 da classe HS de 2021 para os sites Rivals.com e 247Sports.com, #4 para a ESPN100.

Estatísticas de Jogo

Papel Ofensivo:

  • Extremo-poste moderno que combina força e agilidade com um pacote ofensivo completo. Consegue punir jogadores mais baixos no pintado, mas brilha no face up game no poste alto, onde mete a bola no chão para chegar ao aro ou disparar de mid range. Passador capaz que precisa de executar mais rápido e com mais precisão para tomar proveito da sua criação de vantagens. Bons indicadores de lançamento, deverá ser capaz de providenciar espaçamento de 3, em situações de catch&shoot.

Papel Defensivo:

  • True 4, que deverá ver poucos minutos como small ball 5. Comunica, mostra instintos de ajuda e usa a verticalidade para proteger o aro, mas que não tem o tamanho e envergadura para oferecer uma protecção de cesto mais constante à equipa. Jack of all trades – Compacto o suficiente para defender alguns post ups, fluido qb a conter penetração (de jogadores menos explosivos). Mostra saber como se posicionar a defender P&R em coberturas mais conservadoras.

Em que equipas faz sentido?

Para mim, há uma resposta muito óbvia na lottery – Os Orlando Magic. A equipa da Florida anda, há anos, à procura de alguém que consiga enlombar com o ataque e, do top-3, Banchero é aquele que está mais bem equipado para ser um criador ofensivo, seja no poste alto, baixo, ou até no 1v1 a partir do drible. Franz Wagner tem-se mostrado mais do que um second side creator e Cole Anthony é um shotmaker talentoso, mas o encaixe não é problemático e os Magic precisam de todo o talento ofensivo que consiga acumular. Esta seria uma aposta nesse sentido. Na mesma linha de raciocínio, OKC, SAS, ou até POR (caso lá venha um rebuild) podiam ser opções. HOU, com a aposta em Sengun, e NOP, com Zion, não seriam os melhores destinos em termos de encaixe.

ANÁLISE DETALHADA, ou algo para ler entre o Anna Karenina e os 100 Anos de Solidão

Atletismo

Atleta mais do que respeitável, com um boa combinação de agilidade e força bruta.

Escrutinando as medidas – altura prototípica para a posição de 4, com ombros largos e com uma boa quantidade de músculo, tanto nos braços como nas pernas. O seu tronco compacto e baixo centro de gravidade permitem-lhe transformar-se numa bola de demolição em court, conseguindo facilmente mover jogadores da sua posição original. A envergadura, porém, não é a mais desejável para alguém que joga no interior e isso limita-o defensivamente (posteriormente tocarei nesse ponto).

É veloz a correr em linha recta (com e sem bola), ainda que não tenha uma velocidade de ponta ou aceleração estratosféricas. Bastante fluido a mover-se lateralmente, mas não é especialmente ágil quando se vê obrigado a trocar de direcção.

Não sendo um Jumpman, tem um bom poder de impulsão, sendo respeitável a subir na passada a partir do pé direito e, especialmente, a explodir a partir dos dois pés. Em nenhum dos casos demora muito a sair do chão e tem um bom segundo salto, mas é preciso notar que perde alguma mostarda quando tem de saltar no meio do trânsito, ao contrário do que acontece com mais espaço.

Criação ofensiva

Vou dividir esta secção em vários tópicos – Poste baixo, poste alto e perímetro, começando do mais perto para o mais longe do cesto.

No poste baixo, Banchero beneficia de frequente vantagem física contra o seu defensor directo, muitas vezes 3s e 4s invariavelmente menores, recebendo e usando pound dribbles para ir empurrando e finalizar com baby hooks, layups simples ou afundanços. É super ágil e violento em áreas curtas, com um incrível trabalho de pés, que lhe permite sacar de shot fakes, step throughs, ou do seu favorito spin move (geralmente da direita para a esquerda), deixando o seu homem a comer pó.

É alguém que oferece linhas de passe para o interior com imensa facilidade, iniciando post up seja a sair de um P&R, de um cross screen, ou apenas espontaneamente, mas nem sempre é insistente o suficiente a cavar posição no poste baixo, ficando a ideia de que podia potenciar mais a vantagem física que possui.

No poste alto é onde reside o dinheiro com Paolo, e onde ele se sente mais à vontade. Trata-se de um verdadeiro criador de desequilíbrios a partir do elbow, short corner, ou qualquer outra zona intermédia. Aqui, a sua técnica apurada acompanha força e agilidade, gostando de receber e imediatamente usar o pé pivot (qualquer dos dois) e encarar o cesto. Usa e abusa da posição de ameaça tripla, recorrendo a jab steps/fintas de corpo para deixar o seu homem em desequilíbrio, metendo de seguida a bola no chão, atropelando-o em linha recta até ao cesto, puxando de um spin move ou subindo para um pull up jumper. Aqui, mais uma vez, o seu belo trabalho de pés oferece-lhe uma boa caixa de ferramentas de counters quando a primeira acção não funciona.

O italo-americano já tem no bolso aqueles movimentos de sacanço de faltas da treta, trazendo a bola de baixo para cima e provocando o contacto com os braços do defensor. Isso, aliado à sua frequente procura do garrafão, resulta num free throw rate respeitável (42.7), que vai contribuir para a sua eficiência ofensiva (59.3% de True Shooting).

Há alguns pontos negativos a considerar. À cabeça, Banchero tem obvias tendências de buraco negro, recebendo e perdendo-se em hesitações com a bola, prejudicando o ritmo do ataque. Inclusive, o extremo-poste tem tido alguma dificuldade em processar double teams com suficiente celeridade, levando a tolos turnovers. Ficando a nota, é preciso dizer que, desde que a ACC começou, Paolo tem vindo a agir de forma mais decisiva, o que, NO SHIT, o tem favorecido a ele e aos Blue Devils.

Para terminar, vamos olhar para a sua criação a partir do perímetro.

No 1v1, Banchero não é incrivelmente criativo com o drible, não dança muito a partir de uma posição parada, nem tem um vertiginoso burst quando ataca, mas combina um stutter rip com uma primeira e segunda passada larga/forte, drible baixo e compacto, conseguindo gerar potencia em linha recta.

Depois mostra um ou outro move mais avançado – Tem um crossover entre as pernas, esquerda-direita, que gera violentos desequilíbrios, e tem um drible por detrás das costas, ideal para desacelerar e subir para um jumper intermédio.

Dito isto, é preciso notar que Banchero é muito mais confortável a atacar pela direita, apresentando um drible meio trolaró com a esquerda, o que, na maioria das vezes, resulta numa criação de espaço ineficiente. É algo que precisa de trabalho e que se nota tanto a partir do perímetro como no interior ou a finalizar.

Lançamento

Não sendo um produto finalizado, é um lançador competente, com versatilidade e mecânica ‘limpa’.

Começando pelas percentagens, Paolo está a lançar 33,9% em 59 3FGA (90% assistido), 41.5% em 82 FGA de 2 fora do garrafão (23.5% assistido) e 75.5% em 102 FTA. Não são percentagens que nos deixem a sonhar, e o volume também não é muito alto (24.7 3PT Rate), mas são encorajadoras o suficiente para quem trazia do HS o lançamento como um possível problema. Duvido que vá ser um volume shooter, mas vai puxar um closeout quando não tiver a bola. Isso é o que interessa – oferecer espaçamento.

A mecânica é repetível e compacta. Os pés estão enquadrados com o cesto, a transferência de energia baixo-cima é adequada, assim como o release, follow through e trajectória da bola. Parece ser um ‘one-two shot’ e Banchero traz a bola ao nível da cintura antes de subir, o que lhe limita um pouco a velocidade de release, mas não acho que vá ser um problema. TLDR: É sólido.

Em termos de versatilidade no tiro, Banchero parece confortável a receber e disparar a partir do C&S, e até competente a sair de um bloqueio, mas o mais entusiasmante é vê-lo a puxar de pull up jumpers a meia distancia, ou até sacar um stepside 3 da cartola quando joga no 1v1. É algo que lhe pode abrir muitas avenidas de autocriação ofensiva.

Apesar da avaliação ser positiva com ele, há um ponto negativo a notar – os falhanços. Banchero tem tentativas falhadas, quase todas de 3, que um dia são airball, outro dia partem a tabela em mil estilhaços. Não deixo de acreditar no J, mas acho que deve fazer parte da avaliação: os falhanços são sem espinhas!

QI e selecção de lançamento

É um jogador inteligente, em ambos os lados do campo, mas parece ter regredido a processar o ataque desde os seus dias de HS.

O perfil de lançamento de Banchero não é muito ‘analytic-friendly’, claro que ele podia procurar (ainda) mais o garrafão e linha de lance livre, como também podia evitar lançar long 2s com o pé quase na linha, mas o italo-americano é #MONEEY no jogo intermédio e considero contraproducente alguém tentar forçar um disco de Moreyball.

Os meus problemas não têm tanto a ver com o midrange, ou com falta de agressão na procura do seu próprio tiro, mas mais com uma tendência para se ficar por lançamentos desnecessariamente difíceis – não presta suficiente atenção a possíveis mismatches, ficando-se por jumpers de meia distância por cima de jogadores 15kg mais leves ou com a ajuda pendurada em cima dele.

Passe

Bom passador que desiludiu no início da temporada e tem vindo a crescer com o decorrer dos jogos, mostrando potencial a passar a partir de múltiplas acções.

Irei começar com técnica. Especialmente transição, tem momentos especiais, sendo capaz de carregar a bola em open court e passar a partir do drible vivo, com apenas uma das mãos, colocando a bola com força e precisão. Tem até alguns touchdown passes à lá Kevin Love.

Estranhamente, tem claros problemas de colocação de bola a passar no meio-campo ofensivo, sendo que isto se nota muito bem em acções de poste alto – poste baixo com Mark Williams, o 5 atlético de Duke. Mete demasiada força nesses passes balão, causando alguns turnovers. Existem certas alturas onde se inibe de tentar sequer o passe, demonstrando falta de confiança. Tem de melhorar para desbloquear o seu jogo ofensivo com outro big.

Ainda assim, a visão e entendimento de jogo foi onde começou por desiludir mais. Iniciou a temporada sem ver o passe simples (ou vendo tarde demais) quando era double teamed, parava o fluxo ofensivo em vez de manter a bola a roda, mesmo quando enquadrado com o cesto. Em O’Dea era um belíssimo passador, será que o COVID lhe estagnou o crescimento?

A coisa mudou mais recentemente (6 assistências nos primeiros 5 jogos da temporada vs. 20 nos últimos 5) e, não sendo um passador preditivo ou manipulador, cada vez mais entende a sua gravidade como scorer e de que maneira a usar para descortinar colegas. Faz os drive and kicks como aparece nos livros, agarra-se menos à bola e, especialmente como homem a atacar o meio de uma zona 2-3, consegue usar o seu face up game para atrair o big e encontrar alguém a cortar na linha de fundo, ou simplesmente a pairar no dunker spot.

Melhor, não tendo liberdade para correr muito P&R como ballhandler ou jogar como playmaker no short roll *cough Coach K cough*, há flashes de criação aqui ou ali, seja a encontrar o simples pocket pass para Mark Williams, ou até a tentar o passe ambicioso para o corner 3 oposto, como no último clip abaixo. Foi parar às couves (again, mete muita força nos passes), mas o processo está a aparecer.

No geral, comecei a temporada muito desapontado, mas há ali coisa boa a aparecer outra vez.

Finalização

Bom finalizador à volta de aro, que mesmo com uma mão esquerda mais débil, está a produzir bons números no pintado.

As percentagens interiores são bastante boas – 69.4% em 98 tentativas, sendo que apenas 55.9% são assistidas, e indicadoras da boa técnica com a mão direita, seja em simples layups, ganchos ou pequenos floaters, com um bom poder de impulsão a partir dos dois pés. Para além disso, não é facilmente deslocado da sua posição e consegue finalizar após absorver contacto.

Já falei acima, mas volto a sublinhar que Banchero tem uma clara preferência para atacar e finalizar pela direita, por vezes assumindo ângulos estranhos para evitar terminar simples bandejas com a esquerda. O facto de estar com uma bela conversão no pintado, mesmo com esta debilidade, augura a seu favor, mas vai precisar de trabalhar neste desconforto, porque precisa de todas as vantagens possíveis na NBA.

Finalizando com outro positivo, Banchero é muito insistente a limpar sobras à volta do cesto, ficando em cima da jogada e frequentemente ganhando ressaltos ofensivos dos seus próprios falhanços, ou dando aquela tapinha lá para dentro quando a bola fica irresoluta às voltas no metal.

Ataque sem bola

Criei este capítulo para fazer um pijaminha em relação a várias vertentes do que implica ser um big moderno sem bola no ataque – pick and roll e pick and pop, fazer bons bloqueios, ser uma ameaça no dunker spot, lançar no catch and shoot, enfim, o chamado pout-pourri.

Vou começar no P&R, por ser o bread and butter do basquetebol moderno. Não me focarei no Paolo como ballhandler, já toquei nisso, mas sim como o big.

O P&R é toda uma área que está por explorar com Banchero. Não há como negar o sucesso de Coach K como líder e produtor de vitórias, mas também é claro que o seu estilo de jogo nem sempre coloca os prospects num ambiente esquemático que se assemelhe ao da NBA. Aqui não é diferente – Banchero tem sido usado aqui e ali no P&R (ou em horns), mas grande parte das vezes para fazer ghost/brush screens e rollar curto para se instalar no poste alto. Não há muito exemplos de simples bloqueio e corte, e é uma pena, porque Banchero tem estrutura física para fazer bons bloqueios (largo, pernas fortes), e gravidade suficiente para puxar ajudas como roller. Dados os seus hábitos de ball stopper, é possível que isto seja tão culpa do esquema como de si próprio, mas de qualquer maneira, vai ter de se habituar a TAMBÉM ser uma simples peça no esquema.

Nunca será um puro rim runner, ao jeito de um DeAndre Jordan, mas tem tanta habilidade no jogo intermédio, que pode vir a beneficiar imenso de sair do bloqueio e se comprometer com o mergulho para o cesto, recebendo a bola contra uma defesa já inclinada, seja para criar para si ou para os seus colegas, como passador no short roll.

Paolo tem sido mais usado no P&P em Duke, usando esta acção para receber e ter espaço para jogar 1v1 contra o seu homem no exterior. Nesta acção em particular, tem tido bastante sucesso, mas, de novo, ainda tem hábito de receber e brincar com a posição de ameaça tripla durante 2-3 segundos. Na NBA, vai ter de se aperceber que há momentos onde tem de disparar imediatamente a bola, assim que abre e recebe.

O seu sucesso no C&S estará intimamente colado às suas percentagens exteriores, que já mencionei acima. Como disse, acredito que é alguém que vai saber funcionar como atirador estacionário e oferecer suficiente espaçamento quando tiver de arrumar num canto, por exemplo. A crítica que lhe posso fazer é, mais uma vez, não perder tempo com a bola. Dito isto, um ‘mais’ no jogo sem bola do italo-americano é que demonstra alguma inteligente movimentação, e isto é tanto verdade no C&S como no interior, pairando no dunker spot e oferecendo uma linha de passe quando a penetração com bola cria desequilíbrio.

Ressalto

Posicionalmente falando, é um ressaltador competente, ainda que tenha o ocasional brainfart a selar o ressalto.

Começando pelos números –21.1 de D Reb%, 5.7 de OReb%. Nada escandalosamente bom, nada escandalosamente mau.

Beneficia de boas ferramentas naturais para agarrar a bola na tabela defensiva, muitas das quais já falei atrás – força, mãos seguras, boa verticalidade no salto. Ainda assim, não é suficientemente disciplinado a fazer o boxout, não sendo raro vê-lo a meter apenas meio corpo no seu homem, ou a ficar a ver a trajectória da bola no ar enquanto se esquece de selar a sua própria tabela. Precisa de mais atenção.

Na tabela ofensiva, é uma ameaça. Beneficia da mesma força e agilidade, adicionando-lhe um forte motor, nunca desistindo da jogada.

Defesa individual

Tal como fiz anteriormente, vou dividir em pequenos subcapítulos.

Primeiro, como tem estado a defender o P&R? Decentemente.

Banchero é muito mais usado como um dos defensores nos cantos, com alguma liberdade para viajar e ajudar na protecção de cesto (acredito que vá ser semelhante na NBA), mais do que o big a defender o P&R, mas tem tido uma mistura de bom e mau quando é chamado a cumprir a tarefa.

Em coberturas P&R mais conservadoras (deep drop, quase sempre), mostra decente sentido posicional, não cai em fakes, não faz muitas faltas (2.4 faltas por 40 minutos), utiliza bem as mãos e mantem boa postura. Já quando tem de vir defender mais perto do nível do bloqueio, porem, existem falhas – a postura é muito mais relaxada/vertical, obrigando o defensor do portador a trabalhar extra para passar por cima do bloqueio, ou simplesmente oferecendo uma linha de penetração directa ao cesto.

Quando tem de trocar no bloqueio, os resultados também não são desastrosos. Vai ter alguns problemas se for caçado por portadores mais explosivos, tipo Ja Morant, mas a sua boa combinação de estrutura, força e lateralidade dão-lhe uma polivalência basal para ficar a frente de power wings ou defender o big no pintado.

Vou falar um pouco de defesa no poste baixo, mas muito pouquito. Não creio que vá ter essa tarefa, para mim Banchero é um 4 puro, pode vir a ser chamado a vestir o facto de macaco, mas não com grande frequência. Dito isto, sou da opinião de que é um bom post defender, posicionalmente falando. É largo, mantem as base larga, o tronco vertical e não é movido da sua posição com facilidade.

Por fim, vou falar de defesa individual no perímetro. Na mesma linha, tem uma combinação de fundamentos e ferramentas físicas para se bater contra criação individual de wings fortes e bigs menores. Alguém que não será explorado, mas também não será um ponto forte.

Tem uma boa postura e é concentrado no 1v1, conseguindo deslizar lateralmente e conter penetração em linha recta, não cedendo posição. Quando consegue evitar que o portador ganhe vantagem, tenta mandar patadas na bola, para tirar o atacante do ritmo, ou sacar um roubo. Em contrapartida, não tem reflexos ágeis a mudar de direcção e nota-se que tem alguma dificuldade em rodar as ancas e conter.

Má navegação de bloqueios no perímetro, tem de tomar melhores ângulos para não esbarrar contra o bloqueio, e fazer o esforço a perseguir o seu homem e recuperar.

Defesa colectiva e protecção de cesto

Defensor colectivo competente, relativamente produtivo na criação de desarmes (2.9 Blk%) e roubos de bola (2.1 Stl%), mas que não pode ser mais do que um protector de cesto secundário.

A defender o perímetro, não está frequentemente mal posicionado, é comunicativo com os colegas, apontando para trocas. Faz boas rotações a partir da wing, muitas vezes usando as duas mãos para interferir com o drible do portador. Também ajuda em post ups, surgindo para double teams vindo do canto. É activo nas linhas de passe, e tem tendência de meter a mão para sacar o roubo e levar a bola de uma ponta à outra.

No geral, os closeout também são aceitáveis, mas Banchero tem o seu lapso mental aqui e ali, por vezes ficando a olhar para a bola e deixando o seu homem fugir para marcar fácil. Tem de ser consistente – joga numa posição interior e não tem a dádiva divina de ser imensamente longo ou de ir de A -> B com muita velocidade, coisas que lhe davam margem de manobra para jogar no erro.

Em relação à protecção de cesto, o italo-americano tem sido sólido, sofrendo do ocasional bluescreen que acabei de descrever, mas mostrando momentos positivos como big único no meio do garrafão, ou como help defender, a vir dos cantos.

A sua melhor habilidade aqui, é a sua capacidade de se manter disciplinado com a sua postura a contestar o lançamento, mantendo-se vertical, usando o peito e não os braços para iniciar contacto. Dá o corpo ao manifesto, por vezes encarnando no Marcus Smart para levar com uma charge na boca.

PORÉM, e o MAIS IMPORTANTE, é que Banchero não vai poder ser um protector de cesto primário. É um 4, e volto a frisar que não tem altura, não tem envergadura para ter aquele factor intimidação que assusta as drives. E também não é TÃO bom defensor colectivo para suprir estas falhas.

Ponto final, parágrafo

Depois de um 2021 onde, desde cedo, Cade Cunningham se agarrou à posição #1, temos um 2022 mais em aberto e (sejamos sinceros, não tem mal dizer), mais fraco.

Existem argumentos para colocar qualquer um dos 3 – Jabari Smith, Chet Holmgren ou Paolo Banchero, na primeira posição, dependendo daquilo que são as necessidades das equipas, bem como a filosofia e prioridades dos avaliadores de talento. E numa classe onde os outros candidatos têm um perfil mais adequado para serem peças secundárias (protecção de cesto de Chet, tiro exterior de Jabari), a justa contrapartida é se Banchero tem de ser um dominador de bola, se vai justificar sê-lo, e se não, se também oferece valor com menos usage, coisa com a qual estou em paz.

Há uns meses fiz uma lista dos 10 melhores jovens da NBA, onde escrevi, precisamente, sobre prioridades a avaliar talento. Na altura escrevi isto: ‘Na NBA de hoje, há algo que valorizo acima de tudo — criação de ataque eficiente a partir do perímetro, para mim e para a minha equipa. No fundo, é um agregado de habilidades — capacidade de gerar vantagens no 1v1 e no P&R é crucial, conseguir chegar ao cesto e à linha de LL também, da mesma maneira que é muito importante concretizar jumpers a partir do próprio drible, em todos os níveis do court’. Paolo Banchero, de grosso modo, é quem melhor incorpora este pedaço de texto, e como tal, é o meu #1 da classe. Não definitiva e incondicionalmente, mas é.

Paolo é também quem possui o tecto ofensivo mais apetecível, as avenidas mais claras para crescer como criador individual – o corpo ainda tem espaço para se tornar uma ferramenta mais poderosa (estilo Julius Randle), o processamento de jogo/tomada de decisão continua a melhorar a cada jogo, e os indicadores de lançamento exterior também apontam para cima. Vai ser uma luta até ao fim, mas a apresentação ao favorito está feita!

por NUNO SOARES [@NunoRSoares]

Autor

Nuno Soares

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